sexta-feira, 11 de abril de 2014

Filhos pedem à comissão de direitos humanos que veja condições de Dirceu na prisão



O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) e Joana Saragoça, filhos do ex-ministro José Dirceu, fizeram um apelo à Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara dos Deputados para que constitua uma comissão que averigue as condições em que se encontra o ex-ministro no complexo da Papuda. Dirceu completa hoje 147 dias isolado, em completa ilegalidade, cumprindo pena em regime fechado, à espera de autorização para trabalhar fora e, assim, cumprir a sentença no regime semiaberto a que tem direito e como determina a lei. Zeca afirma que o pai está cada vez mais magro e passou a enfrentar problemas de saúde.


Zeca e Joana fizeram o pedido com o objetivo de que a comissão constate que o pai deles não usufrui de nenhuma regalia ou benefício, vive da mesma forma que os outros presos, ao contrário do que é divulgado com insistência pela mídia. As notícias de privilégios a Dirceu têm servido de pretexto à Vara das Execuções Penais de Brasília e do Supremo Tribunal Federal (STF)  para protelar a autorização da justiça para que ele passe a fazer trabalho externo e cumpra a pena no regime semiaberto.


Os dois filhos de Dirceu encaminharam o pedido à CDH através do deputado Nilmário Miranda (PT-MG). Eles se encontraram com o parlamentar mineiro no início desta semana e lhe pediram a apresentação de um requerimento na comissão para a formação do grupo suprapartidário de deputados para visitar Dirceu na prisão e elaborar um relatório sobre a situação do ex-ministro.


Pedido para que a lei seja cumprida já foi feito várias vezes


A ideia é encaminhar este relatório ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, com novo pedido para que o ex-ministro possa trabalhar fora e cumprir o regime semiaberto estabelecido em lei. O pedido já foi feito várias vezes, mas continua parado na Justiça. Nilmário  apresentou o pedido e a proposta será votada semana que vem.


“Recebi a visita dos filhos de José Dirceu. Eles fizeram um pedido explícito a essa comissão. Reclamam que há cinco meses o pai, condenado ao regime semiaberto, cumpre regime fechado na Papuda. A família diz que a alegação (da Justiça) para não passar para o semiaberto é que ele teria regalias na prisão, que teria usado um celular, coisa que não ficou comprovado. O pedido dos filhos é que essa comissão (a ser constituída) vá a Papuda verificar se realmente há regalias e que faça um relatório e o faça chegar ao responsável pela execução da pena”, explicou ao jornal O Globo o deputado Nilmário Miranda.


Zeca Dirceu contou ao jornal carioca que decidiu procurar a CDH da Câmara e pedir apoio para seu pai por julgar uma injustiça o que é infligido ao ex-ministro. Zeca repetiu que Dirceu não tem regalia alguma na Papuda e que ele mesmo tem dificuldades para visitá-lo. Filhos e irmãos do ex-ministro só estão podendo visitá-lo a cada 15 dias. A demora da Justiça em liberá-lo para trabalhar fora do presídio é uma das razões da angústia e do quadro clínico de Dirceu, alerta Zeca.


Dirceu não tem regalias, privilégios, nem benefícios


“Tenho lido que há regalias e privilégios para ele na prisão e digo que isso não existe. Pouco tenho conseguido ir lá. E, mesmo para mim, é duro e rígido. Tenho que ir de roupa branca, passar pelo raio X e passar por revista. Tem horário. Não é fácil ter autorização. Minhas família, minhas irmãs e meus tios mal conseguem vê-lo. Ou seja, sou o maior exemplo de que não há regalia alguma”, disse ao Globo Zeca Dirceu, que afirmou que esse quadro afetou a saúde do pai.


“Ele está cada vez mais magro, a cada dia aparentando mais problemas de saúde. Gostaria que vocês, jornalistas, pudessem vê-lo. O que está ocorrendo é uma grande injustiça. Viver o que ele está vivendo e ainda ser visto como o grande privilegiado do país?! Ele está sendo perseguido e a responsabilidade é do Judiciário. Está ficando emocionalmente abalado com essa situação porque percebe que há uma ação orquestrada. Por isso pedimos à Comissão de Direitos Humanos da Câmara que vá visitá-lo e fazer uma inspeção.”


O deputado Nilmário Miranda ainda afirma que outros detentos, julgados juntos com Dirceu e presos no mesmo local, já passaram a trabalhar. A autorização para trabalho externo já foi dada a todos os demais presos da Ação Penal 470 (mensalão), inclusive aos que se entregaram depois que o ex-ministro. Só a José Dirceu ainda não foi dada a autorização para mantê-lo isolado em uma ala da Papuda.


Semiaberto autorizado a todos os demais presos. Só a Dirceu continua sendo negado


“Todos os demais condenados (do mensalão) já foram para o trabalho. E sempre tem essa alegação da regalia. Gostaria que a comissão fosse até lá, na Papuda, e levantasse a situação real. Por isso, gostaria que tivesse composição de pessoas vinculadas a vários partidos, para não se ter a suspeição sobre a real intenção”, insistiu Nilmário Miranda. Ele antecipou já ter o apoio dos deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Luiza Erundina (PSB-SP) e Janete Capiberibe (PSB-AP), de partidos de oposição ao governo. Os três já teriam se comprometido a integrar a comissão de visitação a Dirceu.


“A família alegou que todos os meios e recursos jurídicos já foram utilizados. E que o executor (da pena) é o mesmo que preside o STF  e o CNJ (ministro Joaquim Barbosa). É o mesmo  (um só) que decide. Eles (familiares) não têm mais a quem recorrer e por isso buscaram a Comissão de Direitos Humanos”, concluiu Nilmário.



Blog do Zé Dirceu

Nenhum comentário:

Postar um comentário