Paulo Skaf é um retrato da confusão política nacional.
Veja o seguinte.
Presidente da Fiesp, a outrora expressiva mas hoje irrelevante federação de empresas paulistas, ele foi candidato a governador de São Paulo em 2010 pelo Partido Socialista Brasileiro, o PSB.
Skaf, conservador da cabeça aos pés, se vestiu de socialista, portanto, para tentar o governo de São Paulo.
Verdade que em seu verbete na Wikipedia – apresentado pelos editores, numa curiosa advertência, como semelhante a “peça de propaganda” – está dito que, mesmo num partido “socialista”, a plataforma de Skaf em 2010 era “neoliberal”.
Numa foto de campanha de então, ele apareceu com uma zebra. Pedia votos para a zebra, ele próprio. Poucos deram, e ele terminou em quarto lugar.
Bem, Skaf esteve nas manchetes nesta semana graças ao IPTU de Haddad. Ele aparece no noticiário como o homem anti-IPTU, depois que a Fiesp recorreu à Justiça contra o imposto, sob a alegação de que é “inconstitucional”.
Joaquim Barbosa acabou promovendo também Skaf ao recebê-lo em Brasília esta semana para que ele falasse contra o IPTU e, mais ainda, ao tomar seu lado contra o de Haddad na questão.
Skaf é outra vez candidato, agora pelo PMDB, o maior, o mais patético e o mais atrasado conglomerado que existe no Brasil de políticos sem causa a não ser a própria.
O típico peemedebista se perpetua no poder, em geral nas regiões mais vulneráveis a predadores políticos, e só deixa as mamatas no caixão, depois de transferi-las aos descendentes. É o espírito das capitanias hereditárias ainda em vigor, séculos depois.
O Brasil terá avançado na política quando o PMDB não mais existir, ou quando for uma fração do que é.
Paulo Skaf é a cara do PMDB.
Ele tem aparecido bem nas pesquisas. Em geral está na segunda colocação, atrás de Alckmin. Muita gente progressista se assusta com a possibilidade de São Paulo ser governada por Skaf.
Eu diria aos paulistas assustados.
Primeiro, tomem um Frontal para se acalmar.
Depois, tenham certeza: as chances de Skaf, em 2014, são as mesmas de 2010. Nulas.
Com sua cruzada anti-IPTU, Skaf se tornou um candidato interessante para eleitores que já têm um candidato: Alckmin.
Os dois falam para o mesmo público, uma classe média que detesta pagar impostos e que tem raiva de pobres, nordestinos, ciclistas, faixas de ônibus – tudo, enfim, que seja de interesse popular.
Este tipo de eleitor tenderá a optar pelo próprio Alckmin.
O voto “diferente” será canalizado para Padilha, do PT.
Ele chegará à campanha empurrado não pela negação ao IPTU – mas pelo Mais Médicos.
É uma bandeira muito mais forte quando se trata de votos: o Mais Médicos fala para os pobres, e estes são em quantidade muito maior que os opositores privilegiados de um IPTU que beneficiava a periferia.
Se Padilha vai repetir a trajetória federal de Dilma e municipal de Haddad – sair lá de baixo nas intenções de votos para afinal vencer – é, ainda, uma incógnita.
Mas que as ilusões do “socialista” Skaf de 2010 naufragarão novamente em 2014, agora no bote valetudo do PMDB, isto é certo.
Ou batata, como gostava de dizer Nelson Rodrigues.
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