terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Janio de Freitas: “Frutos indigestos”


Em meio ao noticiário sobre a morte do cinegrafista da Band Santiago Andrade, é preciso destacar as análises que o jornalista Janio de Freitas vem fazendo na Folha de S.Paulo. Ele não se deixa levar pelas conclusões rápidas e muitas vezes irresponsáveis que vemos diariamente nos jornais.


Hoje o colunista chama atenção para um ponto fundamental: a presença do advogado Jonas Tadeu. Para o jornalista, esse fator acrescentou uma “extensão política e ideológica duvidosa na origem e polêmica nos efeito”. O título da coluna é “Frutos indigestos”.


Janio lembra que, quando o advogado Jonas Tadeu defendeu Natalino Guimarães, acusado de chefiar uma milícia no Rio, ele o fez na CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa fluminense. O jornalista conta que os duros embates se deram principalmente entre o advogado e o presidente da CPI, deputado Marcelo Freixo (PSOL). Natalino acabou preso. A partir aí, Freixo ganhou mais projeção nos movimentos populares.


“Até o incidente com Santiago Andrade, o PSOL e Marcelo Freixo não pouparam variadas evidências de ligação com os protestos degenerados em quebradeiras e confrontos com a PM. O advogado Jonas Tadeu, portanto, podia saber com antecedência a quem, em pessoa ou como partido, iria encontrar do outro lado, ao defender os agressores de Santiago. Talvez já fosse o caso de Jonas Tadeu ‘arguir suspeição’, providência ética frequente em juízes e advogados. Não quis.”


Janio acrescenta que o advogado “viu que parte da imprensa não perdeu tempo em buscar ou insinuar conexão do PSOL e do PSTU com a autoria do incidente. E o que não fez com o primeiro dos presos, fez prontamente com o segundo: atribuiu-lhe recebimento de dinheiro para ir aos atos violentos. Ou, era o que saltava da frase, a existência de patrocinadores das violências”.


“O advogado Jonas Tadeu pode ter agido com as mais isentas intenções. Mas a maneira como o fez associa-se à sua conhecida hostilidade com o PSOL e com Marcelo Freixo e seu grupo, e facilita outras hipóteses”, diz Janio.


Assim como também merece ser lido o artigo de Freixo hoje no Globo, com o título “A exaltação de um factoide”, em que trata da cobertura do jornal sobre o caso.


“Pela terceira vez em menos de uma semana, O GLOBO me cita em seus editoriais. As diferenças do texto publicado ontem em relação aos demais são o tom menos arrogante e o alvo. Após a péssima repercussão das tentativas de associar a morte do cinegrafista Santiago Andrade a mim, o jornal assume postura mais cuidadosa, até porque o objetivo é explicar a cobertura da tragédia aos seus leitores”, afirma o deputado.


“Depois de tanta ferocidade, O GLOBO tenta justificar a série de matérias produzidas, com grande destaque, sobre a minha suposta ligação com os responsáveis pelo assassinato de Santiago. Num tom professoral e oportunamente sóbrio, o editorial ‘O dever de um jornal’, publicado ontem, se arrisca em novos malabarismos”, acrescenta.



Blog do Zé Dirceu

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