qui, 20/02/2014 - 15:08
Sugerido por Pedro Penido dos Anjos
Do Estadão
Depois de registrar saídas de dólares
em janeiro, o Brasil voltou a apresentar saldo positivo em fevereiro,
puxado pela entrada de US$ 1,72 bilhão pela chamada conta financeira
Murilo Rodrigues Alves e Laís Alegretti
BRASÍLIA - Os investidores
estrangeiros estão voltando ao Brasil, de olho nos ganhos com a alta da
taxa de juros. Em janeiro, eles haviam retirado dólares do País, em meio
à turbulência nos mercados emergentes com as decisões do Federal
Reserve (Fed, o banco central americano) e diante da perspectiva da
redução da nota de crédito brasileira pelas agências de classificação de
risco. Os dados de fevereiro mostram uma mudança no humor dos
investidores.
A entrada de dólares superou a saída
em US$ 318 milhões no acumulado de fevereiro até sexta-feira da semana
passada, informou o Banco Central (BC). O resultado parcial do mês fez
com que o fluxo acumulado em 2014 ficasse positivo em quase US$ 2
bilhões, resultado bem distinto do mesmo período do ano passado, quando
US$ 4 bilhões deixaram o País.
O ingresso de dólar está se dando pela
chamada conta financeira, pela qual são registrados os investimentos
estrangeiros diretos (em produção), as aplicações em carteira e as
remessas de lucros e dividendos. Até sexta-feira, entrou por esse canal
US$ 1,72 bilhão. Em janeiro, a conta financeira contribuiu só com US$ 19
milhões para o saldo de US$ 1,6 bilhão.
Apesar do quadro de desconfiança dos
investidores internacionais em relação à economia brasileira,
principalmente pela piora das contas públicas e pela dependência cada
vez maior de recursos externos, especialistas afirmam que o mercado já
assimilou boa parte do impacto de uma possível revisão para baixo da
nota do País por agências de classificação de risco.
Retorno. Para o economista-chefe da
Gradual Investimentos, André Perfeito, antes mesmo da decisão da
Standard & Poor’s e seja ela qual for, os preços dos ativos
brasileiros foram se desvalorizando e ficaram muito atrativos para os
investidores. "Os mesmos que deram orientação para sair do Brasil vão
recomendar comprar assim que a S&P se pronunciar sobre o País, para o
bem ou para o mal."
Um dos sinais da melhora das
expectativas de investidores em relação ao Brasil é percebido pela queda
de 11,5% no mês até agora dos Credit Default Swaps (CDS), papel que
serve como "seguro" contra eventual calote do País. Em janeiro, com a
deterioração da situação cambial argentina, o CDS de referência que
vence em cinco anos tinha subido quase 11%, como mostrou o Estado.
Uma das explicações para o aumento do
interesse pelo País é o fato de que, como lembrou anteontem o presidente
do Banco Central, Alexandre Tombini, o processo de alta da taxa de
juros começou bem antes do de outras economias emergentes. André
Perfeito calcula que o real oferece 0,87% ao mês de juros, três vezes
acima da taxa do México, nas operações de investimento em que o
investidor toma um empréstimo em um país que tem juros baixos e investe
os recursos em outro que possui juros altos (carry trade).
Além da alta de 3,25 pontos
porcentuais nos juros básicos do País nos últimos 12 meses, o economista
Antonio Madeira, da LCA Consultores, afirma que a diferença entre o
resultado das primeiras semanas de 2013 e as de 2014 também se deve ao
cenário econômico internacional distinto e aos impostos cobrados sobre
investimentos no País naquele momento.
Apesar de haver agora "alta
probabilidade" de rebaixamento da nota brasileira, segundo ele, o risco
já está em boa parte "precificado". "Por isso, o fluxo cambial está mais
estável."
Blog do Luis Nassif
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