Clube rebate editorial do "O Globo", no qual o
jornal tenta justificar apoio dado ao golpe militar de 1964;
"pressionado pelo poder político e econômico do governo, sob a constante
ameaça do “controle social da mídia” – no jargão politicamente correto
que encobre as diversas tentativas petistas de censurar a imprensa – o
periódico sucumbiu e renega, hoje, o que defendeu ardorosamente ontem.
Alega, assim, que sua posição naqueles dias difíceis foi resultado de um
equívoco da redação, talvez desorientada pela rapidez dos
acontecimentos e pela variedade de versões que corriam sobre a situação
do país”
3 de Setembro de 2013
247 – O Clube Militar publicou em seu site nesta
terça-feira (3) uma posição crítica ao editorial do jornal O Globo que
reconheceu como “equívoco” o apoio ao golpe militar de 1964. Intitulado
“Equívoco, uma ova”, o texto do clube diz que o jornal adota uma
“mudança de posição drástica” e pratica uma dupla mentira ao se
desculpar pelo apoio. " Trata-se de revisionismo, adesismo e covardia do
último grande jornal carioca", critica.
“Pressionado pelo poder político e econômico do governo, sob a
constante ameaça do “controle social da mídia” – no jargão politicamente
correto que encobre as diversas tentativas petistas de censurar a
imprensa – o periódico sucumbiu e renega, hoje, o que defendeu
ardorosamente ontem. Alega, assim, que sua posição naqueles dias
difíceis foi resultado de um equívoco da redação, talvez desorientada
pela rapidez dos acontecimentos e pela variedade de versões que corriam
sobre a situação do país”, afirma.
Confira a opinião do clube na íntegra:
Equívoco, uma ova
Numa mudança de posição drástica, o jornal O Globo acaba de denunciar
seu apoio histórico à Revolução de 1964. Alega, como justificativa para
renegar sua posição de décadas, que se tratou de um “equívoco
redacional”.
Dos grandes jornais existentes à época, o único sobrevivente carioca
como mídia diária impressa é O Globo. Depositário de artigos que relatam
a história da cidade, do país e do mundo por mais de oitenta anos,
acaba de lançar um portal na Internet com todas as edições
digitalizadas, o que facilita sobremaneira a pesquisa de sua visão da
história.
Pouca gente tinha paciência e tempo para buscar nas coleções das
bibliotecas, muitas vezes incompletas, os artigos do passado. Agora,
porém, com a facilidade de poder pesquisar em casa ou no trabalho, por
meio do portal eletrônico, muitos puderam ler o que foi publicado na
década de 60 pelo jornalão, e por certo ficaram surpresos pelo apoio
irrestrito e entusiasta que o mesmo prestou à derrubada do governo
Goulart e aos governos dos militares. Nisso, aliás, era acompanhado pela
grande maioria da população e dos órgãos de imprensa.
Pressionado pelo poder político e econômico do governo, sob a
constante ameaça do “controle social da mídia” – no jargão politicamente
correto que encobre as diversas tentativas petistas de censurar a
imprensa – o periódico sucumbiu e renega, hoje, o que defendeu
ardorosamente ontem.
Alega, assim, que sua posição naqueles dias difíceis foi resultado de
um equívoco da redação, talvez desorientada pela rapidez dos
acontecimentos e pela variedade de versões que corriam sobre a situação
do país.
Dupla mentira: em primeiro lugar, o apoio ao Movimento de 64 ocorreu
antes, durante e por muito tempo depois da deposição de Jango; em
segundo lugar, não se trata de posição equivocada “da redação”, mas de
posicionamento político firmemente defendido por seu proprietário,
diretor e redator chefe, Roberto Marinho, como comprovam as edições da
época; em segundo lugar, não foi, também, como fica insinuado, uma
posição passageira revista depois de curto período de engano, pois dez
anos depois da revolução, na edição de 31 de março de 1974, em editorial
de primeira página, o jornal publica derramados elogios ao Movimento; e
em 7 de abril de 1984, vinte anos passados, Roberto Marinho publicou
editorial assinado, na primeira página, intitulado “Julgamento da
Revolução”, cuja leitura não deixa dúvida sobre a adesão e firme
participação do jornal nos acontecimentos de 1964 e nas décadas
seguintes.
Declarar agora que se tratou de um “equívoco da redação” é mentira deslavada.
Equívoco, uma ova! Trata-se de revisionismo, adesismo e covardia do último grande jornal carioca.
Nossos pêsames aos leitores.
Brasil 247
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