terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Venezuela: chanceler diz que país não aceita mediação internacional

 
 
Leandra Felipe - Correspondente da Agência Brasil/EBC Edição: Graça Adjuto
 
 
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elías Jaua, disse nessa segunda-feira (24) que o país não aceita mediação internacional para solucionar o conflito causado pelos protestos das duas últimas semanas.

"A Venezuela não pediu e nem aceita nenhuma mediação, nem de pessoas e nem de organismos multilaterais, porque no país existem instituições democráticas e há uma vontade da maioria do povo de resolver a situação em paz e em democracia", acrescentou Jaua, em resposta a uma sugestão da Organização dos Estado Americanos (OEA) para acabar com os violentos protestos que há 13 dias atingem o país.

As declarações foram dadas durante entrevista do Partido Socialista Unido da Venezuela. O chanceler lembrou que o presidente Nicolás Maduro também compartilha dessa opinião. "A única instância que a Venezuela consideraria, se necessário, seria a União de Nações Sul-Americanas (Unasul)", disse.

Na semana passada, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, comentou que estava preocupado com a possibilidade de os protestos em Caracas ocasionarem novos episódios de violência. Ele apelou ao "governo para evitar o uso da força” e à oposição para manifestar-se "pacificamente, evitando preocupações".

"Se já não há confiança em ninguém, em nenhuma instituição ou pessoa” disse, “talvez atores externos, provenientes da nossa própria América, sejam uma alternativa possível".

As manifestações na Venezuela já causaram a morte de 14 pessoas e pelo menos 140 feridos. Também há casos de agressões a jornalistas. De acordo com o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa, pelo menos 62 jornalistas foram vítimas de repressão de parte de organismos de segurança do Estado, de civis venezuelanos, de civis armados e de manifestantes.
Maduro atribuiu, entretanto, às barricadas montadas pelos seus opositores a morte de 30 pessoas, por “ataques de coração e de asma”, que se somam às 13 mortes registradas pela Procuradoria-Geral no âmbito dos protestos.

“Já contabilizamos 30 compatriotas que faleceram por não terem sido socorridos a tempo”, disse, durante discurso transmitido pela rede pública de rádio e televisão, a um grupo de motociclistas que foi ao palácio presidencial manifestar apoio.

Nessa segunda-feira, os Estados Unidos também voltaram a pedir que o presidente venezuelano dialogue com os opositores e a população venezuelana e acabe com as “acusações falsas” aos norte-americanos.

O porta-voz da Presidência norte-americana, Jay Carney, disse que Maduro “pede um diálogo” com o presidente norte-americano, Barack Obama, “e a troca de embaixadores”, mas deveria “centrar-se no diálogo com o povo venezuelano”.

Ao longo do dia, nessa segunda-feira, Maduro anunciou a detenção de um homem que alegou ser proveniente do Oriente Médio, classificou como “mercenário” e a quem acusou de preparar carros-bomba para atentados. O homem foi detido quando, em um bairro de classe média alta, em Maracay, a 100 quilômetros a oeste de Caracas, “preparava carros-bomba para encher o país de violência”, adiantou o dirigente venezuelano.

As estradas das principais cidades de oito dos 24 estados da Venezuela foram hoje bloqueadas por opositores da Revolução Bolivariana defendida pelo governo do presidente Nicolás Maduro.

Quanto aos protestos, a imprensa local, autoridades e venezuelanos usuários das redes sociais relatam que pelo menos oito estados do país apresentavam rodovias bloqueadas nessa segunda-feira. Os bloqueios afetam os estados de Táchira, Carabobo, Barquisimeto, Arágua, Zúlia, Anzoátegui, Mérida e Miranda.

Com informações da Agência Venezuelana de Notícias e da Agência Lusa



Agência Brasil

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