quinta-feira, 20 de março de 2014

Bicheiros financiaram campanha de prefeito tucano de Belém

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Criminosos ligados ao jogo do bicho fizeram campanha e podem ter contribuído até financeiramente para a eleição do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, do PSDB; é o que informa reportagem do jornal Diário do Pará, a partir de diálogos ocorridos, em 2012, entre o empresário João Monteiro Vidal, mais conhecido como "Jango", e vários interlocutores, entre eles o presidente do diretório municipal do PSDB de Belém, Fabrício Gama; os diálogos foram grampeados pela polícia durante as investigações que culminaram na operação "Efeito Dominó", realizada em setembro do ano passado; quase 50 pessoas foram presas durante a operação
19 de Março de 2014 às 20:37


247 - Criminosos ligados ao jogo do bicho fizeram campanha e podem ter contribuído até financeiramente para a eleição do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, do PSDB. É isso o que se pode concluir dos diálogos ocorridos, em 2012, entre o empresário João Monteiro Vidal, mais conhecido como "Jango", e vários interlocutores, entre eles o presidente do diretório municipal do PSDB de Belém, Fabrício Gama. Segundo a polícia, "Jango" era um dos comandantes do Parazão, a central de apostas que reunia as principais bancas de bicho de Belém. Nos diálogos, ele pede votos para Zenaldo, aparenta comandar propaganda de rua em favor do tucano e, junto com Fabrício, comemora a eleição do novo prefeito. A informação é do jornal Diário do Pará

Os diálogos de "Jango" com outros supostos bicheiros e com Fabrício Gama foram grampeados pela polícia durante as investigações que culminaram na operação "Efeito Dominó", realizada em setembro do ano passado. Quase 50 pessoas foram presas durante a operação, entre elas "Jango" e o empresário carioca Luizinho Drumond, que, segundo a polícia, era sócio oculto do Parazão.

"Jango", Luizinho e os demais supostos chefes da jogatina da cidade estão sendo processados criminalmente por exploração do jogo do bicho, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, crime contra a economia popular. "Jango" é presidente da escola de samba Rancho Não Posso Me Amofiná. Luizinho Drumond é patrono da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, do Rio de Janeiro, que homenageou o Pará no carnaval de 2011, no primeiro ano de governo de Simão Jatene (PSDB). Coincidência ou não, Fabrício é agora o presidente da Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial de Belém, anteriormente presidida por Waldir Fiock, também preso na operação Dominó, sob a acusação de integrar o comando do Parazão.

Alguns dos diálogos grampeados pela polícia revelam uma relação muito amistosa entre "Jango" e Fabrício, que chega a tratar "Jango" como "meu padrinho". Em uma ocasião, Fabrício tenta tranquilizar "Jango", afirmando que não era verdadeira uma pesquisa que apontava o psolista Edmilson Rodrigues à frente de Zenaldo Coutinho, na disputa pela Prefeitura de Belém. Em outra ocasião, enquanto comemora a eleição de Zenaldo por 100 mil votos de diferença, "Jango" diz a Fabrício possuir um galpão que serviria para "algum tipo de projeto", possivelmente, da prefeitura.

Em mais um telefonema, quando Fabrício se encontrava, segundo ele, "em uma inauguração com o governador", Jango e um amigo dele garantem que o bairro do Jurunas vai eleger Fabrício deputado estadual. E há um diálogo para deixar qualquer um de orelha em pé. Nele, "Jango", impaciente, dá ordens a Fabrício: "Vem logo aqui agora, agora! É pra vires pra cá agora, agora!". E afirma: "Tô esperando vocês aqui já, com o negócio". O "aqui" era a casa de "Jango". E o "negócio", qual seria?

E mais: os diálogos deixam impressão de que aquela não foi a única visita de Fabrício à casa de "Jango". Ao contrário: aparentemente, foram vários os encontros entre os dois – um deles, logo depois de Fabrício deixar a companhia de Zenaldo e Jatene, que haviam acabado de jantar. Além disso, pelas conversas de "Jango" com outros interlocutores, até mesmo Zenaldo e Jatene deram uma passada na casa do suposto bicheiro, que os aguardava ansiosamente, durante a campanha eleitoral. 

Ao fundo de uma gravação ouve-se a propaganda de Zenaldo, oriunda de carro-som. Em outro telefonema, Jango manda um interlocutor se deslocar rapidamente à sua casa. "O Zenaldo tá vindo aqui na porta de casa agora, com o Jatene", diz "Jango". "Por isso que eu te liguei. Daqui a uns 10 minutos; é pra vir pra porta agora".

Outras conversas mostram "Jango" pedindo votos para Zenaldo, como um verdadeiro cabo eleitoral. Uma delas é com um cidadão de nome "Nelson" ou "Relson" – possivelmente, Relson Lima Souza, que, segundo a polícia, era quem entregava aos comandantes do Parazão o dinheiro lucrado com a jogatina - que era dividido em percentuais correspondentes às cotas de cada qual no "empreendimento". Na conversa, "Jango" pergunta se Relson está trabalhando "pesadamente" na campanha de Zenaldo. Relson responde que sim e torce pela eleição do tucano. "Se Deus quiser, a porrada vai ser grande mesmo", diz ele.



Brasil 247

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