De acordo com o promotor André Luiz Garcia (esq.),
da divisão de Combate ao Crime Organizado, a prisão preventiva de Marco
Aurélio Carone (centro), dono do Novo Jornal, foi pedida porque ele
estaria atacando testemunhas que seriam ouvidas em um processo contra
ele; “De 11 pessoas arroladas na denúncia, ele mencionou (no Novojornal)
simplesmente 10, dizendo que elas estavam vinculadas a práticas
criminosas”, sustenta o promotor; decisão também determina que o site
saia do ar e pede a apuração de como ele se mantém; deputado Rogério
Correa (dir.), do PT, defende convocação de Carone pela Assembleia
Minas 247 -
A prisão do empresário Marco Aurélio Carone, dono do Novo Jornal, foi
pedida, segundo o Ministério Público, porque ele estaria usando seu
veículo de comunicação para achincalhar e intimidar testemunhas. “Ele
(Carone) utilizava o fato de ser jornalista para tentar se acobertar
alegando liberdade de imprensa. Como se isso fosse uma carta branca para
cometer toda a sorte de crimes, publicando notícias inverídicas e
tentando desmoralizar autoridades e instituições com o objetivo de
facilitar a atuação dessa quadrilha”, denuncia o promotor André Luiz
Garcia, da divisão de combate ao crime organizado. Para o promotor, o
site funcionava “como uma arma na mão dele”, que era apontada para quem
ele desejasse. “Foi assim durante vários anos até que a investigação
envolvendo a quadrilha o pegou”, afirma Garcia.
O deputado
petista Rogério Correa, no entanto, defende que Carone seja convocado
pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. “Assim que voltarmos do
recesso, vamos convocá-lo para prestar depoimento na Comissão de
Direitos Humanos da Assembleia. Nesse caso, ele pode vir mesmo estando
preso, para denunciar a perseguição promovida pelo PSDB de Minas contra
seus adversários políticos”, defende o parlamentar.
Leia, abaixo, reportagem publicada pelo jornal Estado de Minas sobre a prisão de Carone:
Proprietário do Novojornal, Marco Aurélio Flores Carone, é preso por falsificação
Suspeito
de integrar quadrilha, dono de jornal na internet também é acusado de
intimidar testemunhas que seriam ouvidas em processo contra ele, segundo
o Ministério Público
Daniel Camargos
O proprietário do Novojornal,
Marco Aurélio Flores Carone, foi preso nessa segunda-feira, em Belo
Horizonte. A prisão foi pedida pelo Ministério Público de Minas Gerais
(MPMG) e acatada pela juíza substituta da Segunda Vara Criminal, Maria
Isabel Fleck. De acordo com o promotor André Luiz Garcia, da Promotoria
de Combate ao Crime Organizado, a prisão preventiva foi pedida porque
Carone estaria atacando testemunhas que seriam ouvidas em um processo
contra ele. “De 11 pessoas arroladas na denúncia, ele mencionou (no
Novojornal) simplesmente 10, dizendo que elas estavam vinculadas a
práticas criminosas”, sustenta o promotor. A decisão também determina
que o site da publicação saia do ar.
Para o promotor Garcia, o Novojornal
funciona como uma fachada para práticas de delitos contra a honra. Além
disso, ele acusa Carone de integrar uma quadrilha comandada por Nilton
Monteiro, que está preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem.
Monteiro é tratado como lobista e especialista em falsificação de
documentos, entre eles, a Lista de Furnas, com nomes de políticos que
teriam recebido recursos da empresa para a campanha eleitoral de 2002.
“Ele (Carone) utilizava o fato de
ser jornalista para tentar se acobertar alegando liberdade de imprensa.
Como se isso fosse uma carta branca para cometer toda a sorte de crimes,
publicando notícias inverídicas e tentando desmoralizar autoridades e
instituições com o objetivo de facilitar a atuação dessa quadrilha”,
denuncia o promotor. “Era a mesma coisa que um traficante preso
transportando drogas alegar que não podia ser preso, por que ele tem o
direito de ir e vir”, compara.
O advogado de Carone, Hernandes Purificação de Alecrim, afirmou que está analisando o processo e preferiu não se posicionar.
Carone é de uma família com tradição política na capital mineira. Seu
pai, Jorge Carone, foi prefeito da capital em 1962 e a mãe, Nísia Flores
Carone, foi deputada federal. O irmão, Antônio Carlos Carone, foi
vereador em Belo Horizonte entre 1977 e 1988. O Novojornal, que começou
em versão impressa, mas nos últimos anos é veiculado somente na
internet, publicava denúncias constantes contra o grupo político que
comanda Minas Gerais. Entre os alvos prediletos de Carone estão o
senador Aécio Neves (PSDB), o secretário de Governo Danilo de Castro
(PSDB) e o ex-governador e atual deputado federal Eduardo Azeredo
(PSDB).
Para o promotor, o site funcionava “como uma arma na mão dele”, que era apontada para quem ele desejasse. “Foi assim durante vários anos até que a investigação envolvendo a quadrilha o pegou”, afirma Garcia. Há um mês, o carro do promotor foi incendiado no Bairro Serra. Ele informou que aguarda a conclusão da investigação da Polícia Civil. “Mas não há dúvida que existe suspeita sobre essa quadrilha”, afirmou o promotor.
‘BALCÃO DE NEGÓCIOS’ A relação entre Monteiro e Carone se dava da seguinte maneira, segundo o promotor: “Muitas coisas que o Nilton Monteiro iria falsificar eram publicadas de antemão pelo site (Novojornal), relatando que isso viria a ser feito”. De acordo com a decisão da juíza: “O grupo de delinquentes tem como líder a pessoa de Nilton Monteiro, atualmente preso, e como relações públicas o indivíduo que se passa por jornalista de nome Marco Aurélio Flores Carone, responsável pelo site Novojornal, que nada mais é senão um balcão para os negócios do bando”.
O promotor afirma que o Novojornal
recebia cerca de R$ 60 mil por mês e que o objetivo da investigação é
descobrir quem são os patrocinadores. Garcia oferecerá a Carone, que
está preso no Ceresp da Gameleira, o benefício da delação premiada, caso
ele entregue quem são os financiadores. A prisão preventiva pode durar
até 90 dias. A denúncia do MP acusa Carone de sete crimes: falsificação
de documentos públicos e particulares, fraude processual, denunciação
caluniosa, uso de documentos falsos, formação de quadrilha e falsidade
ideológica.
Brasil 247
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