Todo economista de bom senso está aterrorizado com o deslizamento da Eurozona para a deflação
Grupo P7 - Mais Europa/Flickr
“Havia muita política boa em
Simpson-Bowles”, escreve ele, “incluindo cortes em subsídios agrícolas
exagerados e gastos maiores em infraestrutura para reforçar o
crescimento, mas os cortes de benefícios e as reformas fiscais foram
bastante regressivos e a economia em assistência à saúde, muito modesta.
No entanto, o plano atingiria uma posição mítica entre as elites de
Washington como símbolo de nobre seriedade bipartidária.”
De fato. E isso me leva a outro
pensamento: conheço um lugar onde a nobre seriedade bipartidária
realmente predomina, onde o grande e o bom andam juntos para formar um
consenso sobre o que deve ser feito, e o público é então informado sobre
o que vai apoiar. Chama-se Europa – e não está funcionando muito bem.
Certamente, também temos problemas nos
Estados Unidos – principalmente o fato de que pessoas loucas têm o poder
de bloquear a política. Mas existe essa coisa notável na Europa em que
as vozes críticas simplesmente não são ouvidas. O economista Lars
Svensson pode passar anos indicando que o Riksbank está estourando e
ninguém escuta, até que um forasteiro entra em cena. Todo economista com
um pouco de senso está aterrorizado com o deslizamento da Zona do Euro
para a deflação, mas os ortodoxos se surpreendem ao ouvir que isso é um
problema.
É verdade que às vezes precisamos que as
pessoas se unam para fazer a coisa certa. Mas nos últimos anos tem sido
uma regra confiável que quando pessoas importantes chegam a um consenso
sobre alguma coisa elas estão terrivelmente erradas.
O rendimento
dos títulos da Espanha hoje está mais ou menos igual ao dos títulos
americanos. Isso nos diz duas coisas – uma boa e outra ruim. A boa
notícia é que os investidores não precisam mais temer muito uma quebra
do euro tão cedo. A má notícia é que eles esperam que a Europa continue
deprimida por muito tempo.
Sobre esse segundo ponto, você encontra
pessoas dizendo que como a Zona do Euro retomou o crescimento positivo a
crise terminou. Acho útil indicar aqui que a longa estagnação do Japão
consistiu principalmente em períodos de crescimento da economia. Na
verdade, ela passou a maior parte do tempo crescendo mais depressa do
que a Europa consegue hoje.
Por isso, quando as pessoas me perguntam
se é possível que a Europa experimente uma década perdida no estilo
japonês, eu lhes digo que a questão real é se é possível que isso não
aconteça; a recuperação, e não a estagnação, é mais difícil de prever.
•
Nate Silver conseguiu grande sofrimento
quando escolheu Roger Pielke Jr., de todas as pessoas, para escrever
sobre o meio ambiente em seu novo site, FiveThirtyEight. Pielke,
professor na Universidade do Colorado, é considerado entre os cientistas
do clima um gnomo maligno da preocupação – alguém que finge ter
mentalidade aberta, mas na verdade se dedica a minar a tese dos limites
de emissões.
Mas isso é justo? Bem, alegro-me em relatar que Pielke recentemente escreveu uma carta ao editor do Financial Times
sobre a economia dos limites de emissões – algo sobre que conheço um
bocado – que confirma de forma abundante sua má reputação. Segundo
Pielke, “as emissões de carbono são o produto do crescimento do PIB e
das tecnologias de consumo e produção de energia. Mais precisamente,
essa relação é chamada de Identidade Kaya – por causa de Yoichi Kaya, o
cientista japonês que a propôs pela primeira vez nos anos 1980. Assim,
por definição, um ‘limite de carbono’ significa necessariamente que um
governo está se comprometendo ou com uma cessação do crescimento
econômico ou com o avanço sistemático da inovação tecnológica em
sistemas de energia com uma agenda previsível, de tal modo que o
crescimento econômico não seja restrito. Como deter o crescimento
econômico não é uma opção, na China ou em qualquer outro lugar, e como a
inovação tecnológica não ocorre por magia, na prática não há tal coisa
como um limite de carbono”.
Então vamos falar sobre por que isso é
idiota. Sim, as emissões refletem o tamanho da economia e as tecnologias
disponíveis. Mas também refletem opções – sobre o que consumir e como
produzi-lo; opções sobre quais tecnologias energéticas usar. Essas
escolhas são, por sua vez, fortemente afetadas por incentivos: mude os
incentivos e poderá mudar muito a quantidade de emissões associada a um
determinado volume de PIB real.
Carta Capital
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