sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Do Estadão: como Joaquim Barbosa planejou friamente sentença e pena para fechar José Dirceu na cadeia

28 de fevereiro de 2014 | 22:53 Autor: Fernando Brito
barbosa4
Não é um petista, embora seja um desafeto do Ministro Joaquim Barbosa, que já o mandou chafurdar no lixo.

É Felipe Recondo, o repórter que o Estadão, corretamente, bancou como setorista do Supremo Federal contra a vontade de seu presidente que, inclusive, tentou vingar-se sobre a mulher do jornalista, funcionária concursada do tribunal.

Ele narra, com destalhes escabrosos da perfídia, como Joaquim Barbosa deliberou condenar sem provas o ex-ministro José Dirceu e “calculou”  a pena de forma que, além de não haver prescrição, garantisse a prisão do réu em regime fechado.

Uma armação que, quando apontada pelo Ministro Luís Roberto Barroso, a megalomania de Barbosa o fez admitir com um ”Foi para isso mesmo, ora!”

Diz Recondo, e eu grifo:
“A porta mal abrira e ele (Barbosa) iniciava um desabafo. Dizia estar muito preocupado com o julgamento do mensalão. A instrução criminal, com depoimentos e coleta de provas e perícias, tinha acabado. E, disse o ministro, não havia provas contra o principal dos envolvidos, o ministro José Dirceu. O então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fizera um trabalho deficiente, nas palavras do ministro.

Piorava a situação a passagem do tempo. Disse então o ministro: em setembro daquele ano, o crime de formação de quadrilha estaria prescrito. Afinal, transcorreram quatro anos desde o recebimento da denúncia contra o mensalão, em 2007. Barbosa levava em conta, ao dizer isso, que a pena de quadrilha não passaria de dois anos. Com a pena nesse patamar, a prescrição estaria dada. Traçou, naquele dia em seu gabinete, um cenário catastrófico.

O jornal O Estado de S. Paulo publicou, no dia 26 de março de 2011, uma matéria que expunha as preocupações que vinham de dentro do Supremo. O título era: “Prescrição do crime de formação de quadrilha esvazia processo do mensalão”.

Dias depois, o assunto provocava debates na televisão. Novamente, Joaquim Barbosa, de pé em seu gabinete, pergunta de onde saiu aquela informação. A pergunta era surpreendente. Afinal, a informação tinha saído de sua boca. Ele então questiona com certa ironia: “E se eu der (como pena) 2 anos e 1 semana?”.

Trata-se, portanto, de uma inversão completa da ética da magistratura e do princípio da impessoalidade na aplicação da lei.
Joaquim Barbosa, como relator do processo  definiu a sentença e a pena que desejava para o acusado e não, ao contrário, escrutinou a culpabilidade nos autos e a ela adequou sentença e pena.

“Sim, ele calculara as penas para evitar a prescrição. “Ora!”, diz Recondo.
O que o repórter do Estadão narra não é um comportamento de magistrado, é um comportamento inadmissível, perante a ótica e a ética do exercício da magistratura.

Luís Roberto Barroso, diz o repórter, “não sabia dessa conversa ao atribuir ao tribunal uma manobra para punir José Dirceu e companhia e manter vivo um dos símbolos do escândalo: a quadrilha montada no centro do governo Lula “…
Mas “ apenas repetiu o que os advogados falavam desde 2012 e que outros ministros falavam em caráter reservado.”
Agora é público, é é um escândalo.

Não houve alguém que veio “com o voto pronto”, como acusou Barbosa a Barroso.
Houve alguém, relator do processo, que veio com uma sentença e uma pena prontas, independentes dos autos,  com o propósito específico e deliberado de evitar uma prescrição e encarcerar  um réu em regime fechado.
É, em tese, crime de responsabilidade.
Mas não há nem onde nem quem possa ser capaz de julgar o imperador.



Tijolaço

E a perseguição covarde não pára!

Enviado por on 28/02/2014 – 2:25 pm 31 comentários
O Globo está histérico. Nunca se viu um jornal perseguir, de maneira tão acintosa, explícita e truculenta, um presidiário que não pode se defender. Covardes.
A última do Globo é essa:
ScreenHunter_3402 Feb. 28 14.08
Ora, se você ler a matéria, ficará estarrecido com o nível de manipulação mesquinha do noticiário.
Daí eu lembro de Marcelo Freixo e do PSOL, que receberam a solidariedade imediata de petistas e desse blog, contra o ataque que sofreu da Globo. Agora, Freixo pôde responder no mesmo dia, com artigo na página editorial do Globo, e depois teve vasto espaço no jornal nacional.
Infelizmente, jamais veremos PSOL e Freixo sendo solidários com Dirceu. Mesmo que considerassem Dirceu culpado pelos crimes pelos quais foi condenado, não é possível que PSOL e Freixo não percebam a perseguição da qual o ex-ministro é vítima.
Dirceu não pode responder, porque está preso ilegalmente em regime fechado, quando sua sentença, agora mais do que confirmada com a sua absolvição do crime de qudrilha, era de regime semi-aberto. E o Globo jamais deu espaço para o ministro se defender.
O Globo não denuncia a ilegalidade do regime fechado para Dirceu. Ao invés disso, continua tentando atiçar o Ministério Público e o Judiciário do DF contra o ex-ministro, com falsas histórias de “regalias”, já negadas inclusive pela OAB-DF.
O título da matéria dá a entender que Dirceu tem qualquer culpa pela visita de 20 minutos que recebeu de um defensor público do DF, em janeiro deste ano.
Quem autoriza ou não uma visita desse tipo é a direção do presídio. Só que temos de lembrar que um presídio não é uma bastilha medieval. Por lá transitam advogados, parlamentares, defensores, agentes penitenciários. A direção tem liberdade para deixar ou não que essas pessoas conversem com presos. Pintar um presídio como uma masmorra onde ninguém pode, em hipótese alguma, se comunicar com um preso fora do dia especificado é forçar uma interpretação medieval, exagerada, draconiana, do regulamento interno da instituição.
Se houve algum erro, não foi de Dirceu, foi da direção do presídio. Mas não houve erro. Um defensor público tem liberdade de ação dentro de um presídio. No caso, o defensor Heverton Gisclan Neves da Silva pediu para conversar alguns minutos com Dirceu. Na entrevista ao Globo, ele dá explicações que me pareceram totalmente satisfatórias:
- Não vejo como problema fazer esse tipo de visita sem comunicação prévia. Não fui para atender ao réu. Não foi uma regalia.
– Tenho um interesse histórico na AP 470 (a do mensalão). Sou escritor, tenho vários livros publicados.
– Tenho de ter cuidado com o discurso, responsabilidade sobre o que falo em relação à AP 470. Posso abordar o assunto em palestras, e preciso ter cuidado com a imagem do ministro, compreensão sobre o que aconteceu – disse.
Ou seja, o sujeito visitou Dirceu em função de seu próprio interesse no caso. Dirceu não pediu a entrevista. Foi o defensor que a solicitou. E o Globo está manipulando a informação para transformar a notícia num escândalo, e encaixá-lo no rol das “regalias” concedidas à Dirceu.
E tudo com que fito? Perseguir o ex-ministro! Incitar MP e Judiciário do DF contra um homem preso ilegalmente em regime fechado!
A truculência da mídia contra Dirceu é tão gritante que já se tornou ridícula. Além de ser um atentado aos direitos humanos. Se fazem isso com Dirceu, poderiam fazer com qualquer um: torturar a informação para manipular as instituições, com fito de perseguir um desafeto político.
Um dia isso terá de ser devidamente denunciado numa corte internacional. Ao publicar matérias como essa, o Globo apenas acumula mais arbitrariedades ao seu já triste histórico de apoiador de ditaduras.
globogolpe1
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E a perseguição covarde não pára!

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O Globo está histérico. Nunca se viu um jornal perseguir, de maneira tão acintosa, explícita e truculenta, um presidiário que não pode se defender. Covardes.
A última do Globo é essa:
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Ora, se você ler a matéria, ficará estarrecido com o nível de manipulação mesquinha do noticiário.
Daí eu lembro de Marcelo Freixo e do PSOL, que receberam a solidariedade imediata de petistas e desse blog, contra o ataque que sofreu da Globo. Agora, Freixo pôde responder no mesmo dia, com artigo na página editorial do Globo, e depois teve vasto espaço no jornal nacional.
Infelizmente, jamais veremos PSOL e Freixo sendo solidários com Dirceu. Mesmo que considerassem Dirceu culpado pelos crimes pelos quais foi condenado, não é possível que PSOL e Freixo não percebam a perseguição da qual o ex-ministro é vítima.
Dirceu não pode responder, porque está preso ilegalmente em regime fechado, quando sua sentença, agora mais do que confirmada com a sua absolvição do crime de qudrilha, era de regime semi-aberto. E o Globo jamais deu espaço para o ministro se defender.
O Globo não denuncia a ilegalidade do regime fechado para Dirceu. Ao invés disso, continua tentando atiçar o Ministério Público e o Judiciário do DF contra o ex-ministro, com falsas histórias de “regalias”, já negadas inclusive pela OAB-DF.
O título da matéria dá a entender que Dirceu tem qualquer culpa pela visita de 20 minutos que recebeu de um defensor público do DF, em janeiro deste ano.
Quem autoriza ou não uma visita desse tipo é a direção do presídio. Só que temos de lembrar que um presídio não é uma bastilha medieval. Por lá transitam advogados, parlamentares, defensores, agentes penitenciários. A direção tem liberdade para deixar ou não que essas pessoas conversem com presos. Pintar um presídio como uma masmorra onde ninguém pode, em hipótese alguma, se comunicar com um preso fora do dia especificado é forçar uma interpretação medieval, exagerada, draconiana, do regulamento interno da instituição.
Se houve algum erro, não foi de Dirceu, foi da direção do presídio. Mas não houve erro. Um defensor público tem liberdade de ação dentro de um presídio. No caso, o defensor Heverton Gisclan Neves da Silva pediu para conversar alguns minutos com Dirceu. Na entrevista ao Globo, ele dá explicações que me pareceram totalmente satisfatórias:
- Não vejo como problema fazer esse tipo de visita sem comunicação prévia. Não fui para atender ao réu. Não foi uma regalia.
– Tenho um interesse histórico na AP 470 (a do mensalão). Sou escritor, tenho vários livros publicados.
– Tenho de ter cuidado com o discurso, responsabilidade sobre o que falo em relação à AP 470. Posso abordar o assunto em palestras, e preciso ter cuidado com a imagem do ministro, compreensão sobre o que aconteceu – disse.
Ou seja, o sujeito visitou Dirceu em função de seu próprio interesse no caso. Dirceu não pediu a entrevista. Foi o defensor que a solicitou. E o Globo está manipulando a informação para transformar a notícia num escândalo, e encaixá-lo no rol das “regalias” concedidas à Dirceu.
E tudo com que fito? Perseguir o ex-ministro! Incitar MP e Judiciário do DF contra um homem preso ilegalmente em regime fechado!
A truculência da mídia contra Dirceu é tão gritante que já se tornou ridícula. Além de ser um atentado aos direitos humanos. Se fazem isso com Dirceu, poderiam fazer com qualquer um: torturar a informação para manipular as instituições, com fito de perseguir um desafeto político.
Um dia isso terá de ser devidamente denunciado numa corte internacional. Ao publicar matérias como essa, o Globo apenas acumula mais arbitrariedades ao seu já triste histórico de apoiador de ditaduras.
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Ora, se você ler a matéria, ficará estarrecido com o nível de manipulação mesquinha do noticiário.
Daí eu lembro de Marcelo Freixo e do PSOL, que receberam a solidariedade imediata de petistas e desse blog, contra o ataque que sofreu da Globo. Agora, Freixo pôde responder no mesmo dia, com artigo na página editorial do Globo, e depois teve vasto espaço no jornal nacional.
Infelizmente, jamais veremos PSOL e Freixo sendo solidários com Dirceu. Mesmo que considerassem Dirceu culpado pelos crimes pelos quais foi condenado, não é possível que PSOL e Freixo não percebam a perseguição da qual o ex-ministro é vítima.
Dirceu não pode responder, porque está preso ilegalmente em regime fechado, quando sua sentença, agora mais do que confirmada com a sua absolvição do crime de qudrilha, era de regime semi-aberto. E o Globo jamais deu espaço para o ministro se defender.
O Globo não denuncia a ilegalidade do regime fechado para Dirceu. Ao invés disso, continua tentando atiçar o Ministério Público e o Judiciário do DF contra o ex-ministro, com falsas histórias de “regalias”, já negadas inclusive pela OAB-DF.
O título da matéria dá a entender que Dirceu tem qualquer culpa pela visita de 20 minutos que recebeu de um defensor público do DF, em janeiro deste ano.
Quem autoriza ou não uma visita desse tipo é a direção do presídio. Só que temos de lembrar que um presídio não é uma bastilha medieval. Por lá transitam advogados, parlamentares, defensores, agentes penitenciários. A direção tem liberdade para deixar ou não que essas pessoas conversem com presos. Pintar um presídio como uma masmorra onde ninguém pode, em hipótese alguma, se comunicar com um preso fora do dia especificado é forçar uma interpretação medieval, exagerada, draconiana, do regulamento interno da instituição.
Se houve algum erro, não foi de Dirceu, foi da direção do presídio. Mas não houve erro. Um defensor público tem liberdade de ação dentro de um presídio. No caso, o defensor Heverton Gisclan Neves da Silva pediu para conversar alguns minutos com Dirceu. Na entrevista ao Globo, ele dá explicações que me pareceram totalmente satisfatórias:
- Não vejo como problema fazer esse tipo de visita sem comunicação prévia. Não fui para atender ao réu. Não foi uma regalia.
– Tenho um interesse histórico na AP 470 (a do mensalão). Sou escritor, tenho vários livros publicados.
– Tenho de ter cuidado com o discurso, responsabilidade sobre o que falo em relação à AP 470. Posso abordar o assunto em palestras, e preciso ter cuidado com a imagem do ministro, compreensão sobre o que aconteceu – disse.
Ou seja, o sujeito visitou Dirceu em função de seu próprio interesse no caso. Dirceu não pediu a entrevista. Foi o defensor que a solicitou. E o Globo está manipulando a informação para transformar a notícia num escândalo, e encaixá-lo no rol das “regalias” concedidas à Dirceu.
E tudo com que fito? Perseguir o ex-ministro! Incitar MP e Judiciário do DF contra um homem preso ilegalmente em regime fechado!
A truculência da mídia contra Dirceu é tão gritante que já se tornou ridícula. Além de ser um atentado aos direitos humanos. Se fazem isso com Dirceu, poderiam fazer com qualquer um: torturar a informação para manipular as instituições, com fito de perseguir um desafeto político.
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Na festa pelo Real, esqueceram Itamar Franco, que bancou o plano

Itamar Franco
Itamar Franco


Saiu na coluna do Jânio de Freitas, na Folha de S.Paulo ontem, assim:
A comemoração de 20 anos do Plano Real foi uma homenagem à injustiça. O plano só existiu porque Itamar Franco estava determinado a arriscar tudo contra a inflação. Antes de Fernando Henrique chegar à Fazenda, Itamar destituiu dois ministros, Paulo Haddad e Gustavo Krause, por relutarem em lançar um projeto anti-inflação radical, mais um (ministro da Fazenda), Eliseu Resende, por falta de condições políticas para a tarefa.


(No ato comemorativo no Senado 2ª feira pp.) Fernando Henrique só lembrou Itamar Franco para falar do convite que lhe entregou o Ministério da Fazenda, e a versão é, no mínimo, imprecisa. Foi ainda a persistência de Itamar que fez Fernando Henrique afinal desengavetar o plano, que já estava pronto há quase um semestre. 


E disso veio a outra injustiça da comemoração. André Lara Resende só foi citado no discurso de Fernando Henrique em cambulhada com uma fieira de nomes, presentes até quem não colaborou – ainda bem – sequer com vírgulas no projeto. André Lara, uma inteligência criativa, foi o artífice do plano, com a colaboração também imaginosa de Pérsio Arida.


Mágoa de Itamar


Pois é, é só vocês lembrarem que o Real é de 1994 e que o ex-presidente Itamar Franco morreu 17 anos depois (2011), um poço de amargura, sempre se  lamuriando que tivera a coragem de lançar e bancar o Plano, usurparam-lhe o mérito e os louros sempre foram atribuídos a outros. Itamar nunca perdoou, queixava-se abertamente.


Guardadas as proporções, a história lembra um pouco outra do presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou boa parte da vida dizendo que foi exilado depois de 1968 pela ditadura militar. Até que na campanha eleitoral de 1994, sua falecida mulher, Ruth Cardoso, numa edição da revista Veja em que ela foi capa, disse que não gostava disso e que eles não foram exilados, mas sim autoexilados.


O que é fato: FHC foi preso, encapuzado, torturado durante a ditadura – o que por si só já é uma atrocidade cometida contra ele – e cassado em sua cátedra na USP, decidiu partir para o exterior onde morou vários anos – inicialmente no Chile -, mas não o fez obrigado pelo regime militar, compulsoriamente,  como milhares de outros brasileiros.


Atitudes de um ex-presidente, FHC, que uma vez no programa do Jô Soares admitiu não saber o que é maior nele, se a inteligência ou a vaidade.

(Foto: arquivo Agência Brasil)



Blog do Zé Dirceu

Para impedir a desmoralização do Supremo

Não adiantam apenas criticas pontuais ao clima cavernoso do STF, um tribunal sendo julgado pela Nação e que perdeu completamente sua majestade graças às piruetas inacreditáveis da AP 470.

Perdeu-se o ritual, fundamental em uma Instituição que detem o futuro do Pais em suas mãos, perdeu-se a elegancia de linguagem e comportamento, perdeu-se a lógica,  a confiança no saber juridico, na sensatez,  no equilibrio de seus componentes.

A imagem do STF está estraçalhada pelas aberrações desse julgamento onde crimes de baixa ofensividade social foram apenados com sentenças multiplas vezes maior que se dão no mesmo sistema judiciario à assassinos esquartejadores, estrupadores contumazes, latrocidas, sequestradores, matadores de aluguel.

Está na hora de revisar por Emenda Constitucional o tropego e ineficaz sistema de nomeação de juizes do STF.

1. A indicação pelo Presidente precisa ser muito mais criteriosa do que foram as demarches aplicadas nos casos Barbosa e Fux. O cargo é fundamental para a Democracia, o STF é guardiaõ da Constituição, é inconcebivel um Presidente indicar alguem para tal posição de elevada importância a fim de atender minorias étnicas, regiões geograficas, governadores de Estado aliados de ocasião, grupinhos dentro do Partido. A indicação precisa ser direcionada a juristas de inequívoca competência e saber jurídico, testados, comprovados, com posições e opiniões bem sólidas e conhecidas sobre questões fundamentais, o cargo de Ministro do STF não é um "presente" ou moeda de troca, é um cargo crucial da Republica, não se pode barganhar com ele.

Ninguém, absolutamente ninguém, nem o Presidente da Republica e nem o meio jurídico nacional tinha a mais remota ideia de como era e pensava o atual Presidente do STF quando foi indicado, muito menos o Presidente da Republica, que sequer o conhecia. Como é possível indicar alguem para um cargo irremovivel com tão parcos conhecimento sobre quem se está indicando? Essa indicação frívola e reveladora de como o Brasil esta sendo conduzido, um dos maiores Países do mundo administrado como um jogo de palitinhos, é chocante. Ninguem pode indicar pessoa para esse cargo e depois invocar desconhecimento sobre quem foi indicado.

2.A sabatina pelo Senado no Brasil é mera formalidade, não é seria e não serve para nada. Uma sabatina REAL precisa ser substanciosa, os Senadores precisam saber com precisão como pensa o indicado. As sabatinas no Brasil levam uma hora, nos EUA podem levar oito meses, o indicado é virado do avesso por perguntadores ariscos,não é mera formalidade.

3.Mecanismo de recall com mandato fixos. Dez anos de mandato está de bom tamanho, podendo ser reconduzido uma vez por re-indicação do Presidente e nova aprovação do Senado.
O que parece incrível é que após todos os tropeços no STF nenhum parlamentar pensou em udar o sistema de indicação propondo modelo melhor.

4.No modelo atual o IMPEACHMENT de um Ministro do Supremo é praticamente IMPOSSIVEL.um processo de impedimento tem tais barreiras que na pratica não existe possibilidade de ter sucesso. Se um cargo desses for ocupado por pessoa completamente inadequada, nada pode ser feito, o dano vai continuar até o indicado  atingir 70 anos.



Blog do Luis Nassif

Greenhalgh ao 247: “Dirceu e Delúbio viraram reféns”

:
Um dos advogados mais notórios do País, Luiz Eduardo Greenhalgh afirma em entrevista ao 247 que decisão de mandar Delúbio Soares para o regime fechado na Papuda, tomada pelo juiz Bruno Ribeiro, da Vara de Execuções Penais do DF, foi uma "retaliação" ao resultado dos embargos infringentes; "Inconformado com o resultado, com sua derrota, Joaquim Barbosa se vingou", disse; "A VEP fez um inquérito sigiloso sobre Delúbio e não deu a ele o direito de ser ouvido, o que é uma flagrante ilegalidade. Nesse sentido, ele não é mais um preso, é refém de uma situação criada por juízes que agem à margem da lei", acrescentou, sobre denúncias de que presos teriam regalias; segundo ele, o que os dois juízes fizeram "deveria ser alvo de investigação das corregedorias dos tribunais e do Conselho Nacional de Justiça"
28 de Fevereiro de 2014 às 16:20


247 – A decisão de mandar o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para o regime fechado, tomada pelo juiz Bruno Ribeiro, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, foi uma "retaliação" à decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal em favor dos embargos infringentes, "tanto que só saiu após o julgamento e o despacho foi enviado em primeira mão para a revista Veja". A afirmação foi feita pelo advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, em entrevista exclusiva ao 247. Na sessão desta quinta-feira 27, a maioria do colegiado absolveu oito réus condenados pelo crime de formação de quadrilha na Ação Penal 470, permitindo-os cumprir pena em regime semiaberto.


O motivo para a decisão de Bruno foi a denúncia – não comprovada, nem detalhada – de que Delúbio teria direito a feijoada aos finais de semana e visitas fora de horário na Penitenciária da Papuda, em Brasília, segundo o Ministério Público. "A Vara de Execuções Penais fez um inquérito sigiloso sobre o Delúbio e não deu a ele o direito de ser ouvido, o que é uma flagrante ilegalidade. Delúbio, que teve assegurado o direito ao regime semiaberto, foi enviado ilegalmente ao regime fechado sem direito ao contraditório", avaliou Greenhalgh.


Nesse sentido, segundo o advogado, o condenado "não é mais um preso", mas sim "refém de uma situação criada por juízes que agem à margem da lei". De acordo com Luiz Eduardo Greenhalgh, "Bruno Ribeiro é longa manus do presidente do STF, Joaquim Barbosa. Tanto que ele foi escolhido a dedo para conduzir as execuções penais da Ação Penal 470, substituindo um titular que já estava no cargo. Inconformado com o resultado, com sua derrota [sobre os infringentes], Barbosa se vingou". O caso, observa ele, "virou uma situação atípica, onde se tem presos que viraram reféns em uma democracia".


Greenhalgh, que é um dos mais notórios advogados brasileiros, e conhecido como um dos mais combativos em defesa de perseguidos da ditadura militar, defende uma investigação do episódio: "O que esses dois juízes fizeram deveria ser objetivo de investigação das corregedorias dos tribunais e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O que está acontecendo no Brasil é inaceitável. É hora de a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se levantar. Hoje, os reféns são Delúbio e Dirceu, amanhã poderão ser quaisquer brasileiros atingidos por essa tirania".


Supostas regalias


Segundo reportagem da revista Veja, o Ministério Público pede ao governo do Distrito Federal o fim do que chama de "tratamento diferenciado" aos condenados na Ação Penal 470, e ameaça transferir Delúbio Soares e José Dirceu para presídios federais caso isso não aconteça. A revista cita visitas fora de horário e uma feijoada a que Delúbio teria direito aos finais de semana. Ao comentar as acusações, Greenhalgh questiona: "que privilégio poderia ter acontecido?"


E pontua a falta de explicações em cada caso, levando em consideração que os detentos da ala onde Delúbio estava preso até hoje têm direito a cantina e uso de eletrodomésticos, como relatou a OAB. "Suponhamos que os presos fizeram feijoada, se fizeram, qual é o problema? Pediram para cortar a barba, ele [Delúbio] cortou. Ele pediu para que o carro da CUT (Central Única dos Trabalhadores, onde Delúbio trabalha) entrasse no pátio, mas não podia, então não entrou".


O advogado garante que "nos últimos dez anos, nunca houve uma decisão desse tipo na Vara de Execuções do Distrito Federal". Quando decidiu suspender os benefícios de José Dirceu, com base no episódio de que o ex-ministro teria usado um telefone celular de dentro da cela, Joaquim Barbosa alegou que seria necessário ouvir o réu. Por fim, Greenhalgh conclui que o argumento usado supostamente com o objetivo de beneficiar José Dirceu acabou prejudicando o próprio condenado. "É uma ilegalidade que está acontecendo no governo brasileiro", afirma.




Brasil 247

Revanche em dobro: Dirceu investigado de novo

:
Juiz Bruno Ribeiro, que comanda a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, abriu nova investigação contra o ex-ministro José Dirceu, porque ele recebeu a visita de um dos chefes da Defensoria Pública da União, Heverton Gisclan Silva, na Papuda, no último 6 de janeiro, uma segunda, dia em que não são previstas visitas; Defensor público é estudioso do mensalão e foi ao presídio, autorizado pela direção da Papuda, para conversar com Dirceu sobre o caso, mas juiz considerou visita irregular por não ter sido autorizada por ele; petista também é investigado por suposto uso de celular na prisão, o que uma sindicância interna já descartou; investigações postergam análise do pedido do ex-ministro para trabalhar
28 de Fevereiro de 2014 às 19:11


247 - O juiz Bruno Ribeiro, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, abriu nova investigação contra o ex-ministro José Dirceu, um dos condenados na Ação Penal 470, porque ele recebeu a visita de um dos chefes da Defensoria Pública da União, Heverton Gisclan Silva, no Complexo Penitenciário da Papuda, no último 6 de janeiro, uma segunda-feira, dia em que não são previstas visitas.


Silva não consta da lista de 10 visitantes de Dirceu e também não atua na defesa do ex-ministro, o que justificaria a ida dele ao presídio. Todavia, os dias de visita são quarta e quinta-feira. Por isso, a VEP considerou a visita irregular por não ter sido autorizada e abriu investigação no início da semana para apurar o caso.


À Folha de S. Paulo, o defensor explicou que sua visita a Dirceu ocorreu motivada por uma palestra que dará na qual abordará o caso mensalão, do qual é estudioso. "Segui todas as regras de segurança e fui autorizado a entrar pela administração carcerária ao chegar na porta do presídio", informou. Ele ainda explicou que fez parte de um grupo formado na Defensoria Pública da União sobre o caso, que atuou no apoio a Haman Córdova, único defensor público no processo do mensalão. Córvoda defendeu o ex-dono da corretora Natimar, Carlos Alberto Quaglia, que teve o seu processo anulado.




Brasil 247

A julgar pela cobertura do Jornal Nacional, candidatura Barbosa esvaziou-se

Bastou o ministro demonstrar que esgotou sua capacidade de influir seus colegas para fazer valer a pressão da mídia e setores oligárquicos da imprensa já dão sinais de abandoná-lo
 
 
por Helena Sthephanowitz publicado 28/02/2014 10:49 
 
 
Nelson Jr/SCO/STF
barbosa.jpg
Futuro político de Barbosa corre riscos, após julgamento que contrariou grande mídia


Ao fim do capítulo do julgamento dos embargos infringentes na AP-470 que ontem (27) absolveu José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e outros réus do crime de formação de quadrilha, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, o último a votar – quando já não era mais possível reverter o veredito – fez um discurso com frases de efeito tais como "alertar à nação", "sanha reformadora" etc. Aos olhos de quem trabalha com a divulgação de informação, ficou claro que se tratava de uma fala que poderia perfeitamente ser editada pelos telejornais, reforçando o viés moralizador de uma potencial campanha política dele, Joaquim Barbosa.


Mas não foi o que se viu na edição do Jornal Nacional. As frases que poderiam ter composto um mosaico de maior impacto político foram suprimidas. Foi ao ar apenas a lamentação do magistrado pela inversão da sentença, de condenação para absolvição: “Esta é uma tarde triste para este Supremo Tribunal Federal, porque, com argumentos pífios, foi reformada, jogada por terra, extirpada do mundo jurídico, uma decisão plenária sólida, extremamente bem fundamentada, que foi aquela tomada por este plenário no segundo semestre de 2012”, disse.


A leitura política desta edição é clara: o telejornal esvaziou o balão da candidatura de Barbosa. De fato, lembra o insucesso da candidatura da juíza Denise Frossard, no fim dos anos 1990 havia mandado para a prisão 14 dos maiores chefões do jogo do bicho no Rio do Janeiro, aposentou-se da magistratura e ingressou na carreira política.


Foi a candidata à Câmara dos Deputados mais votado do estado em 2002 e, com tal cacife, disputou o governo fluminense, em 2006, pelo PPS, com apoio de Cesar Maia (DEM). Sua derrota no segundo turno para Sérgio Cabral (PMDB) foi associada a seu discurso elitista e distante dos problemas e aflições da maioria da população. E olha que o temperamento dela era bem mais equilibrado e sociável do que o de Joaquim Barbosa.


Sobre isso, aliás, o telejornal da Globo também suprimiu os trechos em Barbosa atacou fortemente os demais ministros, o que foi mais uma afronta do presidente às instituições democráticas. Desqualificou o voto de seis colegas de corte, chamando os argumentos para justificar suas decisões de "pífios". Na prática desacatou o próprio plenário do STF.


Fez ilações indecorosas sobre a honra de alguns de seus colegas, insinuando que estes teriam sido alçado à Suprema Corte para votar pela absolvição dos réus do chamado mensalão. Esta ilação, obviamente atinge também a Presidência da República, que é quem indica os novos ministros – que passam por uma sabatina no Senado, que pode aprovar ou não a indicação.


Foi desrespeitoso até com Celso de Mello, que o acompanhou em quase todos os votos, por ter votado pela admissão de embargos infringentes, dizendo "inventou-se inicialmente um recurso regimental totalmente à margem da lei com o objetivo específico de anular, de reduzir a nada, um trabalho que fora feito".


Entre o jeito truculento de Barbosa e a nova composição do STF, com maior equilíbrio racional e independência de pressões midiáticas, a Globo parece não querer bater de frente com o futuro.



Rede Brasil Atual   -   Blog da Helena

NOVILÍNGUA CONTRA DELÚBIO



Paulo Moreira Leite
 
Diretor da Sucursal da ISTOÉ em Brasília, é autor de "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA e na Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".

Absolvido por quadrilha, ele assegurou pena em regime semiaberto mas justiça acaba de suspender seu direito ao trabalho

 

Ao anunciar, ontem, a decisão de suspender o regime semiaberto de Delúbio Soares, o juiz Bruno Ribeiro tomou uma decisão errada na hora errada. 


 O juiz Bruno foi escolhido a dedo por Joaquim Barbosa para cumprir o papel de guardião dos condenados da AP 470. 


 A medida foi anunciada horas depois da derrota de Joaquim no Supremo Tribunal Federal. Ao rejeitar a acusação por formação de quadrilha, os ministros derrubaram qualquer hipótese de Delúbio e outros réus em situação semelhante serem mantidos em regime fechado.


 Mesmo assim, a medida está longe de ser uma surpresa. 


 Mostra que seguimos no país da novilíngua. (Você sabe: era este o idioma no país de 1984, aquele romance de George Orwell)


 Num trabalho de reconstituição difícil, pois o prisioneiro não dá entrevistas nem se dispõe a conversar com jornalistas, é possível reconstituir episódios ocorridos em dias anteriores. 


 Através de advogados e autoridades penitenciárias, foi possível saber que, nas últimas semanas, Delúbio  recebeu vários sinais de que, cedo ou tarde, poderia perder a liberdade recém conquistada. 


 Assim se informa que, recentemente, Delúbio foi procurado por um dos responsáveis pelo CPP, onde encontra-se recolhido desde que foi transferido para o semiaberto. Nessa ocasião, lhe foi dito que não poderia permanecer na ala do presídio reservada aos ex-policiais, onde fora instalado desde a chegada.


 Isso porque não era ex-policial, o que poderia, como toda pessoa familiarizada com a novilíngua da AP 470 já percebeu, ser definido como um “privilégio. “


Em função disso, a proposta era que fosse transferido para o “fundão” do CPP, uma área aberta, com centenas de prisioneiros, com menos controle e menor segurança – o que explica porque ex-policiais não podem ficar ali. Por via das dúvidas, queriam saber se ele estava disposto a assinar um documento, declarando-se inteiramente convencido de que o novo local apresentava boas condições de segurança. 


 Entendendo a mensagem novilíngua tão óbvia, Delúbio só prosseguiu a conversa na presença de um advogado. 


 O caso foi parar na Secretaria de Administração Penitenciária, órgão do governo do Distrito Federal, que, como o próprio nome diz, tem a responsabilidade legal para definir o que se passa em presídios e centros de detenção. Num país onde funciona a divisão entre poderes, sem novilíngua, a Justiça julga e o Executivo, executa. Alguma dúvida? 


A Secretaria tem a palavra final sobre o destino de todos os prisioneiros, suas condições no cárcere – que podem variar conforme o comportamento – e assim por diante. A ideia de retirar Delúbio da ala onde se encontram ex-policiais, como se pretendia no CPP, mas estava em desacordo com a Secretaria, morreu ali. 


O argumento é que locais diferenciados costumam ser reservados a prisioneiros diferenciados, o que inclui ex-policiais mas também os chamados presos de notoriedade. Todos estão sob a guarda do Estado, que devem impedir que sejam alvo de atos violentos por parte de outros condenados. Chantagens, sequestros de familiares e outros episódios desse tipo são comuns e é natural que se faça o possível para evita-los. Não é “privilégio”, George Orwell. 


(O próprio Marcos Valério chegou a ser torturado numa penitenciaria em São Paulo, onde ficou detido por um episódio sem relação com a AP 470.) 


 As pressões prosseguiram, para alimentar a narrativa novilíngua dos  “privilégios “ dos prisioneiros da AP 470. Novilíngua mesmo. 


 Oito “privilegiados” prisioneiros da AP 470  não só foram vítimas de uma acusação indiscutivelmente errada, de formação de quadrilha, como demonstrou o STF ontem, mas também receberam penas agravadas artificialmente, em função de uma  “discrepância “ provocada pelo “impulso de superar a prescrição do crime de quadrilha e até de se modificar o regime inicial de cumprimento das penas", como disse o ministro Luiz Roberto Barroso, num voto corajoso e competente. 


Olha só a novilíngua. 


Sem as penas agravadas por essa acusação errada e exagerada, condenados como Dirceu e Delúbio nunca poderiam ter sido condenados a penas em regime fechado. 


Não teria sido necessário apresentar embargos infringentes – e lutar com bravura pelo simples direito de recorrer a eles, numa votação apertada e dramática. 


A novilíngua dos privilégios inclui a manutenção de José Dirceu por mais de 90 dias em regime fechado. 


Como acontece com Delúbio, o direito de Dirceu ao regime semiaberto estava fora de dúvida antes mesmo da votação de ontem, e não foi  questionado por um fiapo de prova jurídica – apenas novilínguas acumuladas, insinuadas e nunca sustentadas. O caso do telefone da Bahia foi esclarecido na medida em que é possível esclarecer tantos episódios confusos, até porque comprovou-se uma circunstancia impeditiva: naquele dia, o ex-ministro da Casa Civil não saiu de sua cela. 


Mas o ministério público do DF alega que se fez uma investigação “atípica” para apurar o caso e pede novos esclarecimentos. Depois de muitos outros, este é o argumento jurídico que mantém Dirceu atrás das grades. 


O argumento político você sabe. 


Em nossa novilíngua, o Direito se inverte. Em dúvida, decide-se contra o réu. É o que acontece com Dirceu e também com Delúbio. 


 Ao “suspender temporariamente”  um direito inquestionável, , o juiz Bruno Ribeiro avança por um atalho que lhe permite punir o prisioneiro sem a necessidade de provar que ele fez alguma coisa errada. 


 Segundo a Folha, Bruno Ribeiro alega que é preciso “investigar supostas regalias” como “alimentação diferenciada” e “visitas em horário impróprio."


Estamos falando de uma feijoada que alguns colegas de prisão serviram a Delúbio, num caso banal da prisão – todos os ingredientes estão disponíveis na cantina do centro de detenção. A visita diz respeito a um líder dos agentes penitenciários que deu um “oi” a Delúbio. 


 Privilégios imensos na existência de um prisioneiro que só por um erro foi condenado a regime fechado. Uma visão que comparou o PT ao bando de Lampião. Que passou oito anos dizendo que um ministro chefe da Casa Civil era "chefe de quadrilha." 


Novilíngua. Novilíngua.




Blog do Paulo Moreira Leite

Joaquim Barbosa e o exemplo do Tea Party

 
 
O destempero do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa contra seu colega Luís Roberto Barroso - pelo fato de ter proferido um voto contrário ao seu entendimento - é prova maior do fundo do poço em que o Tribunal foi colocado pelas intenções políticas de alguns ministros.


Quem conhece Joaquim Barbosa de perto, assegura: não é desonesto, não é malicioso, não se mete em negócios obscuros nem em más companhias, como seu colega Gilmar Mendes. Mas é um completo desequilibrado.


Dia desses conversava com um ex-conselheiro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Dizia ele que, se Barbosa entrar em um recinto e ver duas pessoas cochichando, imediatamente armará encrenca, supondo que estejam falando dele.
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Na sessão do STF – que deliberou sobre a acusação de formação de quadrilha para os réus da AP 470 – Barbosa interrompeu várias vezes Barroso, foi grosseiro, atropelou todos os códigos de conduta, ao insinuar que o colega teria negociado seu voto para conseguir o cargo.  Mas quem vai tirar o piloto do Boeing em pleno vôo?
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Tempos atrás, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso alertou para os riscos da aventura Joaquim Barbosa. Mostrou sua falta de tato, de cintura política, a intolerância a qualquer opinião contrária.


Ocorre que o mito Barbosa surgiu impulsionado pelo clima de radicalização, de criminalização da política, do denuncismo desvairado que a oposição levantou a partir de 2006 e, especialmente, a partir da era José Serra.


Trouxeram de volta para a cena política o macartismo, abusaram da religiosidade, despertaram os piores demônios existentes no tecido social brasileiro, aqueles que demonizam as leis e propõem o linchamento, transformaram a disputa política em um vale-tudo.


Não valia denunciar aparelhamento da máquina, a política econômica, apontar erros na gestão pública, como em qualquer disputa política civilizada.


Repetiram nos mínimos detalhes a radicalização da política norte-americana, o movimento da mídia e do Partido Republicano dos Estados Unidos adotando o discurso virulento de ultra-direita do Tea Party.


Durante toda a campanha eleitoral nos EUA, comentaristas vociferantes espalhavam toda espécie de boatos contra Barack Obama. A campanha viciou o eleitorado republicano nas catarses do Tea Party e o partido terminou refém da radicalização. Hoje em dia, as vozes mais preparadas e ponderadas dos republicanos têm enorme dificuldade em reconduzir o partido para o caminho da moderação e da responsabilidade política.
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Por aqui, caminha-se para o mesmo desfecho. Só que esse espaço catártico, que Serra preparou para ele próprio, foi ocupado por um jacobino autêntico. Serra era um simulacro de radical, Barbosa é um radical em estado bruto.
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Na semana passada, em visita a São Paulo, Aécio Neves relembrou figuras referenciais mais nobres do PSDB, como Mário Covas e Franco Montoro. Tenta, de alguma forma, recuperar os valores partidários, destroçados na era Serra.


O próprio Serra andou dando entrevistas minimizando a crise econômica, tentando (inutilmente) ocupar um espaço de racionalidade que um dia foi seu. Ou – o que é mais factível – tentando prejudicar o candidato que ocupou um lugar que era seu por direito divino.


2014 não está cheirando bem.



Blog do Luis Nassif

30 anos do Sambódromo. Eu vi essa peleja, e o que vou contar você talvez não acredite. Mas é tudo verdade

28 de fevereiro de 2014 | 01:27 Autor: Fernando Brito
hardy
Só quem tem de 50 anos para cima é que lembra do que vou contar.


Anos a fio, a avenida Marquês de Sapucaí em setembro-outubro começava a receber as arquibancadas para o Carnaval.


Eram feitas de tubos, se não me engano sempre com uma empresa chamada Mills.


Depois, até abril, seguia-se o desmonte.


Anos a fio, milhões e milhões gastos no monta-desmonta.


Brizola tinha assumido o Governo do Rio de Janeiro em março de 1983.


E, óbvio, a menor  de suas preocupações era o carnaval de 1984.


O Estado estava falido, e o governador biônico anterior tinha deixado uma bomba-relógio: a paridade dos aposentados, que até então recebiam muito menos do que os servidores da ativa.


Paridade que começava – já adivinharam quando? – justamente no primeiro mês de governo do primeiro governador eleito pelo voto depois da ditadura…


O baque e tanto na folha de pagamentos, resolvido com a criatividade possível: o pagamento, que era no início do mês passou para o final e os cargos comissionados – perto de 15 mil – a seres preenchidos, ficava retidos na burocracia real e na inventada, porque Brizola passou a só nomear  quando o indicado tinha currículo completo, inclusive com foto 3×4, o que adiava, adiava…e economizava um ou dois salários.


Não bastasse isso, o Banco do Estado tinha acabado – dias antes da posse de Brizola – de ser forçado a assumir o aval dos empréstimos – impagáveis – feitos para construir o Metrô do Rio de Janeiro.


E como desgraça pouca é bobagem, ainda nos víamos às voltas com uma onda de saques, feita por provocadores e alastrada com as condições de extrema miséria do nosso povão. Não apenas aqui, mas também em São Paulo, onde botaram abaixo as grades do Palácio dos Bandeirantes.
Agosto e setembro chegaram e os preparativos do carnaval seguinte estavam no seguinte impasse: ou reeditávamos a insana roubalheira de anos ou…ou nada,porque  que diabos íamos fazer com um evento daquele porte?


O máximo que sabíamos fazer era comício…


Aí é que entraram a maluquice genial de Darcy Ribeiro, a ousadia insana de Brizola, a genialidade de Oscar Niemeyer e o low-profile de um engenheiro calculista chamado José Carlos Sussekind, que era quem tinha de fazer acontecer os delírios da trinca.


Ele, uma vez, me contou que o “Doutor Oscar”, como ele e todos chamávamos o velho, projetou um hangar de doncreto, com um vão livre aparentemente inviável. “Mas Doutor Oscar, este vão é grande demais…” “Isso é problema seu , Sussekind”…


Brizola, algumas vezes, descreveu aquilo: “Olha, Brito, se quatro anos atrás, no exílio, algum camarada me dissesse que eu iria ser governador do Rio de Janeiro, eu já despachava o índio como sonhador. Mas se me dissessem que eu ia ser governador do Rio de Janeiro e minha primeira grande obra ia ser uma passarela de carnaval, eu chamava alguém de lado e dizia: interna, porque este índio é muito louco…”


Mas o índio não era tão louco, não é?


A Passarela do Samba foi da maquete á realidade em exatos 110 dias.


Sabe Deus como, porque o final do ano foi chuvoso e atrapalhou demais a fase das fundações, já complexa porque o terreno era pouco sólido e, ali em baixo, passava um rio.


Mas como a maioria das estruturas era pré-moldada, fora dali, e apenas os suportes laterais e intermediários era concretados no local, a coisas de fato aconteceram.


No dia a dia – ainda não havia essa preocupação com nepotismo – quem tocava a obra era o arquiteto João Otávio Brizola, turrão e marrento, sob a orientação – e de vez em quando os gentilíssimos trancos – de Sussekind, que apertava as empreiteiras onde lhes doía: nos pagamentos, que não saíam sem a obra andar.


Mas o desafio de engenharia não era nada  perto do desafio político.


Brizola passou a ser tratado como um louco pela mídia, a obra não iria sair e era uma inutilidade.


A charge aí em cima, publicada pelo O Globo, era apenas um pequeno retrato da sabotagem.


Brizola era o Odorico Paraguassu e o Sambódromo o cemitério de Sucupira, jamais inaugurado por falta de mortos, como mostra a imagem da primeira página do jornal, guardada pelo querido amigo Ápio Gomes.


A passarela ia cair.


Quando não caiu, disseram que ninguém conseguiria ouvir o samba, por causa do eco.


Que a pista ia afundar, porque havia – e há – um rio passando abaixo.


E, pasmem, a Globo abriu mão dos direitos de transmissão. O Carnaval do Rio não ia passar na TV.


Os ingressos encalharam, acredite se quiser.


Brizola, então,convocou todos os secretários, presidentes de empresas públicas, assessores  e maçanetes de todo o calibre para uma reunião, no auditório do Instituto de educação, na Tijuca.


E transformou todos em vendedores de ingressos.


Cada um tinha uma cota para vender, senão, rua.


E a coisa andou. A recém criada TV Manchete assumiu a transmissão, seu maior sucesso de público.


Às vésperas do Carnaval, perguntaram ao senhor Carlos Átila, então porta-voz do General João Figueiredo, o que ele achava da Passarela do Samba.


Átila não respondeu, mas cantarolou uma velha marchinha de Emilinha Borba, dos anos 50: “tomara que chova, três dias sem parar”.


Não choveu, a Passarela lotou e o povo desceu das arquibancadas em delírio, desfilando com a Mangueira o  seu inesquecível “Yes, nós temos Braguinha” e o seu “é no balancê-balancê”…


30 anos depois, os Sambódromos se espalharam pelo país, um sucesso.


Onde não tem, pululam as falcatruas feito o banheiro de ouro do Dudu.


Nenhum deles, porém, com a generosidade de, fora do carnaval, abrigarem salas de aula de uma escola para cinco mil crianças.


Generosidade que,, tenho a impressão, tiraram do Sambódromo  do Brizola, do Darcy e do Niemeyer, porque eles não gostam de escola pública.


Eu gosto, foi ela que me trouxe aqui.


Fui apenas duas vezes ao sambódromo, por dever profissional.


Não gosto de carnaval, mas embora doente do pé não sou ruim da cabeça e sob toda a exploração comercial do carnaval, sei da alegria autêntica daquelas centenas de milhares de pessoas que, nas arquibancadas ou na pista, desfila por ali.


Já escrevi sobre isso hoje: sem alegria e improvisação, não vamos a lugar nenhum.


Não que seriedade e planejamento não sejam importantíssimos, essenciais.


Mas é preciso ter sempre, dentro da gente, um índio louco, muito louco, destes de internar.


Porque não haverá no mundo – perguntem ao Sussekind – engenheiro capaz e transformar sonho em realidade se não houver a massa etérea do sonho como matéria- prima do concreto.


Quando nos tornamos idiotas da objetividade, já matamos os melhor de nós.


Eles tentam sempre fazer isso conosco.


Que jamais os ajudemos.



Tijolaço

O Gilmar já sabe: vem aí a revisão

O julgamento do mensalão mudou mais o STF do que o PT.
 
Como se sabe, o Gilmar Dantas (*) é um juiz mais do que partidário.

Partidário, de certa forma, por seus laços indestrutíveis com o PFL, de onde se desentranharam o Demóstenes – que ele defenderá – e Daniel Dantas, segundo descrição pormenorizada de Rubens Valente, autor do best-seller “Operação Banqueiro”.

Clique aqui para ler “O que seria do Dantas, não fosse o Gilmar ?”.

Porém, mais do que partidário, ele é político, age politicamente.

E foi ele quem percebeu o tamanho da encrenca em que se meteu o Supremo, ao julgar o mensalão (o do PT, porque o dos tucanos jamais será julgado).

Disse ele, nesta quinta-feira, ao se ver derrotado:

“Quem sabe a Corte será recomposta para a revisão criminal”.

Claro, Gilmar !


Como disse a senadora Gleisi Hofmann, a nomeação de Teori e Barroso é tão legítima, impessoal e apolítica quanto a de Barbosa.

(Não é o caso da nomeação de Gilmar, que, como demonstra Valente, esteve ligada ao Príncipe da Privataria e a seus beneficiários, desde que Gilmar estava na Advocacia Geral da União.)

Claro que a Corte será renovada.

Na sessão de ontem, Barbosa fez um discurso para o palanque.

Deve sair em breve.

Ele não toleraria ficar em minoria, numa Corte presidida por seu rival, o Ministro Lewandowski, o primeiro a denunciar que a pena de Dirceu tinha sido inflada – por ele, Barbosa.

A presidenta Dilma terá que ampliar a nova maioria, a de “sanha renovadora”, como disse Barbosa.

E, aí virão a revisão criminal, a revisão da anistia à Lei da Anistia e se materializará a irrelevante minoria do Gilmar.

Em tempo: o impoluto Ministro Fux comparou Dirceu a Lampião. Isso é um perigo. Abre precedente tentador.


Pau-lo-Hen-ri-que-A-mo-rim, senhores !


(*) Clique aqui para ver como notável colonista da Globo Overseas Investment BV se referiu a Ele. E aqui para ver como outra notável colonista da GloboNews e da CBN se referia a Ele. O Ataulfo Merval de Paiva preferiu inovar. Cansado do antigo apelido, o imortal colonista decidiu chamá-lo de Gilmar Mentes. Esse Ataulfo é um jenio. O Luiz Fucks que o diga.
 
 
 
Conversa Afiada