“Déficit civilizatório”. Eis um grande achado do ministro Barroso. Ele se dirigia ao iracundo Joaquim Barbosa, que tomou de Barroso uma sova intelectual memorável. O presidente o presidente do STF, apoplético, reagia em sua caricatura de ditador.
Mas a definição é ampla e cabe muita gente dentro dela. Merece virar um prêmio. Como JB é hors concours, o “Prêmio Déficit Civilizatório” do DCM desta semana vai para o deputado federal Luiz Carlos Heinze, do PP gaúcho.
Heinze se daria bem em qualquer tropa fascista. Membro da Igreja Evangélica Luterana, coordenador da Bancada Ruralista, dono de 1 543 hectares de terra em São Borja, já organizou ou participou na linha de frente de “tratoraços”, “caminhonaços” e outros protestos muito loucos.
Mas por que ele merece o “Déficit Civilizatório” Awards?, você pergunta. Bem, por causa de dois vídeos que mostram o que ele pensa e que o tornaram uma subcelebridade da internet.
O primeiro foi gravado numa audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara em Vicente Dutra, no norte do Rio Grande do Sul. Juntamente com o colega Alceu Moreira, do PMDB, Heinze orienta os produtores rurais lutarem contra os invasores. Como? Pegando em armas.
“No Pará, eles contrataram segurança privada. Ninguém invade no Pará, porque a brigada militar não lhes dá guarida lá e eles têm de fazer a defesa das suas propriedades”, afirmou. “Por isso, pessoal, só tem um jeito: se defendam. Façam a defesa como o Pará está fazendo. Façam a defesa como o Mato Grosso do Sul está fazendo. Os índios invadiram uma propriedade. Foram corridos da propriedade. Isso aconteceu lá.”
Continuou: “Seu Gilberto Carvalho também é ministro da presidenta Dilma. É ali que estão quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta, ali está. E eles têm o comando do governo”, afirma.
Isso foi em novembro. Ele chegou a esboçar uma retratação. Teria sido força de expressão. “Se quer ser bicha, se quer ser lésbica, eu não tenho problema nenhum”, falou para o Zero Hora.
Agora apareceu um novo vídeo de Heinze em que ele volta à carga com a mesma categoria. Num certo Leilão da Resistência, bate novamente em Carvalho e seus amigos.
“Tem no Palácio do Planalto um ministro da presidenta Dilma, chamado Gilberto Carvalho, que aninha em seu gabinete índios, negros, sem-terra, gays, lésbicas. A família não existe no gabinete desse senhor. Esse é o governo. Não esperem que essa gente vá resolver o nosso problema”.
Heinze é ele mesmo o problema que quer resolver. Por isso leva do DCM o prestigiado “Prêmio Déficit Civilizatório”.
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