Quanto mais as entranhas dos 20 anos de governos do PSDB em São Paulo
são revolvidas, quanto mais são aprofundadas as investigações das
denúncias contra eles, quanto mais as autoridades do judiciário
mergulham na lama do tucanato, mais feias as coisas ficam para eles.
Agora descobre-se que foi apreendido na sede da Alstom, na França, um
documento que indica que integrantes da Secretaria de Energia e de três
diretorias da Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE)) foram
subornados para que a companhia obtivesse, em 1998, a extensão por mais
cinco anos de um contrato que há muito expirara, de US$ 45,7 milhões (R$
52 milhões, em valores da época) com a estatal no 1º governo Mário
Covas.
Ele se reelegeu e morreu no meio do 2º segundo mandato, sendo
substituído pelo governador Geraldo Alckmin. O documento apreendido na
sede da Alstom francesa não traz nomes das pessoas que receberam propina
na Secretaria e na EPTE – traz iniciais – mas é claro ao dizer que a
Secretaria de Energia (“SE”) recebeu 3% do contrato de R$ 52 milhões e
as diretorias financeira, administrativa e técnica da EPTE, receberam
1,5%, 1% e 0,13%. O significado das letras – siglas – foi revelado à
Folha de S.Paulo por Jean-Pierre Courtadon, ex-vice-presidente da
Alstom, investigado no Brasil por pagamento de propina. Ele nega.
A Folha numa manchete de 1ª contra tucanos. Sem citá-los no título
Sem as palavras tucano ou PSDB no título, a Folha
surpreendentemente dá o assunto como sua manchete de 1ª página hoje – o
que ela raramente faz em se tratando de denúncia contra o tucanato -,
com o título “Documento da Alstom revela lista de subornos”. Ainda na 1ª
diz que propina por contrato inclui secretaria e estatal da gestão
Covas, que o valor total do suborno chegou a R$ 6,4 milhões (valores de
1998), ou o equivalente a 12,3% do contrato aditivo firmado no governo
Covas – um contrato de 1983, que não poderia ser prolongado em 1998.
O maior valor em suborno (RS 2,07) milhões), de acordo com as
investigações, teria sido pago a Robson Marinho, hoje conselheiro do
Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) e chefe da Casa Civil do governo
Mário Covas entre 19995 e 1997. O documento francês aponta que a empresa
MCA, usada por Romeu Pinto Jr. para a intermediação teria enviado a
propina paga pela Alstom, de contas secretas da empresa na Suíça. Depois
uma empresa chamada Acqua Lux, que pertence a Sabino Indelicato, enviou
mais suborno. Os investigadores suspeitam que Sabino Indelicato é
laranja de Robson marinho.
À época da assinatura do contrato, abril de 1998, o secretário de
Energia do Estado era Andrea Matarazzo, hoje vereador pelo PSDB na
Câmara Municipal da capital. Ele nega agora, e sempre negou, ter
recebido propina. O documento revelado hoje pela Folha de S.Paulo foi
usado nos processos francês e suíço contra a Alstom.
Como vocês veem, o escândalo é velho. O problema é que eles não
apuram nada. Mas atenção, esse é outro escândalo, paralelo, não o da
Siemens, do trensalão, que a gente está cansado de dar e cobrar
investigação. Esse é da área energia. Até agora não havia identificação
de quem recebera a propina, de quem fora subornado. Agora um documento
identifica, não nomes, mas as áreas da secretaria, da estatal para onde
foi o dinheiro.
Blog do Zé Dirceu
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