"Renda sobe e país tem menor desemprego desde
2002"; publicada na página A4 do jornal Valor Econômico, essa notícia
perdeu em importância editorial para a manchete "Cresce risco de IPCA
ser superior ao de 2012"; mais esse flagrante da má vontade da mídia
familiar com os resultados da economia conduzida pela presidente Dilma
Rousseff em continuidade à gestão de Lula é compreensível; para muito
além de questões sofisticadas da economia, como o déficit público, ou
fatores externos como notas de agências de classificação de risco, o que
vai governar o humor dos eleitores em 2014 é mesmo o binômio ao qual a
dupla de vermelho está associada; será mesmo possível, no ano que está
para começar, conter a força eleitoral de Dilma e Lula com o pleno
emprego em curso e a renda em crescimento?
Marco Damiani, 247 – A renda dos trabalhadores
cresceu 3% nos últimos doze meses sobre uma inflação calculada em 5,77%,
segundo dados do IBGE. Significa que, na média, os salários tiveram uma
alta de quase 9% no período. A própria inflação, apontada em todas as
análises publicadas pela mídia familiar nos últimos meses como o dragão
que ressuscitara, foi domesticada após uma série de manobras da área
econômica do governo. Já há um consenso de que a taxa de 2013 ficará
dentro da meta estabelecida pelo Banco Central.
Na indústria, um título de pé de página publicado na edição desta
sexta-feira do jornal Valor Econômico conta muito sobre o que se passa:
"Redução do nível de estoques eleva otimismo da indústria em dezembro".
Quanto às pessoas físicas, aquelas que os arautos do caos apontavam
como irremediavelmente endividadas, outro título do mesmo Valor, na
página C12, noticia: "Cai peso da dívida das famílias".
Emprego, renda e inflação são temas da economia que atingem
diretamente o público. Como se vê pelos números, todos os indicadores
sobre essas resultantes da política econômica são favoráveis ao público,
especialmente a quebra do recorde de emprego que vigorava desde 2002.
Politicamente, apenas duas pessoas no Brasil podem botar a cara nos
palanques virtuais e reais da eleição de 2014 e chamarem para si a
responsabilidade pelos resultados que vão sendo alcançados. Isso mesmo. A
presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Não é por outra
razão, em encontro pessoal na quinta-feira 19, em São Paulo, eles mais
uma vez apareceram sorrindo e unidos, ambos de vermelho – a cor
representativa da esquerda que, se antes ouriçava a classe média, agora
já é aceita com naturalidade.
Dilma e Lula, com uma estratégia de atuação conjunta que resiste
inquebrantável, a esta altura, a três anos completos de articulações
contrárias, intrigas e fofocas são, goste-se ou não, a encarnação do
emprego e da renda em alta e da inflação controlada. Qual discurso
poderá ser mais forte do que esse para conquistar corações e mentes nas
eleições presidenciais de 2014?
Enquanto os indicadores permanecerem favoráveis, não parece haver
golpe de marketing possível capaz de abalar a dupla. Especialista no
assunto, o publicitário Nizan Guanaes, que faturou para si todos os
louros das campanhas vitoriosas do ex-presidente Fernando Henrique, já
entregou os pontos. "Meu negócio é a iniciativa privada", diz agora
Nizan, desinteressado em fazer grandes campanhas.
Com a já anunciada recuperação da economia dos EUA, o mundo ganhará
no próximo ano, em pleno funcionamento, um potente motor que estava
falhando. As chances de haver um relance da economia mundial, ao menos
acima do marasmo dos últimos anos, começam a fazer mais sentido. Não há,
no horizonte próximo, sinal de catástrofes econômicas anunciadas. Nesse
quadro, Dilma e Lula, ou emprego e renda, tendem a ampliar seu
favoritismo, retirando da oposição qualquer possibilidade de um discurso
econômico compreensível à maioria dos cidadãos. Afinal, o que importa
para um trabalhador é ter emprego e salário – e isso há.
Brasil 247
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