Leandra Felipe - Correspondente da Agência Brasil/EBC
Edição: Graça Adjuto
O ministro das Relações
Exteriores da Venezuela, Elías Jaua, disse nessa segunda-feira (24) que o
país não aceita mediação internacional para solucionar o conflito
causado pelos protestos das duas últimas semanas.
"A Venezuela não pediu e nem aceita nenhuma mediação, nem de pessoas e
nem de organismos multilaterais, porque no país existem instituições
democráticas e há uma vontade da maioria do povo de resolver a situação
em paz e em democracia", acrescentou Jaua, em resposta a uma sugestão da
Organização dos Estado Americanos (OEA) para acabar com os violentos
protestos que há 13 dias atingem o país.
As declarações foram dadas durante entrevista do Partido Socialista
Unido da Venezuela. O chanceler lembrou que o presidente Nicolás Maduro
também compartilha dessa opinião. "A única instância que a Venezuela
consideraria, se necessário, seria a União de Nações Sul-Americanas
(Unasul)", disse.
Na semana passada, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza,
comentou que estava preocupado com a possibilidade de os protestos em
Caracas ocasionarem novos episódios de violência. Ele apelou ao "governo
para evitar o uso da força” e à oposição para manifestar-se
"pacificamente, evitando preocupações".
"Se já não há confiança em ninguém, em nenhuma instituição ou pessoa”
disse, “talvez atores externos, provenientes da nossa própria América,
sejam uma alternativa possível".
As manifestações na Venezuela já causaram a morte de 14 pessoas e
pelo menos 140 feridos. Também há casos de agressões a jornalistas. De
acordo com o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa, pelo menos
62 jornalistas foram vítimas de repressão de parte de organismos de
segurança do Estado, de civis venezuelanos, de civis armados e de
manifestantes.
Maduro atribuiu, entretanto, às barricadas montadas pelos seus
opositores a morte de 30 pessoas, por “ataques de coração e de asma”,
que se somam às 13 mortes registradas pela Procuradoria-Geral no âmbito
dos protestos.
“Já contabilizamos 30 compatriotas que faleceram por não terem sido
socorridos a tempo”, disse, durante discurso transmitido pela rede
pública de rádio e televisão, a um grupo de motociclistas que foi ao
palácio presidencial manifestar apoio.
Nessa segunda-feira, os Estados Unidos também voltaram a pedir que o
presidente venezuelano dialogue com os opositores e a população
venezuelana e acabe com as “acusações falsas” aos norte-americanos.
O porta-voz da Presidência norte-americana, Jay Carney, disse que
Maduro “pede um diálogo” com o presidente norte-americano, Barack Obama,
“e a troca de embaixadores”, mas deveria “centrar-se no diálogo com o
povo venezuelano”.
Ao longo do dia, nessa segunda-feira, Maduro anunciou a detenção de
um homem que alegou ser proveniente do Oriente Médio, classificou como
“mercenário” e a quem acusou de preparar carros-bomba para atentados. O
homem foi detido quando, em um bairro de classe média alta, em Maracay, a
100 quilômetros a oeste de Caracas, “preparava carros-bomba para encher
o país de violência”, adiantou o dirigente venezuelano.
As estradas das principais cidades de oito dos 24 estados da
Venezuela foram hoje bloqueadas por opositores da Revolução Bolivariana
defendida pelo governo do presidente Nicolás Maduro.
Quanto aos protestos, a imprensa local, autoridades e venezuelanos
usuários das redes sociais relatam que pelo menos oito estados do país
apresentavam rodovias bloqueadas nessa segunda-feira. Os bloqueios
afetam os estados de Táchira, Carabobo, Barquisimeto, Arágua, Zúlia,
Anzoátegui, Mérida e Miranda.
Com informações da Agência Venezuelana de Notícias e da Agência Lusa
Agência Brasil
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