Operação Ararath investiga crimes contra sistema
financeiro e lavagem de dinheiro; um dos alvos, empresário do ramo
atacadista Fernando Mendonça foi o maior doador da campanha do senador
Pedro Taques (PDT), nas eleições de 2010; sua empresa, a Vale Formoso
Distribuição Ltda., doou R$ 229,5 mil ao então candidato a senador,
conforme a prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral; a filha do
empresário, Ariane de Matos Mendonça, trabalha no gabinete do senador,
em Brasília, na função de gerente de sites e redes sociais
ISA SOUSA, MidiaNews -
A Polícia Federal cumpre, na manhã desta quarta-feira (19), 24 mandados
de busca e apreensão em Mato Grosso, Goiás, São Paulo e Distrito
Federal, relacionados à Operação Ararath.
Deste total, 16 são em Cuiabá, um em São José do Rio Claro (315 km a Oeste da Capital) e o restante nos outros estados citados.
O ex-secretário de Estado de Fazenda e da Secopa, Eder Moraes, teve
sua casa, no residencial Florais do Lago, na Capital, invadida pela
Polícia Federal.
Ao MidiaNews, ele confirmou o cumprimento do mandado, mas afirmou que a PF não levou nenhum objeto do local.
Ao MidiaNews, ele confirmou o cumprimento do mandado, mas afirmou que a PF não levou nenhum objeto do local.
O empresário Fernando Mendonça, do ramo atacadista e que atuaria com
factoring, também teve seu apartamento e sua empresa vasculhados por
agentes.
Ele é ligado ao senador Pedro Taques (PDT) e teve papel importante em sua eleição, em 2010.
Segundo o site FolhaMax, os agentes também fizeram busca e apreensão
no apartamento do empresário Sérgio Braga de Campos, no prédio Rio Sena.
Ele também atuaria no ramo de agiotagem e é sobrinho do senador Jaime
Campos e do deputado federal Júlio Campos, ambos do DEM.
Segundo informações, a empresa Concremax, do empresário Jorge Pires
de Miranda, também teria sido invadida por agentes da Polícia Federal.
A ação, que investiga de lavagem de dinheiro, crime contra o sistema
financeiro e comércio de sentença judicial, segundo a PF, entra em sua
quarta fase.
Novos indícios
Segundo a PF, após a deflagração das primeiras fases da operação, e
da análise de grande parte do material apreendido, foram obtidos
elementos que, além de reforçarem os indícios de crimes contra o sistema
financeiro e lavagem de dinheiro, indicaram o envolvimento de outras
pessoas e empresas.
"Apurou-se que o grupo criminoso possuía uma intensa e vultosa
movimentação financeira, por intermédio de recursos de terceiros e
empréstimos, com atuação análoga a de uma verdadeira instituição
financeira. Averiguou-se, ainda, que esse fluxo de altos valores vai
além do uso das empresas de factoring, com a utilização de outras
pessoas jurídicas, entre as quais, empresas fachada", afirmou a PF, por
meio de nota à redação.
Operação
A PF iniciou às investigações em 2011, de forma velada, para apurar a
prática de crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de
dinheiro.
Em novembro de 2013, a fase ostensiva foi deflagrada, com três etapas
e 27 mandados de busca e apreensão cumpridos. Um dos alvos principais é
o empresário Júnior Mendonça, da Amazônia Petróleo.
Entre os personagens investigados, até o momento, estão o bacharel em
Direito Tiago Dorileo, o juiz federal Julier Sebastião Silva, por
supostamente favorecer a Encomind Engenharia Comércio e Indústria Ltda.,
em decisão judicial, e o Consórcio Planservi-Sondotécnica, empresa que
auxilia a Secretaria da Copa 2014 (Secopa) a gerenciar as obras do
Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Alvo foi o maior doador da campanha de Taques
LAÍSE LUCATELLI, MidiaNews - O empresário do ramo
atacadista Fernando Mendonça, um dos alvos da Operação Ararath, foi o
maior doador da campanha do senador Pedro Taques (PDT), nas eleições de
2010.
Sua empresa, a Vale Formoso Distribuição Ltda. (razão social do
Atacado Mendonça), doou R$ 229,5 mil ao então candidato a senador,
conforme a prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral.
Esse montante foi depositado entre 1º de setembro e 28 de outubro de
2010, em seis transferências feitas para a conta de campanha do líder
pedetista.
O valor corresponde a pouco mais de 20% dos cerca de R$ 1,120 milhão que Taques declarou ter recebido em doações na campanha.
A ligação de Mendonça com Taques é estreita – além de financiador de
campanha, e peça importante na sua vitória, ele é amigo do senador.
A filha do empresário, Ariane de Matos Mendonça, trabalha no gabinete
do senador, em Brasília, na função de gerente de sites e redes sociais.
Até a deflagração da Operação Ararath, Mendonça também comandava o PDT em Várzea Grande.
No final do ano passado, ele se afastou da presidência da executiva, bem como da articulação política do partido.
Mendonça foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal, na manhã
desta quarta-feira (19), na quarta fase da Operação Ararath.
O Atacado Mendonça, localizado na Avenida Júlio Campos, perto do Trevo do Lagarto, em Várzea Grande, foi vasculhado pelos agentes, bem como seu apartamento.
A ação da PF visa ao desbaratamento de um suposto esquema de lavagem
de dinheiro envolvendo uma factoring e uma rede de postos de
combustíveis.
Outro lado
Em entrevista ao MidiaNews, o senador Pedro Taques confirmou a
ligação com Fernando Mendonça, mas evitou comentar sobre a Operação
Ararath.
Ele ainda negou que a saída de Mendonça da presidência do PDT em
Várzea Grande tenha relação com as investigações da Polícia Federal.
“Eu conheço o Fernando Mendonça, ele é meu amigo e doou para minha
campanha, como consta no site do TSE. Não sei o que está acontecendo
nessa operação, pois ainda não conversei com ele. A saída dele da
presidência [do PDT] não tem relação com a operação, em absoluto. Nós
mudamos várias comissões provisórias do PDT; Várzea Grande não foi a
única”, afirmou.
O senador também confirmou que emprega a filha do empresário em seu gabinete.
“Ariane trabalha comigo em Brasília, bate ponto todos os dias e é responsável por cuidar do meu site”, disse.
O empresário Fernando Mendonça não foi localizado pela reportagem para falar sobre o assunto.
Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário