Ex-diretor da Petrobras foi preso nesta
quarta-feira pela segunda vez, em sua casa, no Rio de Janeiro; prisão
foi baseada em acusação de que havia risco de fuga; Paulo Roberto Cota,
que já ficou 59 dias preso no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia
Federal, escondeu da polícia que tinha passaporte português e US$ 23
milhões em contas na Suíça; autoridades daquele país já bloquearam o
dinheiro, por suspeita de que vinha de desvios da Petrobras durante a
construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco
247 – A polícia voltou a prender nesta
quarta-feira 11 o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que
estava em sua casa na Barra, no Rio de Janeiro. A prisão foi baseada em
denúncia de que havia risco de fuga. Costa, que foi detido em março no
âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e ficou 59 dias preso,
não disse à polícia que tinha passaporte português e US$ 23 milhões (R$
51,3 milhões) em contas na Suíça. Ele foi solto após decisão do
ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
Autoridades daquele país bloquearam as contas bancárias atribuídas ao
ex-diretor da Petrobras. A suspeita do Ministério Público da
Confederação Suíça, que pediu o bloqueio, é de que elas tenham sido
abastecidas com dinheiro desviado da estatal brasileira durante a
construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, informa reportagem
da Folha de S. Paulo.
Outros US$ 5 milhões bloqueados (no total foram US$ 28 milhões)
pertenciam aos familiares de Costa e do doleiro Alberto Youssef. O
ex-diretor da estatal é acusado de favorecer Youssef em contratos
firmados com a Petrobras e de ter se beneficiado com um suposto
superfaturamento da refinaria.
Costa era um dos responsáveis pela construção da Abreu e Lima, uma
vez que foi diretor de Abastecimento da empresa entre 2004 e 2012.
Ontem, em depoimento à CPI da Petrobras no Senado, ele afirmou que o
custo da obra não foi superfaturado, mas que a companhia errou ao
divulgar um número preliminar. "Não houve má-fé. Houve o erro de
divulgar um dadoextremamente preliminar. Um dado divulgado na hora
errada e de forma errada", disse. O custo inicial da Abreu e Lima era de
US$ 2,5 bilhões, mas a obra deve passar de US$ 18 bilhões.
Abaixo, reportagem da Agência Brasil sobre a prisão de hoje:
Ex-diretor da Petrobras volta a ser preso
André Richter – O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba,
determinou hoje (11) a prisão do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa. Ele foi solto no dia 19 de maio, mas retornou hoje à prisão após o
Supremo Tribunal Federal (STF) validar as provas da Operação Lava Jato,
da Polícia Federal (PF), e determinar que as ações penais oriundas da
investigação fossem devolvidas à Justiça Federal. Costa foi preso pela
PF no Rio de Janeiro, onde mantém residência, e será transferido para
Curitiba.
Na decisão, Moro diz que o Ministério Público da Suíça informou que
foram descobertas naquele país contas bancárias no valor de US$ 29
milhões. Segundo o órgão, foram identificadas 12 contas em bancos suíços
sob o controle de Costa, suas duas filhas, genros e de um funcionário
do doleiro Alberto Yousseff. Deste total, De acordo com o Ministério
Público suíço, US$ 23 milhões pertenceriam a Costa.
"O fato das contas terem sido descobertas pelas autoridades suíças – e
eventualmente bloqueadas – não previne a fuga, pois não há nenhuma
garantia de que, mesmo tendo sido bloqueadas, assim permanecerão, pois
dependem da persistência do sequestro e do futuro confisco e de uma
série de circunstâncias ainda incertas, bem como de um usualmente longo
procedimento de cooperação jurídica internacional. Além disso, as contas
secretas na Suíça podem apenas revelar um padrão de conduta, não se
excluindo de antemão a possibilidade da existência de outras contas em
outros países, eventualmente de difícil acesso pelas autoridades
brasileiras", ressaltou o juiz.
Costa é suspeito de ter ligação com uma organização criminosa que
lavava dinheiro em seis estados e no Distrito Federal, desarticulada na
Operação Lava Jato. Em um dos processos, Costa e o doleiro Alberto
Youssef e outros acusados de desvio de recursos públicos na construção
da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Segundo o Ministério Público, a
obra foi orçada em R$ 2,5 bilhões e alcançou gastos de R$ 20 bilhões.
Na segunda ação penal, Costa é acusado de obstruir as investigações.
No processo, também são réus as duas filhas dele, Arianna e Shanni
Costa, e os dois genros.
De acordo com o Ministério Público Federal, os desvios na construção
da refinaria ocorreram por meio de contratos superfaturados feitos com
empresas que prestaram serviços à Petrobras entre 2009 e 2014. Conforme a
investigação, os desvios tiveram a participação de Paulo Roberto Costa,
então diretor de Abastecimento da companhia, e de Youssef, dono de
empresas de fachada.
Na defesa prévia apresentada à Justiça, os advogados do ex-diretor da
Petrobras informaram que os pagamentos recebidos das empresas do
doleiro, identificados como repasses ou comissões, foram decorrentes de
serviços de consultoria prestados. No entanto, o juiz destacou que a
Polícia Federal e o Ministério Público não encontraram provas de que os
serviços foram prestados.
Brasil 247
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