Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro
Joaquim Barbosa, destacou a importância da harmonia entre os Poderes e
de um Judiciário com plena autoridade durante discurso nesta manhã (1º).
Barbosa abriu o ano judiciário no STF em cerimônia protocolar breve, sem pauta de julgamento.
“A plena vigência do Estado Democrático de Direito implica uma
separação de Poderes equilibrada e o pleno reconhecimento da
independência e autoridade da Justiça. Não há democracia sem Justiça
forte e sem juízes independentes”, disse Barbosa.
No ano passado, a relação entre o Congresso Nacional e o Supremo
ficou abalada após várias decisões influenciarem assuntos de interesse
do Legislativo. As divergências começaram durante o julgamento da Ação
Penal 470, o processo do mensalão. O STF decidiu que a perda de mandato
de parlamentares é automática com a condenação, e que o Legislativo só
deve ratificar o entendimento. A decisão gerou reações de deputados, que
consideraram a decisão uma ingerência.
No final do ano, uma liminar do ministro Luiz Fux impediu a votação
dos vetos ao projeto de lei que trata da redistribuição dos recursos dos
royalties do petróleo, o que acabou trancando a pauta do
Congresso. Outro ponto sensível entre os dois Poderes é a decisão que
obrigou o Congresso a criar novas regras para o Fundo de Participação
dos Estados (FPE) até o final do ano passado, o que não ocorreu.
O Legislativo não mandou representantes para a cerimônia do STF
nesta manhã. Embora tenha confirmado presença ontem (31), o presidente
da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), não compareceu. O Executivo
foi representado pelo vice-presidente Michel Temer e pelos ministros
José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da
União).
Em
seu discurso, Michel Temer disse que que a desarmonia entre os Poderes é
uma ofensa à Constituição. “Quem diz o que é lei é o Poder Judiciário”,
assegurou. Ele ainda defendeu a intervenção do STF nos casos em que há
omissão do Legislativo e do Executivo, não só apontando as lacunas, mas
garantindo direitos às partes quando isso for possível.
O Supremo começa o ano com 65 mil processos em acervo e mais de 700
liberados para julgamento. Barbosa já adiantou que irá priorizar o
julgamento dos casos reconhecidos como repercussão geral – assuntos de
grande importância social, política ou econômica cuja decisão deve ser
aplicada aos processos semelhantes em instâncias inferiores. Ao
discursar, Barbosa ressaltou que o julgamento desses casos pelo STF
afetará mais de 500 mil processos em todo o país.
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Agência Brasil
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