ex, 14/02/2014 - 08:03
- Atualizado em 14/02/2014 - 09:55
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Jornal GGN - A ação penal no 1.274 da Procuradoria
Geral da República – o chamado “mensalão tucano” – traz elementos
contundentes sobre a participação do ex-governador mineiro Eduardo
Azeredo no desvio de R$ 4,5 milhões (valores da época) de três estatais
mineiras – Copasa, Cemig e BEMGE – para sua campanha eleitoral.
Mas traz informações esclarecedoras sobre a tal “Lista de Furnas”,
que relacionaria as pessoas beneficiadas pelo caixa de campanha. Há uma
discussão permanente sobre a veracidade ou não da lista.
Existem duas listas. A original, com a assinatura do caixa de
campanha, Cláudio Mourão, foi devidamente autenticada pelo Instituto
Nacional de Criminalística”, que apontou inúmeros pontos em comum nas
assinaturas e atestou que não houve edição do documento. Além disso, os
valores mencionados batem com aqueles desviados das três estatais
mineiras. Não pode confirmar a “absoluta coincidência” apenas devido ao
fato de ter sido analisado uma cópia xerox.
O drama de Azeredo deveu-se à derrota nas eleições de 1998.
Confiando na vitória, Azeredo tomou empréstimos junto ao Banco Rural
em nome da Locadora de Automóveis União Ltda., de Mourão e sua filha.
Derrotado nas eleições, Azeredo não teve como quitar o empréstimo.
Como ainda possuía a procuração outorgada por ele, Mourão emitiu um
título de crédito em favor da Locadora, contra Azeredo, e protestou em
cartório em 2002, quando Azeredo se lançava candidato ao Senado.
Walfrido Mares Guia foi incumbido de apagar o incêndio. Levantou um
empréstimo junto ao Banco Rural, tendo Azeredo como avalista, e valeu-se
de Marcos Valério para quitar parte da dívida com Mourão.
Insatisfeito com a negociação, Mourão escreveu um documento
intitulado “Resumo da movimentação financeira ocorrida no ano de 1998 na
campanha para a reeleição ao governo do Estado de Minas Gerais pelo
atual Senador da República, Sr. Eduardo Brandão de Azeredo e do atual
vice-governador, Sr.Clésio de Andrade. Eleição de 1998 – Histórico”.
Nele, relaciona as despesas de campanha e o total de R$ 4,5 milhões de desvio.
É aí que entra o falsário Nilton Antônio Monteiro. Mourão autorizou o
advogado Carlos Henrique Martins Teixeira a ajuizar ação indenizatória
e, ao mesmo tempo, outorgou uma procuração a Nilton para negociar um
acordo com Azeredo e Clésio Andrade.
Entre julho de 2000 e maio de 2004 Azeredo trocou 72 ligações com Marcos Valério, das quais 57 conversas diretas.
Tempos depois, Nilton foi preso, por pedido do Ministério Público
Estadual de Minas Gerais. Segundo o PGR, em um texto um tanto obscuro,
“sem como trazer elementos para desfazer as provas produzidas contra si,
a finalidade e unicamente de tentar desacreditar o testemunho por ele
prestado. Sem razão e cabimento, todavia”. Não fica claro se a manobra
denunciada envolve o MP estadual ou apenas os advogados de defesa.
Prossegue o PGR: “A suposta pratica de ilícitos penais por
Nilton Monteiro em momento algum invalida seus depoimentos, pois os
delitos a ele imputados sequer possuem relação com os fatos ora
apurados. Ademais, ha elementos suficientes nos autos que corroboram os
depoimentos prestados por essa testemunha e ha provas de que Nilton
Monteiro tinha relacionamento com as pessoas envolvidas na campanha a
reeleição de Eduardo Azeredo”.
A procuração outorgada por Cláudio Mourão a Nilton – concedendo-lhe
poderes para negociar junto a Azeredo um acordo financeiro – é
autêntica, dia o PGR, “não podendo ser questionada a veracidade da
assinatura e o conteúdo do documento, que denota a ligação íntima de
Nilton Monteiro entre as partes envolvidas, concedendo verossimilhança
às suas declarações”.
Blog do Luis Nassif
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