Em meio ao noticiário sobre a morte do cinegrafista da Band Santiago
Andrade, é preciso destacar as análises que o jornalista Janio de
Freitas vem fazendo na Folha de S.Paulo. Ele não se deixa levar pelas
conclusões rápidas e muitas vezes irresponsáveis que vemos diariamente
nos jornais.
Hoje o colunista chama atenção para um ponto fundamental:
a presença do advogado Jonas Tadeu. Para o jornalista, esse fator
acrescentou uma “extensão política e ideológica duvidosa na origem e
polêmica nos efeito”. O título da coluna é “Frutos indigestos”.
Janio lembra que, quando o advogado Jonas Tadeu defendeu Natalino
Guimarães, acusado de chefiar uma milícia no Rio, ele o fez na CPI das
Milícias, na Assembleia Legislativa fluminense. O jornalista conta que
os duros embates se deram principalmente entre o advogado e o presidente
da CPI, deputado Marcelo Freixo (PSOL). Natalino acabou preso. A partir
aí, Freixo ganhou mais projeção nos movimentos populares.
“Até o incidente com Santiago Andrade, o PSOL e Marcelo Freixo não
pouparam variadas evidências de ligação com os protestos degenerados em
quebradeiras e confrontos com a PM. O advogado Jonas Tadeu, portanto,
podia saber com antecedência a quem, em pessoa ou como partido, iria
encontrar do outro lado, ao defender os agressores de Santiago. Talvez
já fosse o caso de Jonas Tadeu ‘arguir suspeição’, providência ética
frequente em juízes e advogados. Não quis.”
Janio acrescenta que o advogado “viu que parte da imprensa não perdeu
tempo em buscar ou insinuar conexão do PSOL e do PSTU com a autoria do
incidente. E o que não fez com o primeiro dos presos, fez prontamente
com o segundo: atribuiu-lhe recebimento de dinheiro para ir aos atos
violentos. Ou, era o que saltava da frase, a existência de
patrocinadores das violências”.
“O advogado Jonas Tadeu pode ter agido com as mais isentas intenções.
Mas a maneira como o fez associa-se à sua conhecida hostilidade com o
PSOL e com Marcelo Freixo e seu grupo, e facilita outras hipóteses”, diz
Janio.
Assim como também merece ser lido o artigo de Freixo hoje no Globo,
com o título “A exaltação de um factoide”, em que trata da cobertura do
jornal sobre o caso.
“Pela terceira vez em menos de uma semana, O GLOBO me cita em seus
editoriais. As diferenças do texto publicado ontem em relação aos demais
são o tom menos arrogante e o alvo. Após a péssima repercussão das
tentativas de associar a morte do cinegrafista Santiago Andrade a mim, o
jornal assume postura mais cuidadosa, até porque o objetivo é explicar a
cobertura da tragédia aos seus leitores”, afirma o deputado.
“Depois de tanta ferocidade, O GLOBO tenta justificar a série de
matérias produzidas, com grande destaque, sobre a minha suposta ligação
com os responsáveis pelo assassinato de Santiago. Num tom professoral e
oportunamente sóbrio, o editorial ‘O dever de um jornal’, publicado
ontem, se arrisca em novos malabarismos”, acrescenta.
Blog do Zé Dirceu
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