Presidente ignora chantagem comandada pelo líder
Eduardo Cunha, na Câmara; ela define seis novos nomes do seu agrado
pessoal para ministérios; técnicos como Clélio Campolina Diniz, reitor
da UFMG que vai para Ciência e Tecnologia, são reconhecidos em seus
ambientes de atuação, além de filiados ao PMDB, caso também de Neri
Geller, da Agricultura; Dilma Rousseff reafirma autonomia e resgata viés
anti-fisiológico de sua gestão; avalia-se no Palácio do Planalto que
pauta de votações no Congresso é de importância apenas relativa para o
governo; presidente prefere ser fiel a princípios do que ceder a
circunstâncias; Dilma pode prescindir do PMDB que não é seu?
247 – A presidente Dilma Rousseff confirmou que a
ousadia está no seu DNA político. Alheia ao histórico de estragos
feitos pelo PMDB, ao longo da história do partido, sobre diferentes
gestões presidenciais, ela peitou. Diante da maior rebelião de bancadas
em seus três anos e três meses de gestão, comandada pelo líder
peemedebista Eduardo Cunha, a presidente fez exatamente tudo o que os
chantagistas da política não esperavam. Diante do pedido de um sexto
ministério para o partido, ela atendeu bem à sua maneira.
Nomeou para a Agricultura um peemedebista indicado por um dos reis do
agronegócio do Brasil, o senador Blairo Maggi, Neri Geller. Hoje,
surpreendeu e confirmou seis trocas, o que incluiu a entrada no goerno
do reitor da Uniersidade Federal de Minas Gerais, Clélio Campolina
Diniz. Ambos são considerados pessoas de notório saber em seus
respectivos ambientes profissionais.
Qual é o problema desse tipo de escolha?, é como se ela perguntasse
ao PMDB. Vendo-se como ofendida pelas manobras radicais de Cunha, que
inicialmente surpreenderam a cúpula do partido, mas que, no decurso,
pareceram agradar pela oportunidade de fazer pressão, Dilma fez sua
escolha. E ela preferiu marcar sua posição com nomes técnicos do que
ceder e, ainda assim, não conseguir aplacar o apetite insaciável da
ampla ala fisiológica do partido.
O recado da presidente é claro. Neste ano eleitoral, ela está se
importando menos com a sustentação que pode obter no Congresso –
especialmente na Câmara – e sim muito mais com a maneira como pretende
se apresentar ao eleitorado. Dilma quer passar longe dos carimbos que
podem marcá-la como conivente com pressões que considera ilegítimas e
sem justificativa.
Mesmo irritando-se diante da convocação de noves ministros e a
presidente da Petrobras, Graça Foster, para depoimentos na Câmara, a
presidente avalia com seus núcleo de conselheiros que a pauta do
Congresso não terá, no restante do ano, votações cruciais para o
governo. A presidente pagou para ver se as ameaças do PMDB de até mesmo
romper a aliança eleitoral planejada para este ano são verdadeiras. O
partido, por seu lado, sempre se mostrou perfeito em praticar vinganças
políticas.
O que vai se descobrir é quem pode mais para chorar menos.
Abaixo, notícia da Agência Brasil a respeito:
Agência Brasil - A presidenta Dilma Rousseff
anunciou, nesta tarde, a substituição de seis ministros. As mudanças
ocorrem nos ministérios do Desenvolvimento Agrário, das Cidades, da
Pesca e Aquicultura, da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento e do Turismo.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário, atualmente ocupado por Pepe
Vargas, será assumido pelo ex-presidente da Petrobras Biocombustível,
Miguel Rossetto, que já ocupou a pasta no governo Lula. Na pasta das
Cidades, o vice-presidente de Governo da Caixa Econômica Federal,
Gilberto Occhi, substituirá o atual ministro Aguinaldo Ribeiro.
Clelio Campolina Diniz, reitor da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), será o novo titular da Ciência e Tecnologia no lugar de
Marco Antonio Raupp. Já o senador Eduardo Lopes (PRB-RJ) ocupará o
ministério da Pesca e Agricultura, atualmente conduzido pelo também
senador Marcelo Crivella, também do PRB fluminense.
Neri Geller, hoje secretário de Política Agrícola do Ministério da
Agricultura, será o substituto de Antônio Andrade na pasta. Para o lugar
de Gastão Vieira no Ministério do Turismo, a presidenta anunciou o
gerente de assessoria internacional do Serviço Brasileiro às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae), Vinicius Nobre Lages.
Os novos ministros tomarão posse na próxima segunda-feira (17), às
17h. De acordo com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência
(Secom), a presidenta Dilma Rousseff agradeceu a dedicação e o empenho
dos seis ministros que estão saindo e disse que eles continuarão
contando com seu apoio e confiança.
Esta é a segunda etapa da reforma ministerial, iniciada por Dilma há
pouco mais de um mês. Gleisi Hoffmann, Alexandre Padilha e Helena Chagas
saíram, respectivamente, da Casa Civil, da Saúde e da Secretaria de
Comunicação Social (Secom). Aloizio Mercadante assumiu o lugar de Gleisi
e foi substituído na Educação por José Henrique Paim. Já a pasta da
Saúde foi ocupada por Arthur Chioro, e Thomas Traumann assumiu a Secom.
Os membros do primeiro escalão começaram a deixar seus cargos para se
candidatar às eleições de outubro deste ano. No dia 5 de outubro, será
realizado o primeiro turno das eleições para presidente da República e
governadores dos estados, e serão eleitos senadores e deputados. Quem
deseja participar do próximo pleito deve deixar seu posto até 5 de
abril, segundo as regras do calendário eleitoral.
Brasil 247
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