Este
blog, em nome de seu titular, o ex-ministro José Dirceu – há seis meses
impedido de escrevê-lo – homenageou em outra nota (leiam abaixo, http://www.zedirceu.com.br/igreja-progressista-esta-de-luto-morreu-d-tomas-balduino/) o bispo emérito de Goiás Velho, Dom Tomás Balduíno, falecido nas últimas horas da noite de ontem, em Goiânia.
Um dos “bispos vermelhos” da Igreja, como era tratado nos relatórios e
documentos da ditadura militar que o perseguiu por ser de esquerda, Dom
Tomás está sendo velado em Goiânia nesta manhã e até às 10 h do
domingo. Depois volta à sua cidade, Goiás Velho, para ser sepultado na
catedral local.
Agora, nesta nota, a gente publica o bonito poema do Pedro Tierra, na
verdade pseudônimo do poeta Hamilton Pereira, que nasceu em Porto
Nacional (TO), e passou a vida em seminários e prisões. Por sua
militância na Ação Libertadora Nacional (ALN), ele foi torturado e
cumpriu cinco anos de prisão (1972/77) em Goiânia Brasília e São Paulo.
Libertado, ajudou a fundar sindicatos de trabalhadores rurais e integra o
diretório nacional do PT há 28 anos. Foi secretário de Cultura de
Brasília, é militante do MST, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e é
membro da diretoria da Fundação Perseu Abramo.
O poema de Hamilton Pereira, a homenagem do MST a Dom Tomás Balduíno:
HOMENAGEM DOS MILITANTES DO MST
Nossa eterna gratidão a Dom Tomas Balduino..
usamos a palavra do poeta para homenageá-lo.
usamos a palavra do poeta para homenageá-lo.
Calou-se uma voz dos oprimidos
por Pedro tierra
Calou-se a voz de Tomás Balduíno,
nessa noite de 2 de maio.
Uma voz que nunca quis ser sozinha,
sabia, desde os anos de chumbo:
uma voz solitária não suspende a manhã.
Quis ser uma voz entre vozes,
ergueu sua voz dentro do vasto coro dos oprimidos:
os índios, os posseiros, os lavradores,
os retirantes da seca e da cerca
e os que se levantam contra elas,
as mulheres, os negros, os migrantes, os peregrinos
para forçar claridades, para ensinar amanhecer.
Tomás é palavra.
A palavra que banha como bálsamo.
A palavra que fustiga.
Incendeia.
A palavra que perdoa
mas aponta – sempre – o caminho da Justiça.
E o que somos na vida?
Somos os ossos das palavras
que povoam o caminho de pedra ou flores
que sangram os pés dos nossos filhos.
Tomás é sertão.
O sertão e suas armadilhas.
O sertão e suas infinitas contradições.
Tomás é sertão
onde se dobram os ventos de Goiás e Minas,
onde nascem águas
nessa infinita geografia
que alimenta nossas esperanças.
Calou-se a voz de Tomás Balduíno.
Permanecerá sua palavra.
Tomás é sertão:
gesto de fé nessa gente que não se dobra.
por Pedro tierra
Calou-se a voz de Tomás Balduíno,
nessa noite de 2 de maio.
Uma voz que nunca quis ser sozinha,
sabia, desde os anos de chumbo:
uma voz solitária não suspende a manhã.
Quis ser uma voz entre vozes,
ergueu sua voz dentro do vasto coro dos oprimidos:
os índios, os posseiros, os lavradores,
os retirantes da seca e da cerca
e os que se levantam contra elas,
as mulheres, os negros, os migrantes, os peregrinos
para forçar claridades, para ensinar amanhecer.
Tomás é palavra.
A palavra que banha como bálsamo.
A palavra que fustiga.
Incendeia.
A palavra que perdoa
mas aponta – sempre – o caminho da Justiça.
E o que somos na vida?
Somos os ossos das palavras
que povoam o caminho de pedra ou flores
que sangram os pés dos nossos filhos.
Tomás é sertão.
O sertão e suas armadilhas.
O sertão e suas infinitas contradições.
Tomás é sertão
onde se dobram os ventos de Goiás e Minas,
onde nascem águas
nessa infinita geografia
que alimenta nossas esperanças.
Calou-se a voz de Tomás Balduíno.
Permanecerá sua palavra.
Tomás é sertão:
gesto de fé nessa gente que não se dobra.
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