"Vocês pagam o preço mais alto pela reação da
oligarquia contra os que lutam pela emancipação de nosso povo.
Derrotadas nas urnas desde a ascensão do presidente Lula, as forças
conservadoras buscam incessantemente um atalho para deslegitimar a
esquerda e recuperar o terreno perdido", diz o jornalista Breno Altman,
em carta de Ano Novo, endereçada a José Dirceu, José Genoino e Delúbio
Soares
Carta de Ano Novo a três camaradas
A José Dirceu, José Genoino e Delubio Soares
Nasci em uma família na qual a palavra camarada sempre representou o valor supremo das relações humanas. Seu significado vai além de qualquer trato protocolar ou laço de sangue. Camarada é irmão de trincheira, parceiro de sonho, companheiro por quem se põe incondicionalmente a mão no fogo.
A José Dirceu, José Genoino e Delubio Soares
Nasci em uma família na qual a palavra camarada sempre representou o valor supremo das relações humanas. Seu significado vai além de qualquer trato protocolar ou laço de sangue. Camarada é irmão de trincheira, parceiro de sonho, companheiro por quem se põe incondicionalmente a mão no fogo.
Tenho orgulho, como milhares de outros brasileiros, em podê-los
chamar de meus camaradas. Nestas últimas horas do ano que se encerra,
apropriadas para se pensar nas batalhas travadas e nas que ainda virão,
esse sentimento de fraternidade e solidariedade é uma resposta ao
partido do ódio e da covardia.
Vocês pagam o preço mais alto pela reação da oligarquia contra os que
lutam pela emancipação de nosso povo. Derrotadas nas urnas desde a
ascensão do presidente Lula, as forças conservadoras buscam
incessantemente um atalho para deslegitimar a esquerda e recuperar o
terreno perdido. Não é outra a razão de seu empenho para forjar a Ação
Penal 470.
A partir de erros reais cometidos pelo Partido dos Trabalhadores,
originários de um sistema político-eleitoral financiado pelo capital
privado, fabricou-se uma das maiores farsas jurídicas da história de
nosso país. Os setores mais retrógados da velha mídia e da corte
suprema, de forma arbitrária e contra provas, deram curso a um processo
de exceção.
Não há novidade neste estratagema. Da cabeça enferma do capitão
integralista Olímpio Mourão Filho, depois general golpista em 1964,
nasceu o Plano Cohen, nos idos de 1937, para justificar o Estado Novo e o
banimento dos comunistas. O conservadorismo não esconde sua frustração
pelo truque, dessa vez, não ter funcionado a contento. O chamado
“mensalão”, afinal, não foi capaz de contaminar a vontade popular,
apesar de ter golpeado duramente o PT.
Não tenho dúvidas que, mais cedo ou mais tarde, esta farsa terá o
mesmo destino que outras fantasias reacionárias do mesmo naipe, como o
Caso Dreyfus ou o Incêndio do Reichstag. A verdade acabará por
prevalecer, desde que se lute incessantemente por seu restabelecimento.
Foi dessa maneira que o tenente Alfred Dreyfus terminou inocentado da
acusação de ter traído seu país. Também foi o bom combate que desmanchou
a mentira sobre o papel do líder comunista Georgi Dimitrov nas chamas
que consumiram o parlamento alemão, durante os primórdios da ditadura
nazista.
O espírito de vingança e perseguição, que nutre o comportamento dos
principais autores da AP 470, talvez seja um sinal que não está tão
longe o dia no qual esta fraude estará definitivamente desmascarada. A
raiva dos tiranetes, togados ou midiáticos, engravatados ou fardados,
costuma ser a expressão reversa do medo de se verem nus, flagrados em
suas manobras e intenções.
Esta gente gostaria de tê-los dobrados e cabisbaixos, apequenados
como quem aceita a culpa e renega a identidade. Os punhos erguidos
diante da Polícia Federal foram o símbolo maior de que a estatura
histórica e moral dos camaradas presos é infinitamente superior a de
seus algozes.
Aquela cena será a mais cálida lembrança do ano para inúmeros homens e
mulheres que formam nas fileiras progressistas. O gesto de quem
responde à dor e ao sacrifício com vontade inquebrável de resistir. De
quem jamais se entrega.
Vou ficando por aqui. A vocês três, um grande abraço. Com votos de um
bom ano novo para todos nós, queridos camaradas, cheio de saúde e
esperança.
Breno Altman
31 de dezembro de 2013
Breno Altman
31 de dezembro de 2013
Brasil 247
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