Por MiriamL
Do Uol
Luiz Felipe de Alencastro
Quando o Brasil ficou independente, D. Pedro 1º apresentava-se aos
diplomatas europeus como o único representante do "sistema europeu" nas
Américas, onde predominava o "sistema americano". Na época, e até 1870,
as repúblicas estavam todas no Novo Mundo. Assim, "sistema europeu" era
sinônimo de monarquia e "sistema americano", sinônimo de regime
republicano.
Atualmente restam somente doze
monarquias na Europa : Reino Unido, Andorra, Bélgica, Dinamarca,
Liechtenstein, Luxemburgo, Mônaco, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia e o
Vaticano, o qual funciona como uma monarquia eletiva. A mais importante
dessas monarquias, o Reino Unido, prepara os festejos dos 60 anos do
reinado de Elizabeth 2ª.
Embora o herdeiro do trono, o
príncipe Charles, 64, tenha atualmente a função efetiva de regente da
Coroa, exercendo poderes representativos ao lado de sua mãe, ninguém
sabe ainda qual será a data de sua entronização. De fato, com 87 anos, a
rainha não tem a intenção de abdicar do trono, como o fizeram
recentemente a rainha Beatrix, da Holanda, ou o papa Benedito 16º.
Coroada em 1953 na abadia de Westminster, a rainha jurou ocupar o trono
até a sua morte.
De todo modo, como a maioria dos
outros monarcas europeus, a rainha da Inglaterra só exerce funções
simbólicas. Suas atividades sociais ajudam a manter a identidade comum
do Reino Unido e, sobretudo, do Commonwealth, a organização
intergovernamental formada por 54 países espalhados pelas quatro partes
do mundo. À exceção do Moçambique e de Ruanda, todos esses países foram
colônias ou protetorados britânicos.
Ao inverso, o rei da Bélgica, tem poderes bem extensos. Exercendo o
poder executivo federal, o rei nomeia e demite os ministros que em
seguida devem obter um voto de confiança do Parlamento. O rei da Bélgica
também dá sua aprovação e promulga as leis votadas pelo Parlamento
federal. Tudo isso, porque o rei Albert 2º tem a pesada responsabilidade
de manter unido um país que está cada vez mais perto de uma divisão
definitiva entre seus dois povos componentes, os flamengos e os valões.
Na Espanha, o rei Juan Carlos 1º
também exerce um papel importante na unidade de seu país, depois de ter
ajudado a consolidar a democracia. De fato, respaldado pela União
Europeia, Juan Carlos contribuiu para isolar a tentativa de golpe em
Madri em fevereiro de 1981. No entanto, a situação espanhola evoluiu
bastante. Mergulhados numa severa crise econômica e social, muitos
espanhóis se afastam de um trono minado por gastos inúteis e escândalos
financeiros.
Na semana passada, ao chegar na
ópera de Barcelona para assistir um espetáculo, o príncipe Felipe,
herdeiro do trono de Madri, e sua mulher, a princesa Letícia, foram
copiosamente vaiados. Tanto na entrada como no interior da ópera. Fato
inédito no contexto das atuais monarquias europeias, as vaias para o
príncipe herdeiro são de mau agouro para a monarquia espanhola, abolida
pelos espanhóis em 1929 e restabelecida pelo ditador Francisco Franco em
1975. Descendente direto do grande rei da França, Luís 14, o príncipe
Felipe será talvez o ultimo rei de um país que conserva um arraigado
sentimento republicano.
Tais eventos parece confirmar o preságio formulado há 61 anos pelo
rei Faruk, do Egito, depois de ser deposto por um golpe militar no
Cairo, em 1952: "Daqui alguns anos, só haverá cinco reis, o rei de
espadas, o rei de ouros, o rei de paus, o rei de copas e a rainha da
Inglaterra".
31.mai.2013
- Rainha Elizabeth 2ª, da Inglaterra, visita quartel militar no
distrito de Woolwich, no sudeste de Londres, onde trabalhava o soldado
Lee Rigby, que foi atacado e morto a facadas. A visita estava programada
desde antes do assassinato, mas a rainha prestou homenagens ao soldado
em particular, reunindo-se com alguns de seus superiores e colegas Carl Court/AFP
Blog do Luis Nassif
Nenhum comentário:
Postar um comentário