Do Estadão
Segundo a promotoria, Deustche Bank foi usado pelo ex-prefeito para depositar valores desviados durante sua gestão
Fernando Gallo
O Deustche Bank fechou nesta
segunda-feira um acordo com o Ministério Público estadual e aceitou
pagar uma indenização de US$ 20 milhões - cerca de R$ 50 milhões - para
evitar ser alvo de uma ação judicial por ter abrigado em suas contas
dinheiro que, segundo a promotoria, foi desviado na prefeitura de São
Paulo na gestão Paulo Maluf (1993-1996), atualmente deputado federal
pelo PP.
O acordo teve aval da Prefeitura de
São Paulo, hoje comandada por Fernando Haddad (PT). O dinheiro deve
entrar em conta da Prefeitura em até 60 dias, e será depositado em uma
conta específica, já que, pelo acordo não pode entrar no caixa geral do
município, devendo ser usado para construção de equipamentos sociais
como escolas, creches ou parques.
O Deustche foi um dos bancos nos quais
circulou dinheiro do esquema de desvio da construção da avenida
Jornalista Roberto Marinho (antigamente chamada Águas Espraiadas). No
total, US$ 200 milhões transitaram pelo banco. O banco poderia ser
acusado judicialmente de negligência.
"Havia esse risco. O acordo acaba com a
discussão sobre a culpa do banco, sobre omissão por não verificação da
origem do dinheiro", afirmou Sílvio Marques.
Do total de US$ 20 milhões, US$ 18
milhões irão para a Prefeitura; US$ 1,5 milhão para a Fazenda do Estado,
para cobrir gastos que o Ministério Público teve com a investigação;
US$ 300 mil para o fundo estadual de interesses difusos; e US$ 200 mil
para gastos com perícias feitos durante o processo.
O promotor Sílvio Marques informou que
proporá acordo semelhante com os bancos UBS, de Zurique; Citibank, de
Genebra; Safra National Bank, de Nova Iorque, por onde os recursos
também transitaram. O promotor espera que acordos com esses outros três
bancos possam resultar num aporte de mais US$ 70 milhões.
Em 2012, a Justiça de Jersey condenou a
família Maluf por fraude pelo desvio de dinheiro da construção da
avenida Águas Espraiadas, e ordenou que US$ 32 milhões fossem devolvidos
ao Brasil. A maior parte desse dinheiro ainda não foi repatriada.
Grande parte dos ativos estão na forma de ações, e a Prefeitura aguarda o
melhor momento para trazer o dinheiro para o Brasil de forma a obter o
melhor resultado financeiro na operação.
Blog do Luis Nassif
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