terça-feira, 29 de abril de 2014
Hoje foi publicada a pesquisa CNT/MDA sobre a corrida presidencial. Os
números de Dilma são semelhantes às outras pesquisas recentes, dentro da
margem de erro.
Dilma Rousseff – PT 37,0%
Aécio Neves – PSDB 21,6%
Eduardo Campos - PSB 11,8%
Branco / Nulo - 20,0%
Não sabe / Não respondeu - 9,6%
O que nesta pesquisa tem alguma diferença das outras é que mostrou um pequeno crescimento da oposição, ainda que insuficiente para gerar segundo turno. Na prática é como se a oposição tentasse sair da zona de rebaixamento, para seus próprios correligionários e financiadores de campanha não desistirem. E também para as próprias pesquisas realimentarem o noticiário da estratégia de "sangramento" da popularidade de Dilma.
Por isso não vou repetir aqui o que já foi dito na análise da outras pesquisas recentes. Vou falar do que percebi de novo, apesar de que nem é tão novo assim, pois isso deveria ter sido percebido desde as pesquisas após as manifestações de junho do ano passado.
É um erro metodológico que já inflou as intenções de voto em Dilma no passado e agora infla a oposição. São os votos nulos.
Na pesquisa espontânea, onde apenas se pergunta em quem irá votar, sem mostrar um disco com nomes, os votos nulos são 14,1 no instituto MDA e 40,1% dizem não sabem ou não respondeu. No Ibope os nulos espontâneos foram maiores.
Quando passa à pergunta seguinte, a estimulada, apresentando discos com opções de nomes de candidatos, e perguntando em qual destes candidatos o pesquisado votaria, não existe a opção "Nenhum", nem "Nulos/Brancos" no disco.
Logo o pesquisado é induzido a escolher apenas um dos nome que está ali, entre as opções apresentadas. Só quem está convicto de votar nulo irá se lembrar de responder nulo. Quem está indeciso entre votar nulo ou não, tenderia a escolher o nome de Dilma quando a popularidade dela estava alta e tende a escolher um dos nomes da oposição agora, quando o bombardeio do noticiário negativo ao governo derrubou sua popularidade.
Colocar em dúvida essa metodologia tem fundamento, porque na prática a pesquisa estimulada para votos nulos ficou a mesma usada para a espontânea. E enquanto as intenções espontâneas nos candidatos praticamente dobram quando é aplicada a pergunta estimulada, os votos nulos subiram apenas de 14% para 19% ou 20% dependendo do cenário (no Ibope foram para 24%).
Esse erro não é exclusivo do instituto MDA. Todos os institutos fazem isso. Talvez no passado não fosse muito significativo, porque votos nulos eram estáveis e não influíam muito na proporção de votos válidos. De uns tempos para cá, houve um aumento significativo nas intenções de voto nulo, inclusive na pesquisa espontânea. Não dá mais para desconsiderar.
Com isso, se as eleições fossem hoje, muito provavelmente a pesquisa erraria em alguns pontos por causa deste erro metodológico. Os votos anulados seriam maiores e os votos da oposição menores. Pode até ser que Dilma também perdesse alguma intenção de voto para o nulo, mas como é ela que está sendo vidraça no noticiário, o mais provável é que atualmente isso afetasse menos os eleitores dela.
Em time que não está ganhando, se mexe.
Durante quase três anos do governo Dilma, a comunicação do governo foi muito criticada principalmente pelos blogs, e nós achamos burocrática, desatualizada e gerida como se estivéssemos ainda no século passado. Mas a popularidade estava alta. Os responsáveis pela área podiam dizer "em time que está ganhando não se mexe".
Agora, Dilma ainda tem reserva de intenções de votos nas pesquisas suficientes para vencer no primeiro turno, mas a popularidade caiu, e ninguém pode brincar, nem negligenciar a necessidade de defender e reagir.
Houve algumas pequenas mexidas na Secretaria de Comunicação da Presidência da República, inclusive com a troca da titular da pasta, mas a oposição continua dominando completamente a pauta negativa do noticiário. O governo não tem conseguido emplacar nada de uma pauta positiva que chegue ao povo.
Não há motivo para decisões açodadas, nem desesperadoras. No fundo é melhor Dilma passar por este teste de resistência agora, que é até surpreendente, do que nos meses críticos da eleição, após a Copa do Mundo. Mas é preciso estrategistas na área de comunicação que saibam lidar com o jogo que está sendo jogado.
A íntegra do relatório está aqui. O questionário aqui.
Dilma Rousseff – PT 37,0%
Aécio Neves – PSDB 21,6%
Eduardo Campos - PSB 11,8%
Branco / Nulo - 20,0%
Não sabe / Não respondeu - 9,6%
O que nesta pesquisa tem alguma diferença das outras é que mostrou um pequeno crescimento da oposição, ainda que insuficiente para gerar segundo turno. Na prática é como se a oposição tentasse sair da zona de rebaixamento, para seus próprios correligionários e financiadores de campanha não desistirem. E também para as próprias pesquisas realimentarem o noticiário da estratégia de "sangramento" da popularidade de Dilma.
Por isso não vou repetir aqui o que já foi dito na análise da outras pesquisas recentes. Vou falar do que percebi de novo, apesar de que nem é tão novo assim, pois isso deveria ter sido percebido desde as pesquisas após as manifestações de junho do ano passado.
É um erro metodológico que já inflou as intenções de voto em Dilma no passado e agora infla a oposição. São os votos nulos.
Na pesquisa espontânea, onde apenas se pergunta em quem irá votar, sem mostrar um disco com nomes, os votos nulos são 14,1 no instituto MDA e 40,1% dizem não sabem ou não respondeu. No Ibope os nulos espontâneos foram maiores.
Quando passa à pergunta seguinte, a estimulada, apresentando discos com opções de nomes de candidatos, e perguntando em qual destes candidatos o pesquisado votaria, não existe a opção "Nenhum", nem "Nulos/Brancos" no disco.
Logo o pesquisado é induzido a escolher apenas um dos nome que está ali, entre as opções apresentadas. Só quem está convicto de votar nulo irá se lembrar de responder nulo. Quem está indeciso entre votar nulo ou não, tenderia a escolher o nome de Dilma quando a popularidade dela estava alta e tende a escolher um dos nomes da oposição agora, quando o bombardeio do noticiário negativo ao governo derrubou sua popularidade.
Colocar em dúvida essa metodologia tem fundamento, porque na prática a pesquisa estimulada para votos nulos ficou a mesma usada para a espontânea. E enquanto as intenções espontâneas nos candidatos praticamente dobram quando é aplicada a pergunta estimulada, os votos nulos subiram apenas de 14% para 19% ou 20% dependendo do cenário (no Ibope foram para 24%).
Esse erro não é exclusivo do instituto MDA. Todos os institutos fazem isso. Talvez no passado não fosse muito significativo, porque votos nulos eram estáveis e não influíam muito na proporção de votos válidos. De uns tempos para cá, houve um aumento significativo nas intenções de voto nulo, inclusive na pesquisa espontânea. Não dá mais para desconsiderar.
Com isso, se as eleições fossem hoje, muito provavelmente a pesquisa erraria em alguns pontos por causa deste erro metodológico. Os votos anulados seriam maiores e os votos da oposição menores. Pode até ser que Dilma também perdesse alguma intenção de voto para o nulo, mas como é ela que está sendo vidraça no noticiário, o mais provável é que atualmente isso afetasse menos os eleitores dela.
Em time que não está ganhando, se mexe.
Durante quase três anos do governo Dilma, a comunicação do governo foi muito criticada principalmente pelos blogs, e nós achamos burocrática, desatualizada e gerida como se estivéssemos ainda no século passado. Mas a popularidade estava alta. Os responsáveis pela área podiam dizer "em time que está ganhando não se mexe".
Agora, Dilma ainda tem reserva de intenções de votos nas pesquisas suficientes para vencer no primeiro turno, mas a popularidade caiu, e ninguém pode brincar, nem negligenciar a necessidade de defender e reagir.
Houve algumas pequenas mexidas na Secretaria de Comunicação da Presidência da República, inclusive com a troca da titular da pasta, mas a oposição continua dominando completamente a pauta negativa do noticiário. O governo não tem conseguido emplacar nada de uma pauta positiva que chegue ao povo.
Não há motivo para decisões açodadas, nem desesperadoras. No fundo é melhor Dilma passar por este teste de resistência agora, que é até surpreendente, do que nos meses críticos da eleição, após a Copa do Mundo. Mas é preciso estrategistas na área de comunicação que saibam lidar com o jogo que está sendo jogado.
A íntegra do relatório está aqui. O questionário aqui.
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