Têm chegado a mim várias propostas, no Facebook, para que eu assine um abaixo assinado pela cassação de Renan.
Desnecessário dizer, não respondi a nenhuma.
É uma tolice, e seria um perigo se isso fosse dar em alguma coisa. O
grosso dos signatários é o que se pode classificar de inocentes úteis,
gente bem intencionada que é manobrada sem se dar conta.
Não admiro Renan. Não votaria nele para nada. Vejo nele um símbolo do
atraso político brasileiro, uma eminência de um partido desfigurado e
sem causa, o PMDB.
Mas ele chegou à presidência do Senado por votos diretos e indiretos.
Seus conterrâneos o fizeram senador, e seus pares o levaram ao comando.
Existem acusações? Que se investiguem com calma e profundidade. Só
depois, caso elas sejam comprovadas, fará sentido um abaixo assinado
como o que está correndo, desvairadamente, pelas redes sociais.
Por trás do alarido há uma intenção de criar um clima de “mar de
lama” na política brasileira. Renan é Renan há muito tempo, mas ninguém
pareceu se incomodar com isso quando ele foi ungido ministro da justiça
de FHC.
Há agora uma indignação retardada e histérica.
O Congresso é o que é: um retrato da sociedade brasileira, em suas
grandezas e em suas misérias. O avanço social brasileiro, a começar por
uma educação de bom nível, levará a um Congresso melhor.
Rasgos de moralismo exaltado como os que estão por trás do
tristemente famoso abaixo assinado representam, eles próprios, não o
progresso – mas o atraso.
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