Da Gazeta Russa
Rússia começa a projetar avião de caça de 6ª geração
O T-50, previsto para ser adotado pela FAR em 2016, é o avião
mais moderno da Rússia com a tecnologia stealth, um radar inteligente
altamente sensível, armas de alta precisão, supermanobrabilidade e
aviônicos supermodernos Foto: wikipedia.org
Víktor Litóvkin, especial para Gazeta Russa
Para analista, é pouco provável, no entanto, que aeronave saia do papel em um futuro próximo.
Às vésperas da abertura do Salão Internacional de Aeronáutica e
Espaço Maks-2013 em Moscou, o ex-comandante da FAR (Força Aérea Russa)
Peter Dejnékin afirmou que a Rússia começou os trabalhos de
desenvolvimento de um avião de caça de 6ª geração. Sem divulgar suas
especificações técnicas nem a data de sua apresentação, o general disse
que o novo veículo aéreo não será tripulado.
As revelações do general são ainda mais relevantes pelo fato de a
Rússia ter apresentado de uma só vez três aviões de caça de quinta
geração T-50 nesta edição do Maks. Assim, o país demonstrou que não está
atrasado em tecnologias em relação aos EUA e seu F-22 e pode assumir a
liderança mundial nessa área.
O caça avançado T-50 havia sido exibido pela primeira vez em 2011.
Nesta edição do Maks, três T-50 executaram acrobacias aéreas, incluindo
os famosos Sino e Cobra, que nenhum outro avião de caça do mundo pode
executar.
O T-50, previsto para ser adotado pela FAR em 2016, é o avião mais
moderno da Rússia com a tecnologia stealth, um radar inteligente
altamente sensível, armas de alta precisão, supermanobrabilidade e
aviônicos supermodernos. Por tudo isso, se distingue radicalmente dos
aviões de caça de 4ª geração. Nesse contexto, as declarações sobre um
avião de 6ª geração são, certamente, otimistas, mas infundadas, pois
ainda não se sabe quais exigências serão feitas pelos militares à uma
aeronave do tipo.
Nuances
Para os especialistas do Pentágono, um avião de combate de 6ª geração
deve ser praticamente invisível, possuir supermanobrabilidade,
desenvolver uma velocidade de mais de Mach 5 e ser dirigido
opcionalmente por uma tripulação ou robô.
Guívi Janjgava, engenheiro-chefe do Centro de Desenvolvimento em
Tecnologias Eletrônicas de Ramenscoe, na região de Moscou, conhecido por
ter construído os aviônicos para o Su-30, Su-35 e T-50, compartilha a
opinião de que o futuro da aviação militar está no veículo aéreo não
tripulado. Para Jangjava, muitos dos elementos de um veículo aéreo não
tripulado de 6ª geração já foram criados na Rússia e são usados pelos
novos aviões de combate russos.
Mas a questão é saber se vale a pena continuar avançando nesse
sentido. Jangjava concorda que colocar um robô ao volante de um avião é
mais prático do que um ser humano. O treinamento de pilotos leva anos e
custa milhões de dólares. A perda de um piloto é um problema sério para a
Força Aérea. Além disso, o piloto pode ficar doente, ter dificuldades
psicológicas e, no final das contas, ser incapaz de cumprir a missão. Já
o robô pode agir em quaisquer circunstâncias. Mas será que é isso
mesmo?
Segundo o diretor dos programas de veículos aéreos não tripulados do
consórcio Vega, Arkádi Siroejka, o calcanhar de Aquiles de todas as
aeronaves não tripuladas é o de que não é possível fazer ajustes ao
programa de voo conforme a mudança da situação durante sua missão. A
preparação do robô norte-americano MQ-1 Predator para uma missão leva
vários meses. Se, durante a missão, algo não estiver dando certo, o robô
será trazido de volta à base. Meses de trabalho de centenas de pessoas
serão desperdiçados e a missão acabará descumprida. Já o piloto-chefe da
corporação Mig, Mikhail Beliaev, acredita que, ao contrário do robô, um
piloto é capaz de não só avaliar adequadamente a situação mas também
tomar decisões necessárias ao cumprimento de sua missão e cumpri-la.
Velocidade hipersônica
Até recentemente, a velocidade hipersônica era vista como um dos
principais elementos de aeronaves do futuro. Todavia, falando em um
encontro com jornalistas sobre o projeto de um novo bombardeiro avançado
russo, o comandante da FAR, Víktor Bôndirev, disse, para surpresa de
muitos, que o novo avião será subsônico. Isso quando muitos peritos
consideram que o novo avião deve ser hipersônico, já que o atual
bombardeiro estratégico russo Tu-160 atua a velocidade superiores a
2.000 km/h e pode executar missões no espaço circunterrestre.
O porquê da FAR querer uma aeronave subsônica é simples. Em primeiro
lugar, ela é mais barata do que uma aeronave supersônica e muito mais
barata do que uma aeronave hipersônica. Além disso, hoje em dia, um
bombardeiro moderno não precisa cruzar as fronteiras de seu país para
atacar alvos no outro hemisfério. Pode fazer isso com mísseis de
cruzeiro de longo alcance. A mesma tendência, aliás, é observada na
aviação de caça. O F-22 tem elevada capacidade de manobra, mas, se
precisar atacar um alvo, irá usar mísseis em vez de canhões para não
entrar em contato com aviões inimigos e não invadir a área de ação da
defesa antiaérea inimiga.
Sem adversário digno
As discussões entre os engenheiros e os pilotos mostram que ninguém
sabe, até agora, como deve ser o avião de caça de 6ª geração. O mesmo
aconteceu na hora de se decidir sobre o caça de 5ª geração. O F-22 foi
criado quando a Guerra Fria estava no auge e as duas potências se
preparavam para destruir totalmente uma à outra, competindo entre si em
tecnologias. No entanto, o primeiro Raptor viu a luz do dia quando os
governos de Moscou e de Washington decidiram que eram "parceiros" e que
não haveria nenhuma guerra global entre os dois países.
Como resultado, a carteira de encomendas do F-22 foi cortada em dois
terços. O Ministério da Defesa russo também não pretende comprar muitos
T-50, dando preferência aos aviões "velhos", tecnologicamente
"ensaiados", de geração "4 + +", o Su-35 e MiG- 35, compreensíveis em
termos de emprego. Uma tendência semelhante se verifica também na Força
Aérea dos EUA.
Para iniciar os trabalhos no avião de sexta geração deve haver um
adversário adequado. Esse pode ser um novo avião de caça chinês, que
supere em performance o F-22 e T-50, ou um disco voador de invasores
alienígenas. Tanto uma coisa como outra são pouco prováveis. Portanto, é
pouco provável que Moscou ou Washington comecem a construir um avião
que ainda não tem adversários dignos no mundo e, portanto, não tem
missões a cumprir, e aloquem para tanto enormes verbas.
Blog do Luis Nassif
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