16 de março de 2014 | 12:30 Autor: Miguel do Rosário
Além de ser capa da Veja, Dirceu também aparece diariamente no jornal
O Globo, sempre numa reportagem negativa e mentirosa sobre “regalias”.
Hoje, domingo de seu aniversário não podia ser diferente. Na página 10, a
reportagem traz o título que já diz tudo: “Dirceu faz aniversário sob
suspeita de regalia”.
Até onde vai a pequenez dos homens?
Os barões da mídia conseguiram cumprir seu objetivo: prenderam
Dirceu. Nesta sexta-feira, os jornalões estamparam enormes manchetes
falando que o mensalão chegou ao fim. Folha, Globo, Estadão trouxeram
infográficos gigantescos, daqueles que jamais fizeram para o trensalão
ou para o mensalão tucano.
Só que o mensalão não acabou. Os jornais ficaram viciados nesse tipo
de história. Não basta prender os petistas. É preciso humilhá-los até se
tornarem poeira.
Suponho, todavia, que a mídia passou muito da medida.
Dirceu é um homem agora com quase 70 anos, preso na Papuda. Onde a
nossa mídia quer chegar com essa perseguição dentro do presídio?
Nunca se viu isso nem com bandidos ou traficantes famosos.
A Veja faz uma reportagem de capa para “denunciar” que Dirceu tinha uma unha encravada?
Na verdade, a imprensa incorre numa contradição absolutamente ridícula.
Como se pode achincalhar, na grande mídia, um cidadão que está preso,
ou seja, que não pode responder, e ao mesmo tempo dizer que ele tem
“regalias”?
Como se pode omitir a informação que Dirceu está encarcerado
ilegalmente em regime fechado, pois deveria estar cumprindo o regime
semi-aberto, que é a sentença definida pelo próprio Judiciário, e
afirmar que Dirceu tem “regalias”?
Ao agir com tanta arbitrariedade, a mídia transforma José Dirceu num
mártir. A mesma coisa vale para Genoíno. Até Delúbio Soares, que foi um
dos nomes mais pisoteados, porque era quem efetivamente lidava com
dinheiro, está recuperando prestígio, diante da violência midiática
contínua de que é vítima.
Não importa a profundidade com que a mídia procura enterrar esta
semente; ela voltará a germinar e a buscar o céu e a liberdade.
Alguns barões da mídia já deveriam ter percebido que não se deve
esticar uma corda além de suas capacidades físicas. Ela vai arrebentar.
A violência da mídia contra o PT se tornou patológica, doentia. E
qual o resultado? Num dos anos mais difíceis para o partido, porque
lideranças carismáticas foram condenadas e presas, após um julgamento
que inúmeros juristas consideraram político, e que jovens vieram as ruas
protestar contra tudo e todos, o PT foi a legenda que mais ganhou
filiados.
E agora, analistas da própria grande imprensa prevêem que o PT amplie sua bancada no Congresso para mais de 100 deputados.
O mundo real se distancia cada vez mais das ficções políticas da
mídia. Esta esqueceu algumas lições simples do que poderíamos chamar de
“economia da justiça”. Em sua obsessão por baixar o preço de Dirceu, a
mídia apenas está deixando-o mais acessível a mais gente.
O povo não entende direito o que aconteceu no mensalão, até porque a
mídia jamais quis explicar. Mas o entendimento de que há uma
perseguição, tornada cada vez mais ridícula, na medida em que o homem já
está preso e não pode se defender, e agora se aproxima dos 70 anos de
idade, isso é fácil de assimilar.
A revolta contra essa perseguição faz muito mais do que as críticas
aos erros da Ação Penal 470. Ou melhor, confirma estes erros, na medida
em que, se houvesse uma condenação justa, a mídia não precisaria apelar
para essa tentativa de criar um “pós-julgamento” e uma condenação
“extra”, além daquela que os réus já estão cumprindo.
A perseguição à Dirceu reflete o desespero da mídia para não perder o
controle sobre a narrativa da Ação Penal 470. Ao se apegar em assuntos
tão “profundos”, como a denúncia de que Dirceu comeu um lanche do Mac
Donalds dentro do presídio (segundo uma fonte “em off”), a mídia tenta
abafar as críticas crescentes à conduta do ministro Joaquim Barbosa.
No entanto, apenas adia uma tendência inevitável: a sociedade considerar o julgamento do mensalão uma grande farsa.
Brasil 247
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