Nesta terça, o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) promove uma solenidade especial no Senado para festejar os
vinte anos do Plano Real; evento terá a presença do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, que, a cada dia, se mostra mais influente na
definição dos rumos de sua campanha presidencial; economistas que
fizeram parte da equipe de FHC, como Pedro Malan e Armínio Fraga, já
estão entre os principais conselheiros de Aécio; candidato tucano tenta
resgatar a imagem de um governo que, segundo alguns analistas, criou as
bases da estabilidade econômica, mas, para muitos, não evoca boas
lembranças; enquanto antecessores de Aécio em outra disputas
presidenciais, José Serra e Geraldo Alckmin, esconderam FHC, mineiro faz
o inverso; estratégia vai dar certo?
247 - A campanha do senador Aécio
Neves (PSDB-MG) ao Palácio do Planalto é também uma tentativa de resgate
da imagem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nesta terça, por
exemplo, o Senado promove uma sessão especial, por iniciativa de Aécio,
destinada a comemorar os vinte anos do Plano Real. Nela, pela primeira
vez em muitos anos, FHC estará de volta ao Senado e poderá falar sobre a
guerra contra a inflação. “Os princípios do Plano Real foram
apropriados por nossa sociedade de tal forma que, desde então, os
sucessivos governos não abriram mão de sua defesa. Entretanto, o tempo
passa e uma nova geração de brasileiros, aqueles que eram muito jovens
em 1994 e os que hoje têm menos de 20 anos, não viveram o horror da
inflação, como seus pais. Mesmo a nossa memória se relativiza com o
passar dos anos", diz Aécio.
Com estas iniciativas, Aécio faz exatamente o oposto do
que seus antecessores tucanos na disputa do Palácio do Planalto, que
foram José Serra e Geraldo Alckmin. Ambos o esconderam ou se mostraram
envergonhados na defesa de seu legado. Aécio, ao contrário, não apenas
exalta FHC, como o escuta, vai a eventos públicos a seu lado e também
trata economistas que fizeram parte de seu governo, como Pedro Malan e
Armínio Fraga, como conselheiros especiais. É uma estratégia de risco,
uma vez que FHC, embora seja visto por alguns como o presidente que
criou as bases da estabilidade, também liderou um governo que ainda
evoca más lembranças para muitos brasileiros. Mas, se escondê-lo não deu
certo, Aécio ao menos tenta um caminho diferente.
Abaixo, reportagem da Agência Senado:
Agência Senado - O Congresso Nacional
realiza na terça-feira (25), às 11h, sessão solene destinada a comemorar
os 20 anos de lançamento do Plano Real. O evento, que acontece no
Plenário do Senado, contará com a participação de diversos senadores e
deputados e está confirmada a presença do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso. O ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco também
deve comparecer.
O Plano Real, lançado em 27 de fevereiro de 1994, no
governo de Itamar Franco, com a edição da Medida Provisória 434/1994,
foi um amplo programa de estabilização econômica que teve como principal
objetivo o controle da hiperinflação que assolava o país. Entre outras
medidas, criou a Unidade Real de Valor (URV), moeda virtual que serviu
para a transição entre o Cruzeiro Real e o Real. Aprovada na forma de
projeto de lei de conversão (PLV 11/1994), a MP se transformou na Lei
8.880/1994.
Elaborado a partir de 1993 por uma equipe de economistas
reunida e capitaneada pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique
Cardoso, utilizou-se de diversos instrumentos econômicos e políticos
para a redução da inflação que chegou a 46,58% ao mês em junho de 1994,
quando do lançamento da nova moeda, o Real.
Na avaliação do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que sugeriu
a sessão especial, desde a implantação do Plano Real renasceu no Brasil
a esperança da construção de um futuro planejado. Antes da medida,
segundo Aécio, a inflação e a desordem nas finanças públicas colocaram o
Brasil, por várias ocasiões, à beira do caos.
Para o senador, a celebração da criação do Plano Real é
uma forma de permitir, às novas gerações, o conhecimento do que
representou para o desenvolvimento do país a iniciativa empreendida no
governo Itamar Franco.
“Os princípios do Plano Real foram apropriados por nossa
sociedade de tal forma que, desde então, os sucessivos governos não
abriram mão de sua defesa. Entretanto, o tempo passa e uma nova geração
de brasileiros, aqueles que eram muito jovens em 1994 e os que hoje têm
menos de 20 anos, não viveram o horror da inflação, como seus pais.
Mesmo a nossa memória se relativiza com o passar dos anos", diz Aécio.
Para o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), a população
brasileira vai comemorar nesta terça-feira (25) 20 anos de estabilidade
econômica e a derrota da inflação “que corroía o poder aquisitivo do
trabalhador”.
— Foi uma das vitórias mais importantes da história
econômica do nosso país. Muitos dos que hoje vivem em um sistema com
pouca inflação não têm ideia do que era uma conjuntura econômica de
inflação de até 80% ao mês — disse Ferraço, lembrando que era deputado
estadual em 1994.
O senador acrescentou que, embora a inflação descontrolada
faça parte de um passado que talvez seja melhor esquecer, o governo
precisa se manter atento para continuar garantindo a estabilidade
econômica para o país e a população.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que a população
brasileira tem muito a comemorar com os 20 anos do plano que estabilizou
a economia.
— O Plano Real é um divisor de águas que acabou com a
inflação no país e inaugurou um novo conceito de administração pública
com base na Lei de Responsabilidade Fiscal. O Plano Real é o grande
promotor da inclusão social no Brasil — disse Alvaro Dias lembrando que
estava sem mandato em 1994 mas, em 2000, foi relator na Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do projeto que daria origem à
Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar101/2000).
Desde 1942 foram feitas muitas reformas no país das quais
nasceram seis novas moedas, a saber: Cruzeiro (1942 a 1967), Cruzeiro
Novo (1967 a 1970), Cruzeiro (1970 a 1986), Cruzado (1986 a 1989),
Cruzado Novo (1989 a 1990), Cruzeiro (1990 a 1993) e Cruzeiro Real (1993
a 1994). A inflação acumulada de 1967 até 1994 foi de aproximadamente
1.142.332.741.811.850% (IGP-DI).
Brasil 247
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