Manipulação na pauta feita por Joaquim Barbosa vai
reduzir tempo de apreciação pelo plenário do STF, nesta quinta-feira
20, das acusações de formação de quadrilha contra réus na AP 470;
tendência é por absolvição, mas primeiro voto deve ser condenatório: o
de Luiz Fux; Barbosa marcou reunião às 14h00 para discutir assuntos
administrativos; intenção é abrir julgamento dos réus do PT mais tarde,
de modo a que só Fux vote hoje; mídia familiar pronta para apoiá-lo no 1
a 0; segundo voto, que pode empatar, será de Luís Roberto Barroso;
palavra para ele, porém, só na terça 25, se o plano der certo; operação
semelhante já jogou pressão midiática sobre decano Celso de Mello;
mal-estar no STF obrigou presidente do STF a cancelar a reunião, mas,
ainda assim, tendência é permitir apenas o voto de Fux
247 – A exemplo
do que já ocorrera na votação dos embargos infringentes na AP 470,
outra vez uma manobra que sincroniza o tempo do julgamento com a
repercussão na mídia familiar para lançar pressões sobre juízes está em
curso.
O presidente do STF, Joaquim
Barbosa, convocou para 14h00 desta quinta-feira 20 uma reunião para
tratar de assuntos administrativos entre os integrantes do plenário.
Também hoje, mas somente em seguida ao término deste importante
encontro, a pauta marca o início da votação sobre crimes de formação de
quadrilha na AP 470. Entre os réus, os petistas José Dirceu, José
Genoíno, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.
Jogando com o regimento e a pauta na
mão, a marcação de uma reunião administrativa que poderia ser alongar
por prazo indeterminado tiraria tempo que poderia servir para o avanço
do julgamento mais importante da história do STF. Assim, como o Supremo
costuma encerrar suas sessões plenárias por volta de 18h30/19h00, um
voto primeiro voto, se for longo, poderá ocupar todo esse primeiro dia
da retomada do julgamento.
Como a convocação da reunião gerou
mal-estar no STF, Barbosa decidiu cancelá-la no início desta tarde.
Apesar disso, a intenção é permitir apenas um voto. E
o primeiro é exatamente do ministro Luiz Fux, aquele que não desmente a
versão de que teria dito ao então chefe da Casa Civil Dirceu que
mataria no peito o julgamento do chamado mensalão. Hoje em posição
sempre condenatória dos réus do PT, Fux terá a chance de pronunciar seu
voto de modo a que não dê tempo de um segundo juiz votar ainda no dia de
hoje.
O que chama atenção é que o segundo
voto será do ministro Luís Roberto Barroso, e tende a ser pela
absolvição dos réus. Caso Barroso não consiga votar hoje, porém, a mídia
familiar terá entre esta quinta 20 e a próxima terça-feira 25, quando o
plenário voltará a se reunir, para comemorar 1 a 0 pela condenação – e
crucificar, antecipadamente, o provável voto de empate de Barroso.
Esse tipo de chicana não é novidade
na gestão de Joaquim Barbosa. No ponto alto do julgamento, no final do
ano passado, Barbosa cortou abruptamente a palavra do decano Celso de
Mello, determando que o voto decisivo dele, após longa peroração do
ministro Gilmar Mendes, só se desse na sessão seguinte. Esta foi
igualmente, como agora, numa terça-feira, o que abriu espaço para a
mídia familiar, especialmente com suas revistas semanas, pressionarem
Mello. O problema foi que ele não cedeu e os embargos infringentes foram
aceitos (aqui).
Para tentar que funcione agora, a operação adia está de novo em curso. Acompanhe.
Brasil 247
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