Em depoimento à CPMI da Petrobras, residente da
estatal avaliou que a compra da refinaria de Bahia Blanca, na Argentina,
feita durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso, foi menos
interessante que a de Pasadena, nos Estados Unidos, feita quando Lula
era presidente; "Pasadena é um investimento menor para uma capacidade
maior", disse
Agência Câmara - A presidente da Petrobras,
Graça Foster, avaliou que a compra da refinaria de Bahia Blanca, na
Argentina, feita durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso na
Presidência da República, foi menos interessante que a de Pasadena, nos
Estados Unidos, feita quando Luiz Inácio Lula da Silva ocupava o Palácio
do Planalto.
"Pasadena é um investimento menor para uma capacidade maior", disse,
ao lembrar que a refinaria na Argentina tem capacidade para processar 30
mil barris/dia, e Pasadena pode processar 100 mil barris diários. Ela
participa de reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI)
que investiga denúncias contra a estatal.
A investigação de eventos durante a gestão tucana na Presidência foi
aprovada em 3 de junho pela comissão, mesmo após pedido do deputado Onyx
Lorenzoni (DEM-RS) para retirar esses requerimentos da votação pelo
colegiado. Ele argumentou que essas investigações fugiam ao escopo da
CPMI, que começa em 2005.
Presidente da Petrobras justifica atuação da estatal
Graça Foster apresentou explicações sobre os quatro eixos de
investigação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre
denúncias contra a estatal. Ela falou por mais de uma hora, justificando
cada ponto de investigação da CPMI.
Sobre a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, Foster reafirmou,
pela quarta vez em poucos meses, que a aquisição da refinaria foi um mau
negócio se analisado atualmente, mas uma compra potencialmente boa a
partir do cenário da época. "A refinaria de Pasadena nos dias atuais não
foi um bom negócio, com as condições atuais", disse. A compra da
refinaria ficou em um custo de 1,25 bilhão de dólares, somados a 680
milhões de dólares em obras de manutenção.
Em relação aos contratos com a SBM Offshore, a presidente afirmou que
não há privilégios para a empresa holandesa. Há denúncias de que a SBM
pagou propina a funcionários da Petrobras para conseguir benefícios.
A executiva disse que a estatal tem, desde 1996, 27,67 bilhões de
dólares em contratos com a empresa holandesa para fretar dez plataformas
(nove alugueis e uma construção). Segundo ela, das 23 plataformas do
tipo FPSO (Unidades Flutuantes de Produção, Armazenamento e Descarga) da
Petrobras, oito são da SBM Offshore e outras oito da empresa japonesa
Modec Inc.
Segurança
"Neste ano de 2013, do ponto de vista de segurança e meio ambiente,
tivemos o melhor ano histórico dos últimos 60 anos", disse a presidente
da estatal, ao explicar a melhoria em segurança nas plataformas,
terceiro eixo de investigações da CPMI.
Foram quatro mortes de trabalhadores em 2013, nove a menos que as 13
registradas em 2012. "São dois elementos fundamentais: a vida acima de
qualquer coisa, e a produtividade da companhia", disse.
Abreu e Lima
Graça Foster relacionou o aumento do custo da refinaria de Abreu e
Lima, em Pernambuco, dos 2,5 bilhões de dólares em 2005 para os atuais
18,5 bilhões de dólares, ao fato de que a estatal estava há mais de 20
anos sem construir novas refinarias. "As referências não foram de uma
refinaria nova, mas de expansões de custos unitários de valor baixo",
reconheceu.
Sem citar nomes, a presidente da Petrobras rebateu a acusação do
ex-diretor de abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa sobre os
cálculos feitos para construção da Abreu e Lima. "Podemos ter cometidos
todos os erros, mas foi um trabalho técnico, de quem fez a última
refinaria na década de 80."
Costa afirmou em entrevista que a Petrobras fez "conta de padeiro"
para aprovar a construção da refinaria. Ele ficou dois meses preso por
envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10
bilhões, investigado na operação Lava-Jato da Polícia Federal.
Venezuela
Em relação à parceria entre a Petrobras e a estatal Petróleos de
Venezuela S/A (PDVSA), que acabou não acontecendo, Graça Foster disse
que a avaliação foi de que a empresa não atendia as expectativas. "Por
cinco anos trabalhamos para que a PDVSA viesse." A incorporação dos 40%
que ficariam a cargo da estatal venezuelana foi feita em dezembro de
2013.
Brasil 247
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