15 de fevereiro de 2014 | 10:58 Autor: Miguel do Rosário
Trechos da entrevista do senador Roberto Requião à revista Caros Amigos desta semana:
== JOAQUIM BARBOSA E O “MENSALÃO” ==
”O Joaquim Barbosa simulando uma diária pra fazer uma conferência de
30 minutos e um passeio numa biblioteca de uma hora, 2 horas, é uma
coisa típica da classe média deslumbrada. Então o Joaquim Barbosa revela
ali o verdadeiro Joaquim Barbosa, um classe média eventualmente
deslumbrado, que foi instrumentalizado pela mídia na questão do
mensalão.
Eu não defendo a utilização do dinheiro público, nem o que ocorreu no
financiamento das campanhas, não acho nenhuma graça nisso, mas aquela
história do domínio do fato e a influência da mídia em cima do mensalão
feriu profundamente as normas do direito brasileiro. O mensalão foi uma
aberração jurídica, porque, entre outras coisas, pelo domínio do fato,
pela forma com que foi feito o processo, o esquecimento do fato
precursor do mensalão, que é o fato mineiro, do Marcos Valério. Então,
foi uma aberração jurídica, foi uma manipulação induzida pela mídia e
pelo deslumbramento dos ministros. Aquilo foi um show, não foi um
julgamento.’
== CHANTAGEM DA IMPRENSA ==
“Eu peguei um Estado [Paraná] quebrado. A primeira coisa que fiz foi
racionalizar as despesas. Evidente que não as despesas com saúde e
educação, mas as que eu julgava desnecessárias. Diminuí os valores dos
investimentos na imprensa. E passei a ser procurado por esses “heróis”
da mídia, os donos de jornais, que diziam o seguinte: “ou você libera o
dinheiro ou vai apanhar como nunca um político apanhou no Paraná”. Daí,
eles começaram a me bater desesperadamente, o que não me incomodou
muito. Eu fui governador três vezes e senador duas vezes com toda essa
mídia em cima de mim. – Mas a chantagem foi assim direta? Direta, ou
você dá dinheiro ou você vai apanhar diariamente. Eu preferi apanhar
diariamente. Isso começou comigo, na verdade, na prefeitura. Fui
prefeito e pressionado pela Globo por verba. Não dei verba e eles
começaram a bater em mim.
== DILMA, AÉCIO E EDUARDO ==
“Eu acho que ainda a Dilma é melhor que o Aécio e o Dudu Beleza. Eu
fui relator da CPI dos títulos públicos, eu analisei como é que o
Eduardo Campos conseguiu os financiamentos com os títulos públicos, com
os precatórios. – Como que ele conseguiu e por que o senhor o chama de
Dudu Beleza? Não sou eu que chamo, é Recife que chama. Eu fiz a campanha
do Dudu Beleza para a prefeitura do Recife a pedido do Arraes (Miguel,
ex-governador e avô de Eduardo Campos), fiz gravações, eu era o prefeito
mais popular do Brasil. O Arraes era muito meu amigo, vinha muito pra
Curitiba pra conversar comigo, mas o Dudu é a contraposição do Arraes. –
Por quê? Porque o Dudu é o quadro da direita brasileira. A Dilma está à
esquerda do Dudu, com todos os seus erros de condução.”
== ELEIÇÃO NO PARANÁ E PAULO BERNARDO ==
“- No segundo turno se estiverem os dois (Gleisi/PT x Richa/PSDB), o senhor não vai votar na Gleisi?
E eu vou colocar o Bernardo [marido de Gleisi, Ministro das
Comunicações] no poder? Veja bem, o Bernardo esteve no poder em
Londrina, ele não consegue um voto lá, ele acabou com o Zeca do PT no
Mato Grosso do Sul, não chega isso? Veja o que ele está fazendo no
Ministério das Comunicações, de favorecimento da grande mídia…Eu não sou
inimigo da Gleisi, eu sou amigo dela há muitos anos. Do Paulo Bernardo
não sou, e você sabe por que. É possível ser amigo do Paulo Bernardo?
Amigo dele é o Marinho (da Globo), não sou eu.”
== Projeto Nacional ==
“A reforma política é a reforma da economia. Tirar a influência do
Banco Central e dos banqueiros no Banco Central. Foi o que a Dilma
começou a fazer e recuou. Basicamente é isso, um projeto nacional. Nós
temos que ter um projeto de industrialização, um projeto de comércio
exterior, nos não podemos ficar ao sabor da globalização, que já
fracassou.
“Vou me apresentar na convenção nacional do PMDB como candidato à
Presidência da República. Aí você me pergunta, você vai ganhar? Ora, eu
não sou idiota, eu sei no que se transformou o meu PMDB, mas eu vou
cumprir a minha obrigação junto com um grupo de economistas que
trabalham comigo e apresentar um projeto. Quero estabelecer um
contraponto.”
A lembrança da entrevista veio de Rodrigo Vianna, em seu blog Escrevinhador.
Tijolaço
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