25 de junho de 2014 | 18:34 Autor: Fernando Brito
A contratação direta da Petrobras como exploradora exclusiva do
megacampo de Búzios (e a áreas de Tupi Nordeste, Florim e entono de
Iara, a ele agregadas) deixou sem reação o campo entreguista da política
e da economia brasileira.
Foi para o espaço a primeira das “medidas impopulares” do sonho de
governo tucano: revogar o modelo de partilha do petróleo e leiloar uma
quantidade de petróleo que se aproxima de todas as reservas já provadas
do país até hoje.
Embora a contratação direta da Petrobras estivesse autorizada em lei
e, depois de a empresa ter feito toda a prospecção preliminar das
jazidas, isso fosse apenas uma consequência lógica, eles estavam certos
que o enfraquecimento político da Petrobras, com a onda de “denúncias”
dos últimos meses, e as dificuldades econômicas do Governo obrigassem ao
planejamento de um leilão do petróleo excedente aos 5 bilhões de barris
concedidos à petroleira nacional quando da capitalização, cessão que
seria juridicamente quase impossível de revogar.
A esperança era este excedente.
E este excedente é uma imensidão de até outros 15 bilhões de barris, além daqueles cinco bilhões já contratados.
Tanto é assim que estabeleceu-se um conveniente silêncio sobre o tamanho destas reservas.
E que, sabemos agora, podem chegar a ser o dobro do megacampo de Libra.
Porque o quadro divulgado ontem pelo Governo e registrado na CVM como
“fato relevante” pela empresa fala em até 15 bilhões de barris como
“volume excedente” ao já contratado e não como volume total.
Como a gente avisou, no ano passado, Franco (agora Búzios) é maior do
que Libra e, com as demais áreas agregadas, muito, muito maior.
É claro que não era só este Tijolaço que sabia desta imensidão. Muito
antes de mim, toda a indústria do petróleo já tinha ciência disso.
Por isso, estão sem palavras.
O inevitável “consultor” Adriano Pires, o homem que queria vender Libra pelo preço de um quarto-e-sala, lamenta no jornais: “é muito estranho fazer isso perto da eleição” e que a decisão espantará os maravilhosos “investidores estrangeiros”.
Muito pelo contrário, o que a indústria do petróleo quer é que baixem
as exigências de conteúdo nacional para a exploração e como ela isso só
acontecerá nos casos absolutamente necessários para o cronograma de
exploração que a Petrobras já vem dilatando, vão é continuar a se
instalar aqui. E as petroleiras estão loucas para a Petrobras vender
pequenas partes das concessões que tem no pós-sal para liberar capitais
para a exploração das megajazidas.
E pode ser até que o faça, muito seletivamente.
Por não terem o que falar, vão dizendo besteiras desconexas, como
“sem licitação”, “dinheiro para acertar as contas públicas” e outras
tolices.
A contratação direta da Petrobras está clara e explicitamente prevista na Lei da Partilha.
E os R$ 2 bi – do total de R$ 15 bi, equivalente ao bônus de Libra –
que a Petrobras pagará neste ano e em 2015 não são sequer 3% da meta de
superavit primário do Governo Federal.
O governo, por seu turno, também conduziu o processo muito
discretamente, para evitar o recrudescimento das campanhas
anti-Petrobras.
Até agora, a própria mídia está meio atônita que não “pescou” o que
mencionei lá em cima: trata-se de uma área com até o dobro das reservas
de Libra.
Mas escreva aí: vai começar uma imensa chiadeira.
A choradeira de perdedor.
Tijolaço
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