sábado, 21 de dezembro de 2013

Snowden deveria vir ao Brasil?

21 de dezembro de 2013 | 07:35 Autor: Miguel do Rosário
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Durante a semana, matutei se seria bom para o Brasil dar asilo a Snowden. E também se poderíamos oferecer a proteção que ele precisa. Sim, porque não temos que pensar apenas nas vantagens para o Brasil, mas também na segurança do rapaz.
A Rússia tem um dos melhores serviços secretos do mundo, experimentado justamente em combater o serviço secreto norte-americano. Então se há um país que possui um serviço secreto que pode oferecer alguma proteção à Snowden, é a Rússia. Sem falar na bomba atômica: a Rússia possuía, até pouco tempo atrás, quase o dobro de número de ogivas nucleares em comparação aos EUA.

O Putin está numa fase boa. Esta semana deu anistia a centenas de presos políticos (a brasileira do Greenpeace será solta nessa onda) e marcou pontos com a comunidade internacional ao impedir que os EUA atacassem unilateralmente a Síria.

Entretanto, eu entendo que Snowdem tenha a utopia de viver no Brasil. As piadinhas recentes de Putin sobre a espionagem americana revelam que a Rússia só não copia os EUA porque ainda não têm tecnologia para isso. Talvez a Rússia esteja pressionando Snowden a fornecer informações e tecnologias que ele não gostaria de ver  em mãos de ninguém.

Snowden tem a imagem de um jovem idealista que acredita na privacidade, e na restrição ao poder ilimitado do Estado sobre a vida dos cidadãos. Tão irônico isso, um autêntico idealista liberal norte-americano sendo perseguido por forças neoliberais, as mesmas que fingem defender a liberdade.

Seria ótimo que Snowden pudesse morar no Brasil, curtir nossas praias e dar aulas nas universidades brasileiras. O brasileiro é um povo acolhedor e curioso. Snowden faria sucesso por aqui. A Globo trataria logo de lhe oferecer um espaço como colunista, tentando faturar em cima do rapaz, como vem fazendo com seu colega, Glenn Greenwald.

Glenn e David Miranda querem Snowden por perto para trabalharem juntos em suas reportagens, sem interferência do governo russo.

Entretanto, temos que ser realistas. Teríamos que proceder a algum entendimento com os EUA, estabelecer um compromisso, público, de que Snowden não seria incomodado em território nacional pelo serviço secreto norte-americano. Essa é uma promessa, porém, que Obama, mesmo se quisessse, teria dificuldades em cumprir, pois o serviço secreto norte-americano é composto por autarquias quase autônomas, que recebem verbas de várias fontes e mantêm fortes ligações com agentes econômicos privados. Conhecendo a paranoia deles, duvido que haja entendimento diplomático. E se houver, não será confiável.

Ou então teremos – e acho uma excelente ideia – que reformular completamente a nossa política de inteligência e de tecnologia de informação, com orçamentos decentes para produzir sistemas  comunicacionais próprios, seguros, e formar agentes  preparados para operar no mundo inteiro.



Tijolaço

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