terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Multidão na rua testa limites do chavismo

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Capital da Venezuela, Caracas voltou a ser palco de novas manifestações contrárias e favoráveis ao governo de Nicolás Maduro, nesta terça-feira (18); onda de protestos que se iniciou com um ato de estudantes contra a insegurança em vários estados na semana passada ganhou proporções nacionais com morte de três manifestantes e tom político; líder da oposição, Leopoldo López, que convocou os atos, se entregou à polícia; manifestações são um teste para o chavismo, que governa o país há 15 anos; Maduro acusa oposição de tentativa de golpe de estado; Mercosul e Celac já repudiaram onda de violência; líderes da esquerda como Lula e Mujica acompanham os desdobramentos dos atos com apreensão
18 de Fevereiro de 2014 às 20:40


247 - Capital da Venezuela, Caracas se tornou mais uma vez, nesta terça-feira (18), palco de enfrentamentos de manifestantes favoráveis e contrários ao governo chavista de Nicolás Maduro. Atual onda de protestos iniciou com um ato de estudantes contra a insegurança em vários estados do país e desencadeou uma série de mobilizações, com adesão de grupos políticos e outros setores da sociedade. O caso se agravou ainda mais porque três manifestantes morreram na semana passada, durante os primeiros protestos. Manifestações são um teste para o chavismo, que governa o país há 15 anos. Líderes da esquerda na América do Sul, como Lula e Pepe Mujica (presidente do Uruguai), acompanham os desdobramentos dos atos com apreensão, diante da possibilidade de golpe de estado (leia mais aqui).


Nesta terça, milhares de manifestantes voltaram às ruas convocados pelo líder da oposição Leopoldo López. Ele apareceu em uma praça para dirigir o ato e comunicar aos apoiadores que se entregaria à polícia, o que fez logo em seguida (leia aqui). Lopez é acusado de incitar a violência nos protestos ocorridos na semana passada, que resultaram na morte dos jovens. Duas outras pessoas morreram hoje. Inicialmente, os protestos eram contra os altos índices de criminalidade. Mas problemas como a inflação, a falta de bens de consumo básicos, o mercado negro e os apagões também geraram mal-estar em alguns setores. Isso sem falar da oposição de direita, que pretende mudar 15 anos de políticas "chavistas" - iniciadas pelo ex-líder Hugo Chávez (que faleceu no ano passado) e continuadas por Nicolás Maduro.


O presidente Nicolás Maduro condenou os incidentes da manifestação da quarta-feira passada e os atribuiu a um levante "nazifascista" que buscaria um golpe de Estado. Ele pediu a paz, mas afirmou que os que participaram do episódio de violência não ficariam impunes, ao mesmo tempo em que manifestou apoio às investigações que a Promotoria Pública realizará para determinar os possíveis responsáveis. 


A oposição nega a tentativa de golpe. Os líderes estudantes que realizaram os primeiros atos também rechaçam a acusação do presidente. "Sempre que alguém protesta por um direito, o governo sai com o discurso de que 'sofremos um golpe de Estado' ou que 'estão criando uma agenda oculta para desestabilizar'. Desestabilizada está a sociedade venezuelana que vive com medo e fazendo filas", disse a líder estudantil Arellano, de acordo com reportagem do portal UOL.


Henrique Capriles, o candidato presidencial da oposição, que perdeu para Maduro, no final do ano passado, se distanciou das iniciativas de Leopoldo López e condenou a violência. Ele acredita que este não seja o melhor momento para mobilizações de massa contra o governo e criticou a convocação de uma parte da oposição, que exigiu a saída antecipada de Maduro do poder.


Desde a morte de Hugo Chávez, inconteste líder da esquerda, que o país vive momentos de desestabilização. Embora tenha sido eleito, Maduro não possui o mesmo carisma do seu antecessor e tem que lidar com o desgaste natural do longo período em que o seu grupo governa o país. Há, por isso, um ambiente político muito polarizado, o que coloca toda e qualquer ação do governo sob protesto da oposição.


Ontem, o Mercosul repudiou os atos de violência. "Os Estados-Membros do Mercosul reiteram seu firme compromisso com a plena vigência das instituições democráticas e, nesse marco, rechaçam as ações criminosas dos grupos violentos que querem disseminar a intolerância e o ódio na Venezuela como instrumento de luta política", diz comunicado divulgado no fim da noite de ontem (16).


Em nota, a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai; a Bolívia, que está em processo de adesão ao bloco; e os Estados associados, Chile, Colômbia, Equador e Peru, instam o governo e a oposição da Venezuela a continuar aprofundando o diálogo sobre as questões nacionais dentro da institucionalidade democrática e em um Estado de Direito.


Nesta terça (18), a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) pediu que o governo da Venezuela promova o diálogo entre as forças políticas no país e disse repudiar a violência nos protestos que deixou ao menos quatro mortos e 63 feridos. Em comunicado, a Celac expressou solidariedade aos venezuelanos e desejo de que o governo do país continue a se esforçar para dialogar com as forças políticas em ambiente de paz em prol da unidade nacional. A nota oficial, divulgada na Costa Rica, que ocupa a presidência pro tempore do organismo, considerou que “em todo o momento deve se garantir a institucionalidade democrática, o respeito à lei e à informação fiel e veraz, assim como o pleno respeito a todos os direitos humanos”.



Brasil 247

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