16 de junho de 2014 | 10:38 Autor: Fernando Brito
Termina hoje a primeira rodada da fase inicial da Copa.
Onze dos 12 estádios já tiveram jogos, sem qualquer problema
significativo, embora tenhamos legiões de repórteres procurando
defeitos.
Multidões de argentinos, colombianos, holandeses e gente de todas as
partes chegaram nos aeroportos, que funcionaram sem contratempos.
Com algumas dificuldades, aqui e ali, todos chegaram nos estádios em paz e com tranquilidade.
O “imagina na Copa” perdeu de goleada para a realidade.
O que não funcionou, aliás, em geral foram as obrigações da Fifa e
seu “padrão”: a festa pífia da abertura e o “mico” de ontem no
Beira-Rio, quando o sistema de som engasgou na Marselhesa, que ainda
será cantada a plenos pulmões, como foi, por milhões em todo o mundo,
pelo que significou para os povos a Revolução Francesa.
O Brasil experimenta um clima festivo e alegre como poucas vezes.
E o que se passa dentro e em torno dos campos mereceu hoje, do site inglês Eurosport,
uma das maiores redes esportivas da Europa, uma matéria onde se diz
que, em quatro dias, esta caminha para ser a melhor copa de todos os
tempos.
Claro que cabem discussões sérias e responsáveis sobre o que se
gastou no evento diretamente, embora a maior parte dos gastos sejam em
obras que servem à população e só eventualmente aos torcedores.
Mas todo mundo sabe e sabia que negociar com uma máfia como a Fifa
não seria, propriamente, trabalhar ao lado de Mahatma Ghandi ou da Irmã
Dulce.
Ou alguém achava que fazer a Copa poderia ser um “churrasquinho na
laje”, como nós gostamos de fazer, e o que, aliás, não nos tira um grama
da nossa alegria simples e focada nas pessoas.
Como perguntou muito bem o Florestan Fernandes Jr. no
GGN, “onde estavam ontem os políticos que festejaram a escolha do
Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014? Onde estavam: Lula, Sérgio
Cabral, Eduardo Campos, Aécio Neves, José Serra, Jaques Wagner, Yeda
Crusius, Cid Gomes, Carlos Eduardo de Sousa Braga, Wilma de Faria,
Roberto Requião, José Roberto Arruda, Blairo Maggi? Onde estava Marina
Silva que queria uma sede no Estado dela, o Acre? Onde estavam os
prefeitos, senadores, deputados, âncoras de televisão e rádio que
queriam tanto a Copa do Mundo? Onde estavam os prefeitos e governadores
responsáveis pelas obras exigidas pela Fifa?”
Todo mundo na toca, embora a Lula, pelo seu tamanho político, não
coubesse mesmo ofuscar a primeira mandatária do país. E ele ainda teve a
coragem de protestar contra a “babaquice” da imprensa de achar que os
estrangeiros exigiriam ser carregados no colo até dentro dos estádios…
Foi Dilma Rousseff quem botou a cara para as Donas Lalá, da “área VIP” a xingarem.
Ficamos nisso, nos de “barriga-cheia” que ganharam ingressos da
Globo, do Itaú e de outros patrocinadores e os de “cabeça-vazia”, que
juntam umas dezenas de babacas para ir arrumar confusão na porta dos
estádios, nenhum deles capaz de entender as regras básicas de
convivência.
Aliás, a direita hidrófoba ainda quer que a agradeçamos por estar
“apenas” mandando pessoas irem “tomar”, quando diz que poderia ser pior e
estar nos “protestos” de gatos pingados.
É a versão chique do “poderia estar roubando, poderia estar matando, mas estou apenas…”
Ontem, duas horas e pouco antes do jogo da Argentina, passei próximo
ao Maracanã com meu filho pequeno e, sozinho, meia hora depois.
Uma festa em azul e branco, de argentinos e brasileiros.
Ruas cheias, bares lotados, sorrisos e alegria.
Claro, teve uns grupinhos de “barrabravas” castelhanos e nacionais, fazendo confusão. Assim como tem na Inglaterra e na Holanda.
A diferença é que aqui, ao longo de mais de um ano, isso foi insuflado pela mídia e pela oposição.
Só vi isso antes na construção do Sambódromo, em 1983, com Brizola,
naquela ocasião com (além da Globo) o Governo Federal sabotando, ao
ponto de o porta-voz de Figueiredo, o senhor Carlos Átila, declarando à
imprensa que torcia para chover muito durante o Carnaval.
Os fatos, porém, os fatos têm uma força que se impõem sempre, sobretudo quando se age com coragem e sem se deixar intimidar.
Mas paro por aqui, senão começo a elogiar a seleção da Holanda,
garfada com um pênalti que provocou menos de 1% da indignação do sofrido
por Fred.
Que praticou uma antiquíssima e esquecida regra para proteger sua defesa relativamente inexperiente.
Atacou, atacou e atacou.
Com juízo e sem imprudência, mas absolutamente corajosa diante do supostamente imbatível “tic-tac” da poderosa Espanha.
Tijolaço
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