A presidenta encarou a mais forte crise provocada por
um partido da própria base política, o PMDB. Não foi um confronto
qualquer
ABr
Dilma enfrentou e superou a mais
forte crise provocada por um partido da própria base política. Não foi
um confronto qualquer. Ela bateu-se com o PMDB, o maior e mais influente
aliado da base de apoio governista no Congresso. Falou-se até mesmo,
para susto nos mais ingênuos, em rompimento da aliança.
A presidenta pagou um preço pela
pacificação. Principalmente aos deputados. Relutante, como de outras
vezes, entregou um naco da administração, liberou verbas parlamentares e
recuou em alguns pontos para resgatar a votação do Marco Civil da
Internet. Tudo isso e algo mais, dentro das distorcidas regras das
alianças políticas e do inchaço de uma administração com 39 ministérios.
Assim diluiu gradualmente o chamado “blocão” de governistas e
oposicionistas. Por onde passou um boi passou, em seguida, toda a
boiada.
Alguns fanáticos da base governista
chegaram a acreditar que muito mais gente, além deles próprios, romperia
com a presidenta. Blefe. Quem desafiaria até o fim uma candidata que
tem enorme chance de se reeleger?
Tentaram alguns golpes baixos. Não terá
sido por coincidência a simultaneidade do grande debate no Congresso na
quarta-feira 19, sobre a compra, pela Petrobras, da refinaria de
Pasadena (EUA) com o boato de que a pesquisa Ibope, a ser divulgada no
dia seguinte, apontava uma queda de 8 pontos nas intenções de voto para
ela. Houve quem ganhou dinheiro com isso. Era especulação do mercado.
O Ibope trouxe o resultado: Dilma 43%, Aécio 15%, Eduardo Campos 7%.
Nada diferente das sondagens anteriores de quatro institutos (tabela).
Todas indicam que, se Dilma ainda não pode se dizer reeleita, os
adversários estão em maior dificuldade. Aécio e Eduardo tentam criar
condições para um deles travar a batalha de segundo turno. As pesquisas
são de datas diferentes, mas não distantes.
Os porcentuais mostrados,
quando traduzidos em votos válidos, assustam mais os opositores. O
número de votos brancos e nulos varia em torno de 24%. Um porcentual bem
próximo dos resultados do primeiro e do segundo turno nas eleições de
2002 (Lula e Serra), 2006 (Lula e Alckmin) e 2010 (Dilma e Serra).
Dilma Rousseff chega, seis meses antes da
eleição, com uma supremacia de votos arrasadora sobre Aécio Neves e
Eduardo Campos. Se a eleição fosse hoje, ela se reelegeria no primeiro
turno, com mais de 60% dos votos válidos. Aécio Neves e Eduardo Campos
teriam, no melhor cenário, 25% e 12%, respectivamente. Juntos,
alcançariam 37% dos votos.
Imbatível a presidenta não é. Na
perspectiva de hoje, ela tem, entretanto, mais possibilidade de se
reeleger do que de perder a eleição.
Além das virtudes pessoais, carrega com o
cargo os vícios de regras eleitorais que favorecem a quem está no
poder. Exemplo: a presidenta, pela atração dos partidos pelo poder, terá
um tempo de 13 minutos no rádio e na tevê. Aécio Neves terá pouco mais
de 3 minutos e Eduardo Campos, em torno de 2 minutos.
É bom lembrar que a reeleição no Brasil
foi inventada no governo FHC, para evitar a chegada de Lula ao poder.
Retardou, mas não evitou.
Carta Capital
Nenhum comentário:
Postar um comentário