Thais Araujo
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Diante da crise prisional no Maranhão, os 60 policiais
militares destacados para reforçar a segurança nas oito unidades
penitenciárias do Complexo de Pedrinhas, em São Luís, devem permanecer
no local por tempo indeterminado. De acordo com a assessoria de imprensa
do governo maranhense, o efetivo está atuando, desde o fim de semana,
principalmente na intensificação das vistorias das celas do complexo,
que é o maior do estado. Além disso, para reforçar a segurança noturna, a
Cavalaria da Polícia Militar fará rondas constantes nos presídios. A
ação é coordenada pela Diretoria de Segurança dos Presídios do Maranhão,
criada pelo governo para aumentar a segurança interna nos
estabelecimentos penitenciários.
A atuação dos policiais nos presídios também está sendo acompanhada
pela Comissão de Investigação, criada pelo governo maranhense após
denúncias feitas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo a
assessoria de imprensa do governo, o organismo está apurando as
situações descritas no relatório divulgado pelo CNJ no fim de semana,
segundo o qual, somente em 2013, foram registradas 60 mortes nos
presídios maranhenses, incluindo três decapitações. O documento,
produzido com base em inspeções feitas por integrantes do CNJ e do
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), também indica que as
unidades estão "superlotadas e já não há mais condições para manter a
integridade física dos presos, seus familiares e de quem mais frequente
os presídios de Pedrinhas". De acordo com a Secretaria Estadual de
Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, atualmente há 2.196
detentos no local, que tem capacidade para 1.770 pessoas.
O relatório, assinado pelo juiz auxiliar da presidência do CNJ,
Douglas de Melo Martins, foi encaminhado ao presidente do conselho,
ministro Joaquim Barbosa. O documento ressalta que o acesso a alguns
pavilhões depende de negociação com os líderes de facções criminosas e
que os "chefes de plantão e diretores das unidades não eram capazes de
garantir a segurança da equipe que inspecionava a unidade, sob o
fundamento de que as facções poderiam considerar a inspeção em dia de
visita íntima como um ato de desrespeito". O texto também aponta que em
algumas unidades, em dias de visita íntima, as mulheres dos presos são
levadas para os pavilhões e as celas são abertas. "Os encontros íntimos
ocorrem em ambiente coletivo. Com isso, os presos e suas companheiras
podem circular livremente em todas as celas do pavilhão, e essa
circunstância facilita o abuso sexual praticado contra companheiras dos
presos sem posto de comando nos pavilhões".
O documento do CNJ enfatiza, ainda, que "a extrema violência é a
marca principal das facções que dominam o sistema prisional maranhense",
e cita um vídeo enviado pelo sindicato dos agentes penitenciários em
que aparece um preso com a pele de uma das pernas dissecada, expondo
músculo, tendões, vasos e ossos, antes de ele ser morto nas dependências
do Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
A crise prisional no Maranhão veio à tona em outubro, quando houve uma rebelião no Complexo de Pedrinhas, deixando nove mortos e 20 feridos. O episódio assustou parte dos moradores
de São Luís em razão da suspeita de que a rebelião tivesse sido
provocada por uma disputa entre facções criminosas e que o conflito
pudesse ganhar as ruas da capital maranhense. Após a rebelião, a
governadora Roseana Sarney decretou estado de emergência no sistema
prisional e pediu ao Ministério da Justiça que enviasse efetivos da
Força Nacional de Segurança para garantir a segurança no presídio. Ainda
em outubro, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública
da União (DPU) encaminharam representação ao procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, pedindo a intervenção federal na administração penitenciária do Maranhão.
Há duas semanas, Janot solicitou à governadora informações
sobre o sistema carcerário no Maranhão para subsidiar um eventual
pedido de intervenção federal no estado devido à situação dos presídios.
Na mesma época, também em razão das mortes provocadas este ano por
brigas entre facções rivais no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da Organização
dos Estados Americanos (OEA), pediu ao governo brasileiro a redução imediata da superlotação das penitenciárias maranhenses e a investigação dos homicídios ocorridos.
Em nota, divulgada em seu site, o governo do Maranhão
reafirma que "sempre agiu em conjunto com todos os setores que atuam na
defesa dos direitos humanos e daqueles que promovem a garantia da
justiça e segurança" e enfatiza que, por meio do Programa Viva Maranhão,
o governo está investindo R$ 131 milhões na construção e no
reaparelhamento do sistema penitenciário do estado. Os recursos servirão
para equipar as unidades com armamentos, portais detectores de metal,
esteiras de raio X, estações de rádio, coletes, algemas e veículos. O
comunicado ressalta também que o sistema prisional do estado terá o
reforço de sete novos presídios e que mais dois, construídos com
recursos do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério
da Justiça, estão com aproximadamente 80% dos serviços concluídos.
Agência Brasil
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