Foi um tempo precioso perdido para os adversários de
Dilma Rousseff. Faltam sete meses e meio para as eleições
Agência Brasil
Dilma Rousseff é a favorita para se reeleger em outubro
A notícia mais relevante da recém-concluída pesquisa CartaCapital/Vox Populi
é a estabilidade do cenário eleitoral. Quando se comparam os resultados
desta com aqueles da pesquisa anterior, realizada em outubro do ano
passado, percebe-se que a estrutura das intenções de voto é basicamente a
mesma. Também ficaram iguais a avaliação do governo federal (mantida
majoritariamente positiva) e a identificação dos problemas que preocupam
os eleitores em sua natureza e hierarquia (com a proeminência da
saúde).
Em outras palavras, nos quase quatro meses entre o fim de outubro de
2013, período de realização do levantamento anterior, e os dias 13 e 15
de fevereiro de 2014, quando os questionários deste foram aplicados, a
população não mudou de atitude em relação aos candidatos e ao que
poderíamos chamar de “agenda da eleição”.
Isso naturalmente só é bom para quem está na frente.
Dilma Rousseff, do PT, tinha 43% em outubro e alcança 41% agora, uma
oscilação dentro da margem de erro. Algo semelhante acontece com Aécio
Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). O tucano estacionou em 17% e o
pernambucano veio de 9% para 6%. A soma de seus votos era insuficiente
para levar a eleição para o segundo turno e assim continua. A presidenta
possui ampla vantagem para vencer já no primeiro.
São números frustrantes para a oposição. Indicam não terem adiantado
os esforços para alterar o favoritismo alcançado pela petista no
encerramento de 2013.
Para as oposições, foi um tempo precioso perdido. E o relógio não
para. Em outubro, faltava um ano para a eleição. Agora, sete meses e
meio. E se pouca coisa mudar no próximo quadrimestre? E nos meses
seguintes?
Quem conhece os estrategistas da oposição sabe que esperavam mais das
pesquisas feitas neste momento, depois de a largada para o ano
eleitoral ter sido “oficialmente” dada. Em nossa história de eleições
presidenciais, neste momento parcelas expressivas do eleitorado já se
mostram definidas.
A falta de crescimento de Aécio e Campos, não apenas de outubro, mas
de julho de 2013 até agora, os preocupa. Se o tucano permanece abaixo de
20%, apesar do espaço na mídia, e se Campos não atinge 10%, apesar do
noticiário sempre favorável e da “aliança” com Marina Silva, o que pode
levá-los a patamares de maior competitividade?
Cabe discutir se o “desconhecimento” é uma explicação ou um sintoma
de algo mais grave para seus propósitos. Aécio e Campos, de fato, são
menos conhecidos que Dilma, mas resta analisar os motivos de
permanecerem “desconhecidos”. Será apenas por “falta de janela”, déficit
que a campanha supriria mais adiante? Quem disse que a maioria do
eleitorado chegará à segunda quinzena de agosto, quando começa a
propaganda eleitoral na televisão e no rádio, ainda disposta a
conhecê-los? Quem sabe não estará resolvida, de posse da informação que
considera satisfatória a respeito deles?
O “desconhecimento” de Aécio e Campos pode significar mais que um
fenômeno transitório. Sua persistência sugere outra coisa: a falta de
curiosidade do eleitorado em relação a ambos.
Outro ponto: o desempenho de Dilma não muda quando sua candidatura é
confrontada com muitos adversários, em vez de apenas dois, como ocorria
nos levantamentos anteriores. Diante de sete possíveis oponentes, ela
fica onde estava, e permite a seguinte análise: a estratégia de lançar
vários “nanicos”, imaginada por expoentes oposicionistas, não deve ser
eficaz.
É desnecessário, por óbvio, dizer que a eleição não está resolvida.
Há elementos de incerteza no horizonte, entre os quais a Copa do Mundo e
suas possíveis consequências políticas. Tudo funcionará adequadamente?
Existem riscos de vexames? Os protestos previsíveis serão expressivos?
O Mundial de futebol termina em julho. O que menos importará em 5 de
outubro é quem venceu ou perdeu o torneio. Até lá, a população estará
envolvida com a eleição. E se nenhuma mudança relevante acontecer,
sabemos o que ela pretende fazer.
*É diretor do Instituto Vox Populi
Carta Capital
Nenhum comentário:
Postar um comentário