sexta-feira, 21 de março de 2014

Só há uma regra: a verdade. Aécio, você conhece isso? Ou devo chamá-lo de A.N. da C.?

21 de março de 2014 | 12:43 Autor: Fernando Brito
processo


O ex-presidente Lula acaba de divulgar uma nota dizendo que é mentira a afirmação da Folha de que teria dito que foi “um tiro no pé” a declaração da Presidenta Dilma Rousseff  sobre  as falhas do relatório que levou à aprovação da compra da Refinaria de Pasadena ela Petrobras.


Aliás, opinião igual a de um empresário  - e que peso pesado! – privado que integrava e integra o mesmo Conselho de Administração da empresa, Jorge Gerdau Johanpeter e a de outros empresários que participavam do órgão decisório. Inclusive o presidente do grupo Abril, dono da Veja, que estava lá e prefere se calar (embora, por ser função pública a que exercia ali, tenha a obrigação de falar e seu voto favorável esteja consignado em ata).


Até agora, ao que se saiba, o que se discute é a conveniência e a oportunidade do negócio, não qualquer “desvio”.


O que, para ser analisado, exige um conhecimento que foge completamente à capacidade de análise dos que têm falado disso.


Primeiro, porque deve ser abatido do valor da negociação (os primeiros 50%) os US$ 170 milhões em estoques que vieram junto com a refinaria.


Segundo, porque é preciso verificar as margens de lucro, àquela época, do tipo de refino de Pasadena (maya oil, óleo pesado, de 22 graus API ou menor), a mais alta entre todas.


Que sofreria, anos depois, um abalo imenso.


Quem quiser saber de quanto, leia esta matéria da Bloomberg, de 2009:


A margem de lucro para uma refinaria operando com óleo maya  foi de 2,67 dólares o barril ontem, quando era de 18,67 dólares no ano passado, de acordo com um modelo de refino Ensys Energia.”


E não era com a Petrobras, mas com a Valero Energy Corporation, uma empresa norteamericana de refino.


Mas isso demanda um detalhamento técnico do negócio de petróleo que não é possível fazer aqui, senão de forma simplista.


Só quem não teve a experiência de participar de um conselho de empresa – eu tive, na Dataprev, sob o comando do atiladíssimo Carlos Gabas, por quem era difícil passar um mosquito que fosse – é que pode achar que as decisões são tomadas na base do programa do Chacrinha: “vai para o trono ou não vai…”


Nenhum contrato chega lá sem dezenas de pareceres e análises, escritos e assinados por funcionários de diversos níveis diferentes.


Não é um diretor ou diretores que a aprovam: há uma longa cadeia de responsabilidades.
A discussão se o negócio foi bom, mediano ou ruim nada tem a ver com a integridade jurídico-comercial da operação.


Curioso é que ninguém está atribuindo culpa ou desídia aos demais conselheiros, como ninguém atribui a Pedro Malan e Rodolpho Tourinho, nem a Elen Gracie, ex-presidente do STF e cotadíssima para vice de Aécio, culpa pelos negócios que levaram à debacle do grupo OGX, de Eike Batista, do qual foram, até há pouco, conselheiros .


Quem quiser conhecer melhor a compra da refinaria, leia o bom post de meu parceiro Miguel do Rosário, n’O Cafezinho.


O mais importante, em tudo isso, é que, havendo ou não conveniência política, a Presidenta Dilma não faltou com a verdade e não deixou que o eleitoralismo a impedisse de se mostrar abertamente à população.


E quanto aos seus críticos, fazem isso?


Olhem a imagem lá em cima.


A.N.DA C. é Aécio Neves da Cunha.


Oculto por um vergonhoso sigilo judicial para pedir que se censurem o Google, o Facebook e outras redes sociais nas menções a boatos sobre sua honra.


Esta é a diferença entre dois tipos de procedimentos na vida pública.


Um, aberto, pronto a enfrentar o que vier, seja ou não vantajoso eleitoralmente.


Outro, o que tenta  ”abafar” pela censura o que se comenta, a partir até das suas próprias atitudes pessoais e dos recursos sujos que a turma do Serra, seu colega de partido, usou contra ele.


Nem todo mundo entende de negócios de refino de petróleo.


Mas todo mundo entende de sinceridade e discussão aberta sobre os problemas.



Tijolaço

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