23 de dezembro de 2013 | 07:28 Autor: Fernando Brito
Desde agosto, este Tijolaço diz que Geraldo Alckmin, neste caso do “trensalão”, comporta-se como um Tartufo.
Sua suposta indignação é de uma hipocrisia tão gritante que nem mesmo quem o apóia, sobretudo a mídia amiga, pode deixar de ver.
A manchete da Folha de hoje é apenas a confirmação disso.
Alckmin diz que exige uma apuração rápida do caso das propinas do cartel Siemens-Alston.
E manda a base parlamentar que controla na Assembléia de São Paulo “abafar” o caso.
O “probleminha” que tem, entretanto, é que estamos às vésperas de um processo eleitoral.
E, ironicamente, parece estar mais próxima a contaminação da campanha
eleitoral em São Paulo pelo escândalo do “trensalão” do que a tentativa
de fazê-lo com o chamado “mensalão” e a campanha nacional, apesar dos
anos a fio em que a mídia tenta usa-lo contra projeto que Lula passou a
representar.
Mal ou bem, com atropelos, manipulações e injustiças, este foi investigado, julgado e punido.
O caso dos trens paulistas, maior e mais antigo, só conseguiu isso na Suíça, vejam só.
Bela situação para quem diz que pretende “restaurar a moralidade” no país, não é?
E se Alckmin terá de cuidar para não naufragar em seu próprio cinismo
neste caso, como fará para carregar o fardo de fazer São Paulo
sustentar Aécio Neves?
Ao contrário, é ele, Alckmin, quem passa a exigir do mineiro
solidariedade – e o desgaste de ter de marcar com isso sua campanha – no
caso do “trensalão”.
Pistas disso já foram dadas quando Aécio se prestou ao papel ridículo
de fazer escândalo sobre um documento “falso” que, afinal, foi
confirmado, com todos os bois devidamente nominados, pelo ex-diretor da
Siemens Everton Rheinheimer.
Rapidamente, o mineiro teve se “sumir” com o assunto constrangedor.
À medida em que a campanha de Alckmin vá sofrendo a inevitável
deterioração – talvez não o suficiente para que perca a eleição em São
Paulo, mas certamente o bastante para abalar seu favoritismo absoluto, o
governador paulista vai exigir mais e mais adesão de Aécio ao tema.
Para gosto e satisfação de Serra, que não esconde seu rancor de ambos.
Por isso é que Alckmin trata Eduardo Campos com tantos salamaleques, não pela força do PSB em São Paulo.
Sua carreira, construída à sombra da nulidade que lhe valeu o apelido
de “picolé de chuchu”, estará, pela primeira vez, no centro da
polêmica.
E ameaçando sair dos trilhos, arrastando consigo os que contam, como
Aécio – e Campos, que espera a vaga – com São Paulo como locomotiva de
suas candidaturas presidenciais.
Tijolaço
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