27 de dezembro de 2013 | 08:57 Autor: Fernando Brito
O repórter André Barrocal, da CartaCapital, trata com mais
profundidade de um tema que abordei aqui na semana passada: a guerra que
está tomando conta das emissoras na disputa do mercado publicitário,
cujas verbas se distribuem, basicamente, em função dos níveis de
audiência que conseguem.
Poder-se-ia dizer que isso é a concorrência e que ela sempre existiu.
Mas esta guerra mudou de tamanho, de natureza e de armas.
As emissoras sempre brigaram pelo segundo lugar, aceitando como indestrutível o domínio da Globo de mais da metade da audiência.
Agora, sente que o processo de enfraquecimento da Globo lhes abre novas possibilidades.
E atacam, com a contratação do instituto alemão GfK ,para o ponto
mais central deste controle: a medição dos índices de audiência,
controlada com quase exclusividade pelo Ibope, sobre o qual o controle
global é incontrastável.
Barrocal traça um detalhado quadro deste conflito, que, afinal, vai
se refletir na formação de consciência do povo brasileiro, manipulada há
40 anos pelo império global.
A batalha da TV
Maior torcida de
Pernambuco e um dos times mais populares do Brasil, o Santa Cruz
conseguiu, no domingo 3, voltar à Segunda Divisão do Campeonato
Brasileiro depois de seis anos. A conquista veio com uma vitória em casa
por 2 a 1, diante de 60 mil torcedores. Trata-se até o momento do
segundo maior público em um estádio do País neste ano. E da maior
audiência da TV Brasil no Recife. Única a transmitir a partida, a
emissora pública liderou na capital pernambucana, feito inédito em sua
história desde a criação, ocorrida em 2008. Mérito do canal, sinal dos
tempos.
No outro extremo, a onipresente Rede Globo já não exibe como
antes o dom da ubiquidade, a capacidade de estar ao mesmo tempo em todos
os lugares. A emissora ainda lidera a audiência de maneira folgada, mas
seu alcance tem diminuído ano a ano. A média caiu de 56% em 2004 para
perto de 42% neste ano. Vários de seus programas mais simbólicos
apresentam números embaraçosos para os padrões globais. OJornal
Nacional perdeu 12 pontos desde 2000 e ostenta atualmente média de 44%
na Grande São Paulo.
No Fantásticoo declínio foi de 16 pontos (média
atual de 32%). Na novela da 7, de 15 pontos (26%). O Campeonato Paulista
dá 11 pontos a menos (31%). A novela das 8 oscilava de 60% a 70% entre
2000 e 2005 e varia de 50% a 60% desde então.
Há muitas causas para o declínio, todas elas relacionadas aos
avanços econômicos do País e a um componente tecnológico fundamental. O
aumento da renda provocou mudanças nos hábitos de consumo. Os
brasileiros saem mais de casa e migram ligeiramente para as tevês pagas,
em que a ofertas de canais, em especial estrangeiros, é mais variada. E
a internet tem roubado espectadores antes cativos das tevês abertas,
assim como tiram leitores dos meios impressos. Os números não mentem: as
tevês por assinatura crescem 30% ao ano desde 2011 e possuem hoje
quatro vezes mais assinantes do que em 2000. São 17 milhões. O número de
lares com acesso à rede mundial de computadores dobrou desde 2008 e
alcança 40%. Em 2013, o País viu a parcela de habitantes que já usaram a
web superar o contingente que nunca navegou na rede, segundo pesquisa
do Comitê Gestor da Internet.
Estranhamente, o negócio televisão não tem sofrido os
mesmos efeitos do impacto avassalador da internet. Ao contrário. A
participação das emissoras no total dos investimentos publicitários,
depois de um período de queda, voltou a crescer nos últimos anos. Em
2012, alcançou 65% do total, um montante de 19,5 bilhões de reais. Desse
porcentual e, mais importante, dessa quantidade de dinheiro, a Globo e
suas afiliadas abocanham perto de 80%, segundo as estimativas. Isso
provoca situações inexplicáveis em certos casos. Isso leva um programa
como o reality show BBB a faturar cada vez mais, apesar de o número de
televisores ligados no programa despencar edição após edição.
Não chega a ser muito diferente em relação aos investimentos
públicos. De 2000 a 2012, o governo federal gastou 11,6 bilhões de reais
em anúncios na tevê. A Globo levou metade. Nesse período, o quinhão da
emissora nos pagamentos de Brasília foi ajustado ao tamanho da
audiência. De 61% em 2003 baixou a 44% no ano passado. Mas como a fatia
das televisões na comparação com outras mídias, entre elas rádio e
jornal, aumentou de 55% para 62% em 2012, na prática a Globo passou a
receber mais dinheiro público. De 370 milhões de reais em 2000 subiu a
495 milhões de reais no ano passado.
A pergunta inevitável é: até quando? Embora as tevês abertas
pareçam imunes ao impacto da web, os sinais da tormenta se avizinham.
Sites como o YouTube e portais da internet atraem hoje mais
telespectadores do que a maioria das emissoras tradicionais e esse fato
ainda não se traduz em números financeiros. Mas a tendência é essa, a
exemplo do ocorrido no resto do mundo.
Menos dinheiro representa mais
concorrência. Diante do futuro inóspito, os canais brasileiros estão
prestes a iniciar uma nova batalha. Até dezembro, as quatro principais
rivais da Globo (Record, SBT, Band e RedeTV!) pretendem contratar um
novo instituto para medir a audiência. O escolhido é o alemão GfK, um
dos cinco maiores do mundo.
As concorrentes, não é de hoje, desconfiam
que as tradicionais medições do Ibope, baseadas em métodos antigos,
inflam os números do canal da família Marinho e desequilibram a disputa
comercial do setor. Na briga pela vice-liderança, a Record e o SBT
confirmaram a intenção. A RedeTV! e a Band preferem a cautela e
limitam-se a afirmar que as conversas estão muito bem encaminhadas. “É
sempre bom que haja concorrência”, afirmou a CartaCapital João Carlos
Saad, presidente da Band.
Disposto a ampliar a presença na América Latina a partir do
Brasil, a maior economia da região, o GfK oferece às emissoras uma
aferição mais ampla e 35% mais barata do que aquela do Ibope de Carlos
Augusto Montenegro. Vai usar o mesmo método do rival: um equipamento
conhecido como people meter será instalado em aparelhos de tevê de
residências previamente escolhidas.
De início, serão 6,2 mil pontos, municípios do interior e com antena
parabólica incluídos. A medição começará em 2014, mas a clientela só
vai receber os primeiros relatórios com os índices de audiência em 2015.
Os meses iniciais servirão para selecionar as residências, montar a
infraestrutura e realizar testes. O Ibope mede a audiência em 4,5 mil
domicílios, só alcança uma cidade do interior (Campinas, no estado de
São Paulo) e deixa de fora lares com parabólica, um grupo estimado em
35% a 40% do mercado. O instituto não respondeu ao pedido de informações
da reportagem sobre suas pesquisas e a provável chegada de um novo
rival.
Não é a primeira vez que as concorrentes da Globo tentam
quebrar a hegemonia do Ibope. Dez anos atrás, o empresário Silvio
Santos, dono do SBT, financiou a criação de um instituto nacional, o
Datanexus, mas a iniciativa fracassou. Cupido entre as emissoras
brasileiras e os alemães do GfK, o publicitário Fabio Wajngarten aposta
em outro desfecho desta feita. Seu otimismo é alimentado pelo ineditismo
da união entre quatro concorrentes.
Segundo Wajngarten, ele e um colega mandaram um e-mail ao chefão
da GfK em setembro de 2012, em que falavam das oportunidades existentes
no Brasil para outro aferidor de audiência. Os alemães nada sabiam sobre
a mídia brasileira, mas, depois de várias trocas de mensagens e
conferências telefônicas, toparam visitar o País. Apresentaram o cartão
de visita e o portfólio a tevês, agências de publicidade e anunciantes.
Foram convincentes o bastante para atrair as emissoras locais. “Vamos
ter o desenho de um novo ecossistema para o mercado publicitário”, diz
Wajngarten, sócio da Controle da Concorrência, de monitoramento da
publicidade em tevê.
Por trás da discussão sobre audiência está em jogo aquela
montanha de dinheiro descrita anteriormente e movimentada no mercado
publicitário em vias de ser “redesenhado”. Quanto mais televisores
sintonizados em um determinado canal, mais valioso são os intervalos. Se
o GfK comprovar uma defasagem na medição do Ibope a favor da emissora
dos Marinho, os concorrentes ganham um argumento sólido contra os atuais
critérios de divisão dos recursos, privados e públicos.
O tamanho da disputa financeira explica algumas reações.
Beneficiada pelos números do Ibope, a Globo não pretende contratar o
serviço alemão. E, sem o respaldo global, o GfK encontrará mais
dificuldade para se consolidar e conquistar credibilidade. Procurada
por CartaCapital, a Globo preferiu não se manifestar.
Na quarta-feira 6, a Associação Brasileira de Anunciantes
realizou um fórum internacional em São Paulo. Um dos principais
patrocinadores era a emissora dos Marinho. Em um dos painéis, um
executivo do Ibope havia sido convidado para falar sobre a GfK. A
iniciativa foi mal recebida pelas competidoras da Globo. O Ibope iria
desqualificar o futuro concorrente, nem sequer convidado para o evento?
Record, SBT, Band e RedeTV! chegaram a elaborar uma carta de repúdio
contra o Ibope e a ABA. Mas desistiram de divulgá-la depois de
Montenegro, no dia do seminário, ter desautorizado qualquer executivo da
empresa a mencionar a concorrência.
O resultado da disputa interessa aos próprios anunciantes. A Globo é
sinônimo de custo elevado, diz o publicitário Vitor Knijnik,
sócio-fundador da Snack Rede de Canais e colunista de CartaCapital. De
fato, a emissora continua a subir os preços dos intervalos comerciais
todo semestre, apesar da audiência declinante. Para manter-se na lista
de anunciantes da Globo, uma empresa precisa reservar ao menos 100
milhões de reais por ano. Em consequência, a propaganda na emissora
teria se tornado coisa para vips, um clube de no máximo 120
participantes.
A Globo também conta com a simpatia dos anunciantes. Segundo
Ricardo Monteiro, do conselho superior da ABA, o canal é e ainda será
cobiçado durante um bom tempo. Entre os motivos está a cobertura de 98%
do território nacional e a vantagem em relação aos concorrentes sem
paralelo no planeta. Em nenhum canto do mundo, lembra Monteiro, um canal
soma 40%, 50% da audiência.
O alcance confere à Globo uma capacidade decadente, mas ainda sem
paralelo, de influenciar a cultura e a chamada opinião pública. Por essa
razão, o recuo de sua audiência é um fato sociologicamente importante.
Segundo o cientista político e jornalista Laurindo Leal Filho, o poderio
da emissora pode ser observado em um fenômeno pouco estudado: a
onipresença em locais públicos, como nas salas de espera de hospitais e
restaurantes. A força é tanta, diz
Leal Filho, que chega a ser um
elemento capaz de desestabilizar a democracia. Esse risco poderia ser
minimizado com a adoção de uma lei semelhante àquelas em vigor na
maioria dos países da Europa e nos Estados Unidos, estes desde os anos
1930, limitadora de monopólios e oligopólios. Uma legislação com esse
teor (ferozmente combatida pelos meios de comunicação nativos, diga-se)
entrará em vigor em breve na Argentina depois de a Corte Suprema validar
a Lei de Mídia aprovada em 2009.
Ainda que nenhum governo tenha coragem de cumprir a Constituição
brasileira e regular a atividade de comunicação de massa no País,
baseada em concessões públicas de espectros de rádios e tevês, a Globo
tem encolhido diante da expansão da internet. Neste caso, trata-se de
uma disputa na qual as concorrentes da emissora estão no mesmo barco e
têm tanto quanto ou mais a perder. A rede mundial de computadores não
para de crescer como fonte de informação e entretenimento. Se os
indivíduos, especialmente os mais jovens, passam o dia conectados no
computador ou celular, alvo de um bombardeio incessante de informações,
qual a razão para assistir a um telejornal?
A internet também abre espaço para manifestações sem vez nem voz
no modelo de mídia audiovisual criado no Brasil. A opção da Globo,
copiada pelas concorrentes, de distribuir País afora uma programação
mais ou menos homogênea reduz a oportunidade para expressões regionais, o
que não acontece na internet. Mas, afirma Sérgio Amadeu, especialista
em mídia digital, expressar-se na internet é fácil, difícil é ser
ouvido.
E esse “ser ouvido” está em risco por conta de um lobby
comandado no Congresso pelas emissoras, Globo à frente, e pelas
operadoras de telefonia. Tevês e teles uniram-se para tentar emplacar em
uma lei pró-internautas uma regra que permite aos provedores tratar os
usuários de forma seletiva. Na prática, a regra quebra a “neutralidade
da rede”, princípio garantidor de que esse acesso à web só varia
conforme a rapidez da conexão. O provedor não poderia facilitar ou
dificultar a circulação de conteúdos. Isso impediria as emissoras de
tevê de pagar para seus sites e vídeos serem mais visitados.
Em meio a novas tentativas de votar o chamado Marco Civil da
Internet na Câmara, a proposta de fim da neutralidade circulou entre
deputados nos últimos dias como um documento apócrifo. Em uma versão
intitulava-se “alterações acordadas entre SindiTelebrasil (sindicato das
teles) e Globo”. Em outra, a palavra “Globo” foi substituída por
“Abert”, a Associação Brasileiras de Emissoras de Rádio e Televisão.
“Com a neutralidade haverá mais riqueza de comunicação. Sem ela, a
diversidade poderá ser filtrada pelas grandes corporações”, diz Amadeu.
“A internet não é e não pode ser um produto de luxo, é de inclusão
social”, emenda o deputado João Arruda, do PMDB do Paraná, presidente da
comissão especial que analisou a lei. A aprovação da neutralidade
promete ser uma batalha duríssima para os defensores da internet livre e
o Palácio do Planalto, proponente do Marco Civil. O lobby das teles e
das tevês foi encampado pelo deputado fluminense Eduardo Cunha, notório
lobista de grupos econômicos e líder peemedebista, partido detentor da
presidência da Câmara e da segunda maior bancada na Casa.
Em ao menos uma frente, o lobby da Globo deu resultado antes da
votação. O texto original previa que, em disputas por direitos autorais,
o conteúdo só poderia ser retirado da internet em caso de ordem
judicial. Não bastaria mais uma mera notificação por parte de quem
considera violado seu direito autoral. Como o governo prepara uma nova
lei a respeito, os negociadores do Planalto toparam manter a situação
atual para tentar resolver o problema em um futuro projeto.
A queda da audiência da TV Globo tem sido acompanhada de
outro fato curioso, inversamente proporcional. A família Marinho, dona
das Organizações Globo, voltou a frequentar a famosa lista dos
bilionários da revista Forbes. Entre os magnatas da mídia, os irmãos
Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto são hoje a segunda maior
fortuna do planeta. A riqueza do trio soma 24 bilhões de dólares, o
equivalente a 54 bilhões de reais. No ramo das comunicações, só perdem
para o canadense David Thomson, dono da agência de notícias inglesa
Reuters, de acordo com um ranking de bilionários divulgado na
terça-feira 5 por outra agência de notícias, a norte-americana
Bloomberg.
A fortuna faz da família Marinho a mais rica do Brasil na
atualidade. Individualmente, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto
aparecem na quinta, sexta e sétima posição do ranking da Forbes, com
quase 18 bilhões de reais cada um. Na versão 2012 do ranking, só se via
“Roberto Irineu e família”, na sexta posição, com 12 bilhões de reais.
Segundo a revista, em 2013 foi possível identificar com mais certeza a
fortuna dos irmãos de forma separada. E que diferença.
A aparição na lista de 2012 da Forbes marcou a volta da família
Marinho a este tipo de ranking. O clã estava ausente desde 2003. Não sem
razão. O conglomerado enfrentou diversos problemas financeiros durante o
governo Fernando Henrique Cardoso. Muito ligado aos meios de
comunicação, o então presidente tucano sempre estendeu o tapete à
emissora. Primeiro enterrou todo e qualquer projeto de lei de
comunicação de massa (foram três durante os seus dois mandatos). Depois
mudou um artigo da Constituição para permitir a entrada de 30% de
capital estrangeiro nas empresas de mídia.
Por fim, lançou a boia
propriamente dita. Em outubro de 2002, a família anunciou um calote nos
devedores com o objetivo de forçar a renegociação de dívidas. Meses
antes, com as contas no vermelho, o governo ofereceu um socorro de 280
milhões de reais à Globocabo, companhia do conglomerado, por meio de um
financiamento camarada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social.
Sob Lula, a situação financeira mudou. No ano passado, o
faturamento do grupo aproximou-se dos 17 bilhões de reais, três vezes
mais do que há uma década, e o lucro, dos 4 bilhões.
No início de novembro, o senador Roberto Requião, do PMDB do
Paraná, pediu formalmente ao governo explicações sobre todos os
empréstimos do BNDES à emissora, bem como sobre eventuais benefícios
creditícios concedidos à empresa. Baseado na mesma prerrogativa
parlamentar, cobrou informações sobre o pagamento de impostos pelo
grupo. Requião está especialmente interessado em uma multa de 730
milhões de reais que o Fisco tenta aplicar à Globo.
Para o Leão, a
empresa praticou fraude contábil ao negociar um perdão de 158 milhões em
dívidas com o banco JP Morgan em 2005. A emissora contesta a cobrança,
mas foi derrotada em setembro em uma das instâncias do Ministério da
Fazenda, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
A situação fiscal despertou interesse depois de vir à tona, em
junho, um enrosco tributário. Segundo investigações da Receita Federal, o
conglomerado teria sonegado o Imposto de Renda ao usar um paraíso
fiscal para comprar os direitos de transmissão da Copa de 2002. Quando
as apurações terminaram, em outubro de 2006, a autarquia quis cobrar 615
milhões de reais da emissora.
Semanas depois, a papelada do processo
desapareceu da sede da Receita no Rio de Janeiro. Em janeiro de 2013, a
funcionária da Receita Cristina Maris Meinick Ribeiro foi condenada pela
Justiça a quatro anos de cadeia como responsável pelo sumiço. No
processo, ela disse ter agido por livre e espontânea vontade. Plim-plim.
Tijolaço
Termine com suas preocupações financeiras Empréstimo pessoal.
ResponderExcluirOlá
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