publicado em 22 de dezembro de 2013 às 12:28
A vice de Aécio?
Personagem do ano
Por Dora Kramer, no Estadão
Para o bem ou para o mal, de quem se falou mesmo em 2013 na cena
política foi de Joaquim Barbosa, alçado à condição de celebridade por
sua atuação no caso do mensalão, como relator e presidente do Supremo
Tribunal Federal na fase final do julgamento. Desde então se especula
sobre a possibilidade de o ministro se candidatar à Presidência da
República.
Tempo ele tem: magistrados podem se filiar a partidos até seis meses
antes da eleição, enquanto para os demais interessados em se candidatar o
prazo é de um ano. Popularidade tampouco falta a Barbosa: é aplaudido e
homenageado por onde passa; na última pesquisa do Instituto Datafolha, o
nome dele foi incluído. Apareceu com 15% das intenções de voto, na
frente de Aécio Neves (14% nesse cenário) e de Eduardo Campos (9%). Fica
atrás, bem distante, da presidente Dilma Rousseff (44%).
A questão é: ele teria vontade? Sondado a respeito, o ministro não
confirma nem desmente. Essa dubiedade, junto com a disposição já
insinuada de antecipar sua aposentadoria do STF por julgar que cumpriu o
seu papel, alimenta as especulações.
A versão corrente entre políticos é a de que Barbosa “joga para a
plateia” com o objetivo de disputar votos. O fato é que ele cogita, sim,
entrar na política e vem se aconselhando com gente do ramo para avaliar
essa possibilidade. Aos interlocutores, disse que não rejeita concorrer
à Presidência. Acredita que, se o fizesse, estaria dando razão às
acusações de que conduziu o julgamento do mensalão com a finalidade de
angariar apoio político e eleitoral.
Sobre a hipótese de vir a compor uma chapa como candidato a
vice-presidente, não abre nem fecha portas. Mas aí haveria o mesmo
problema. Obviamente ele não concorreria por partido governista – até
porque um dos conselheiros mais frequentes é marcadamente de oposição –,
o que também daria margem a críticas do PT em relação à conduta dele no
Supremo.
Tal comprometimento da figura de Joaquim Barbosa não interessaria a
ele nem ao candidato a presidente que porventura viesse a tê-lo como
companheiro de chapa. A melhor porta de entrada na política, na
avaliação resultante das consultas feitas pelo ministro, seria uma
candidatura ao Senado pelo Rio de Janeiro.
Embora a maioria dos partidos diga que a filiação de Joaquim Barbosa
não seria do interesse deles, nenhum o recusaria como cabo eleitoral. O
apoio do ministro é tido como um ativo imperdível.
Uma enquete feita pelo jornal O Estado de S. Paulo no início de
dezembro com as 32 legendas existentes no Brasil mostrou a rejeição de
16 delas (justamente as maiores) a abrigar uma candidatura dele à
Presidência. Oito outros partidos disseram que o assunto teria de ser
“muito discutido internamente” e sete (todos nanicos) o aceitariam de
bom grado. Só o PT negou-se a responder.
Houve “nãos” peremptórios. “Deus me livre”, disse o presidente do PR;
“No PP, não”, rechaçou a direção; “Fugimos de filiações oportunistas”,
afirmou o presidente do PTB.
Mas houve também uma negativa propositadamente ambígua: “Nosso
respeito pelo ministro é tão grande que nem sequer aventamos essa
hipótese”, disse o senador Aécio Neves, presidente e provável candidato
do PSDB, partido forte em Minas e São Paulo e que anda precisando de
reforço justamente no Rio, domicílio eleitoral do ainda presidente do
Supremo.
Trunfo
A ex-ministra Ellen Gracie, primeira mulher a assumir uma vaga no
Supremo Tribunal Federal, está filiada ao PSDB. Assinou a ficha no
último dia 5 de outubro.
Viomundo
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