Capital da Venezuela, Caracas voltou a ser palco
de novas manifestações contrárias e favoráveis ao governo de Nicolás
Maduro, nesta terça-feira (18); onda de protestos que se iniciou com um
ato de estudantes contra a insegurança em vários estados na semana
passada ganhou proporções nacionais com morte de três manifestantes e
tom político; líder da oposição, Leopoldo López, que convocou os atos,
se entregou à polícia; manifestações são um teste para o chavismo, que
governa o país há 15 anos; Maduro acusa oposição de tentativa de golpe
de estado; Mercosul e Celac já repudiaram onda de violência; líderes da
esquerda como Lula e Mujica acompanham os desdobramentos dos atos com
apreensão
247 - Capital da Venezuela, Caracas se tornou
mais uma vez, nesta terça-feira (18), palco de enfrentamentos de
manifestantes favoráveis e contrários ao governo chavista de Nicolás
Maduro. Atual onda de protestos iniciou com um ato de estudantes contra a
insegurança em vários estados do país e desencadeou uma série de
mobilizações, com adesão de grupos políticos e outros setores da
sociedade. O caso se agravou ainda mais porque três manifestantes
morreram na semana passada, durante os primeiros protestos.
Manifestações são um teste para o chavismo, que governa o país há 15
anos. Líderes da esquerda na América do Sul, como Lula e Pepe
Mujica (presidente do Uruguai), acompanham os desdobramentos dos atos
com apreensão, diante da possibilidade de golpe de estado (leia mais aqui).
Nesta terça, milhares de manifestantes voltaram às ruas convocados
pelo líder da oposição Leopoldo López. Ele apareceu em uma praça para
dirigir o ato e comunicar aos apoiadores que se entregaria à polícia, o
que fez logo em seguida (leia aqui).
Lopez é acusado de incitar a violência nos protestos ocorridos na
semana passada, que resultaram na morte dos jovens. Duas outras pessoas
morreram hoje. Inicialmente, os protestos eram contra os altos índices
de criminalidade. Mas problemas como a inflação, a falta de bens de
consumo básicos, o mercado negro e os apagões também geraram mal-estar
em alguns setores. Isso sem falar da oposição de direita, que pretende
mudar 15 anos de políticas "chavistas" - iniciadas pelo ex-líder Hugo
Chávez (que faleceu no ano passado) e continuadas por Nicolás Maduro.
O presidente Nicolás Maduro condenou os incidentes da manifestação da
quarta-feira passada e os atribuiu a um levante "nazifascista" que
buscaria um golpe de Estado. Ele pediu a paz, mas afirmou que os que
participaram do episódio de violência não ficariam impunes, ao mesmo
tempo em que manifestou apoio às investigações que a Promotoria Pública
realizará para determinar os possíveis responsáveis.
A oposição nega a tentativa de golpe. Os líderes estudantes que
realizaram os primeiros atos também rechaçam a acusação do presidente.
"Sempre que alguém protesta por um direito, o governo sai com o discurso
de que 'sofremos um golpe de Estado' ou que 'estão criando uma agenda
oculta para desestabilizar'. Desestabilizada está a sociedade
venezuelana que vive com medo e fazendo filas", disse a líder estudantil
Arellano, de acordo com reportagem do portal UOL.
Henrique Capriles, o candidato presidencial da oposição, que perdeu
para Maduro, no final do ano passado, se distanciou das iniciativas de
Leopoldo López e condenou a violência. Ele acredita que este não seja o
melhor momento para mobilizações de massa contra o governo e criticou a
convocação de uma parte da oposição, que exigiu a saída antecipada de
Maduro do poder.
Desde a morte de Hugo Chávez, inconteste líder da esquerda, que o
país vive momentos de desestabilização. Embora tenha sido eleito, Maduro
não possui o mesmo carisma do seu antecessor e tem que lidar com o
desgaste natural do longo período em que o seu grupo governa o país. Há,
por isso, um ambiente político muito polarizado, o que coloca toda e
qualquer ação do governo sob protesto da oposição.
Ontem, o Mercosul repudiou os atos de violência. "Os Estados-Membros
do Mercosul reiteram seu firme compromisso com a plena vigência das
instituições democráticas e, nesse marco, rechaçam as ações criminosas
dos grupos violentos que querem disseminar a intolerância e o ódio na
Venezuela como instrumento de luta política", diz comunicado divulgado
no fim da noite de ontem (16).
Em nota, a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai; a Bolívia,
que está em processo de adesão ao bloco; e os Estados associados, Chile,
Colômbia, Equador e Peru, instam o governo e a oposição da Venezuela a
continuar aprofundando o diálogo sobre as questões nacionais dentro da
institucionalidade democrática e em um Estado de Direito.
Nesta terça (18), a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e
Caribenhos (Celac) pediu que o governo da Venezuela promova o diálogo
entre as forças políticas no país e disse repudiar a violência nos
protestos que deixou ao menos quatro mortos e 63 feridos. Em comunicado,
a Celac expressou solidariedade aos venezuelanos e desejo de que o
governo do país continue a se esforçar para dialogar com as forças
políticas em ambiente de paz em prol da unidade nacional. A nota
oficial, divulgada na Costa Rica, que ocupa a presidência pro tempore do
organismo, considerou que “em todo o momento deve se garantir a
institucionalidade democrática, o respeito à lei e à informação fiel e
veraz, assim como o pleno respeito a todos os direitos humanos”.
Brasil 247
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