Indiciado em inquérito pela Polícia Federal,
ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) luta para se manter candidato a
governador de Minas Gerais; há 18 partidos em sua coligação, costurada
pelo presidenciável Aécio Neves; troca de Pimenta, desgastado por
suposto recebimento de R$ 300 mil de publicitário Marcos Valério,
significaria desmonte do arranjo; receio dos tucanos é que PSB de
Eduardo Campos seja o primeiro a pular fora; ex-ministra Marina Silva
alertou que não queria aliança; problemas ajudam ex-ministro Fernando
Pimentel, do PT; presidente Dilma Rousseff tem privilegiado Minas e sai
ganhando com chacoalhada no berço tucano; Aécio planeja ter vantagem de 4
milhões de votos sobre ela no Estado; meta é factível com Pimenta
fragilizado?
247 – Está em todos os planos de voo da
candidatura Aécio Neves à Presidência da República a meta de extrair, na
sua Minas Gerais natal, uma diferença de 4 milhões de votos sobre a
candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. A vantagem será a
condição necessária, segundo os estrategistas de Aécio, para equilibrar
as perdas que ele poderá sofrer no Nordeste. A disputa, então, seria
resolvida no Rio e em São Paulo, os dois estados mais populosos, nos
quais o tucano poderia, no mínimo, rachar o eleitorado com Dilma.
O que não fazia parte das projeções do PSDB era que o candidato
escolhido para sustentar o nome de Aécio na condição de candidato a
governador tivesse um problema – e considerado grave o suficiente para a
cogitação até mesmo de uma troca de nome.
O ex-ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique, Pimenta
da Veiga, foi citado em inqúerito da Polícia Federal como tendo recebido
R$ 300 mil do publicitário Marcos Valério. O processo irá correr em
paralelo à campanha eleitoral. O que os tucanos temem, naturalmente, é o
sangramento da candidatura de Pimenta, que passaria a ser alvo fácil de
ataques do PT.
O problema, para os tucanos, é que uma pura e simples troca de nome
faça ruir uma composição, costurada pessoalmente pelo presidenciável
Aécio Neves, de nada menos que 18 partidos em torno do nome de Pimenta.
Neste sentido, para aplacar os rumores cada vez mais fortes da
substituição do ex-ministro pelo presidente regional do PSDB mineiro,
Marcus Pestana, Aécio declarou: "será o governador", referindo-se a
Pimenta.
Ficando ou saindo, o certo é que Pimenta da Veiga está,
indiretamente, ajudando no deslanche da candidatura do também
ex-ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento no governo Dilma. O
desgaste de um, afinal, corresponde ao fortalecimento do outro, numa
eleição polarizada entre ambos.
A surpresa negativa para os tucanos em Minas faz a alegria política
da Páscoa da presidente Dilma. Ela aumentou sobremaneira a frequência de
suas viagens ao Estado, exatamente porque sabe que é ali que o
adversário Aécio pretende batê-la por goleado. Os problemas de Pimenta,
que correpondem a tropeços para Aécio, são saltos para ela.
Marina Alertou
A hipótese de uma eventual saída do PSB da coligação idealizada por
Aécio Neves ganha força quando se relembra que a candidata a vice na
chapa socialista, a ex-senadora Marina Silva, já havia se manifestado de
forma contrária a uma aliança com os tucanos não apenas em Minas, mas
em outros colégios eleitorais importantes, como São Paulo, por exemplo.
Um outro ponto importante é que uma eventual saída de Pimenta da
veiga em prol de um outro indicado pode jogar por terra um acordo tácito
cuidadosamente costurado entre Campos e Aécio. Os dois pré-candidatos
teriam acertado que nenhum criaria problemas ao outro em suas
respectivas bases eleitorais.
A eleição presidencial será decisivamente influenciada pela maneira
como os tucanos escolherem resolver a crise instalada na campanha tucana
de Minas.
Abaixo, notícia do Minas247 sobre os movimentos de Pimenta da Veiga para manter seu nome na disputa pelo governo:
Minas247 - O pré-candidato do PSDB ao governo de
Minas Gerais, Pimenta da Veiga, tem encontrado dificuldades para manter
sua candidatura, desde que foi indiciado pela Polícia Federal por
lavagem de dinheiro. Nos últimos dias, ele se reuniu com representantes
de 18 partidos para reafirmar que continua candidato e anunciar que vai
viajar pelo estado. Até o final de maio, estão previstas visitas a 25
cidades. Internamente, o PSDB continua discutindo a possibilidade de
troca de candidato, dependendo dos desdobramentos do caso.
Uma ala do partido avalia que, ao ser indiciado pela Polícia Federal
por lavagem de dinheiro, Pimenta automaticamente ficou em posição de
desvantagem na corrida e o melhor é mesmo abandonar o barco. Mas outra
ala pondera que uma desistência poderia implodir a aliança formada para a
corrida estadual, jogando por terra as chances de o PSDB eleger seu
candidato.
A primeira corrente já fala na possibilidade de resgatar a
pré-candidatura do deputado Marcus Pestana, por exemplo. Mas o partido
automaticamente correria o risco de perder aliados como o PSB do
governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Por enquanto, o comando
partidário pediu que a situação seja apenas "monitorada".
Brasil 247
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