Há bons empregos à frente, diz a publicação; capa
desta semana pode representar um momento de inflexão de uma empresa
mergulhada em profunda crise econômica; comandada por Fábio Barbosa,
editora colocou à venda Abril Educação para tentar salvar a área de
revistas; recentemente, Barbosa também esteve em Brasília, pediu socorro
oficial e não foi atendido; migração da publicidade para plataformas
digitais atinge duramente a Abril, que estuda fechar revistas e
concentrar seus esforços apenas nas marcas mais importantes, como Veja e
Exame; o Brasil vai bem, a Abril vai mal
247 - A capa
deste fim de semana da revista Veja surpreende um leitor acostumado a
receber da publicação, quase sempre, uma imagem negativa do País. Veja
pede ao leitor que sorria. E mais: afirma que existem bons empregos à
frente. Num país em pleno emprego, que fechou janeiro com a menor taxa
de desocupação da história, com apenas 4,8% das pessoas em idade ativa
fora do mercado do trabalho, Veja se curva ao óbvio: o Brasil vai bem,
obrigado.
O que não significa, porém, que a
Editora Abril, que edita Veja, esteja em boa saúde. Ao contrário.
Mergulhada em profunda crise financeira, a empresa da família Civita
colocou à venda sua "galinha dos ovos de ouro", a Abril Educação, que
reúne sistemas de ensino e escolas de inglês como o Red Balloon e a Wise
Up - esta última, comprada por valores exorbitantes, é uma das causas
da crise. Com esses recursos, a Abril pretende socorrer suas divisão de
revistas, que sofre com a migração da publicidade de meios impressos
para publicações digitais.
Com a capa desta semana, Veja
transmite uma mensagem ao poder. Talvez, uma bandeira branca, ao
reconhecer que a situação econômica do País não é desastrosa como foi
pintado em capas recentes da revista - quem não se lembra, por exemplo,
da célebre "Dilma pisou no tomate"?
O esforço de diplomacia é uma das
estratégias de Fábio Barbosa, executivo que comanda a gestão da empresa.
Recentemente, ele foi a Brasília e pediu ajuda de bancos oficiais para
uma operação que ajudaria a recuperar a saúde financeira da companhia. A
resposta foi negativa. Ao que tudo indica, a Abril terá que se virar
com as próprias pernas.
Mas há uma clara inflexão editorial
nas páginas de Veja, cujo objetivo parece ser o de transmitir sinais de
uma possível pacificação. O que se torna ainda mais necessário num
momento em pesquisas mostram o enfraquecimento das revistas num mundo em
que as pessoas se informam cada vez mais por outros meios -
especialmente a internet.
Fábio Barbosa estendeu a bandeira branca. Resta saber se será atendido e até quando irá durar a trégua.
Brasil 247
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