27 de março de 2014 | 18:53 Autor: Fernando Brito
Primeiro, semana passada, o boato de que a pesquisa Ibope traria uma
queda – que não houve – da intenção de voto em Dilma Rousseff.
Seis dias depois, uma “outra” pesquisa do Ibope, estranhamente, capta
uma súbita mudança de estado de espírito da população e Dilma (que
tinha 43% das intenções de voto na tal pesquisa eleitoral) e registra
uma perda de sete pontos percentuais em sua aprovação: curiosamente dos
mesmos 43% para 37%…
Puxa, como foi rápida a queda, em apenas seis dias, quase um por cento por dia…
É, meus amigos e amigas, é mais suspeito do que isso.
A pesquisa de intenção de voto, divulgada na sexta-feira, foi registrada no TSE no 14 de março, sob o protocolo BR-00031/2014 , com realização das entrevistas entre os dia 13 e 20/03/14.
Já a de popularidade recebeu o protocolo BR-00053, no dia 21 passado, mas quando já se encontrava concluída, com entrevistas entre os dias 14 e 17.
Reparou?
Quinta feira à tarde, dia 20, uma intensa boataria toma conta do
mercado de capitais, dizendo que Dilma perderia pontos numa pesquisa
Ibope a ser divulgada no Jornal Nacional.
O estranho é que ninguém tinha contratado, isto é , ninguém pagou por essa pesquisa. Em tese, é claro.
A pesquisa é divulgada sem nenhuma novidade.
Mas, naquele momento, o Ibope já tinha outra (outra, mesmo?) pesquisa, terminada três dias antes e certamente já tabulada.
Vamos acreditar que o Ibope fez duas pesquisas diferentes, com a mesma base amostral e 2002 entrevistas exatamente cada uma…
O boato, portanto, não saiu do nada.
No mínimo veio de dentro do Ibope, que tinha nas mãos duas pesquisas totalmente contraditórias.
Uma, “sem dono”, que dizia que Dilma continuava nadando de braçada.
Outra, encomendada pela CNI de Clésio Andrade, um dos senadores
signatários da CPI da Petrobras, apontando uma queda de sete pontos em
sua popularidade.
Mas a gente acredita em institutos de pesquisas, não é?
O Ibope teve nas mãos duas pesquisas com a mesma base, realizadas
praticamente nos mesmos dias, com resultados totalmente diferentes entre
si?
Se o PT não fosse um poço de covardia estaria exigindo, como está na lei, os questionários das “duas” pesquisas.
Aliás, nem devia ser ele, mas o Ministério Público Eleitoral, quem
deveria exigir explicações públicas do Ibope, diante destes indícios
gravíssimos de – vou ser muito suave, para evitar um processo -
inconsistência estatística.
Ainda mais porque muito dinheiro mudou de mãos na quinta-feira e hoje, com a especulação na Bolsa.
Mas não vão fazer: esta é uma nação acoelhada diante das estruturas suspeitíssimas dos institutos de pesquisa.
Tijolaço
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