Por que a CNV não pediu e não pede o apoio de suas congêneres nos
países vizinhos, Chile, Uruguai, Argentina? Por que os governos e a
justiça do Brasil e desses países não têm convênios e ações comuns para
descobrir os crimes de suas ditaduras? Por que não levantar num trabalho
conjunto tortura, assassinatos, desaparecimento dos corpos dos
combatentes assassinados por esses regimes militares com participação
direta e pessoal dos ditadores de plantão à época?
Por que não firmou esses convênios, uma vez que todas as provas dessa
barbárie, da ação da Operação Condor (aliança entre os diversos órgãos
da repressão montados pelas ditaduras da América Latina para eliminar
adversários) já estão reunidas e são evidentes? Agora, mais documentos,
mais provas, mais evidências, vêm à tona.
Ação da Condor no Rio, e, Buenos Aires…
O desaparecimento de dois estrangeiros e de um brasileiro no Rio
durante a ditadura militar no Brasil pode estar ligado ao sumiço de dois
brasileiros na Argentina ocorrido poucos meses depois. Documentos
mostrando a vinculação entre todos esses crimes foram descobertos e
expostos pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) e pela historiadora
Janaína de Almeida Tele, no fim de semana (sábado), em uma audiência
pública conjunta com a Comissão Estadual da Verdade de São Paulo.
De acordo com os documentos da CNV, no dia 21 de novembro de 1973, o
francês Jean Henri Raya (residente na Argentina), o brasileiro Caiupy
Alves de Castro e o argentino Antonio Luciano Pregoni desapareceram no
Rio.
As apurações da Comissão, conduzidas pelo Grupo de Trabalho Operação
Condor – coordenado pela dvogada Rosa Cardoso -, apontaram que os três
desaparecimentos ocorridos, acredita-se que no mesmo dia, no Rio, podem
estar ligados ao sumiço de Joaquim Pires Cerveira e João Batista Rita,
sequestrados em Buenos Aires em dezembro do mesmo ano e vistos pela
última vez em janeiro de 1974 no DOI-CODI carioca da Rua Barão de
Mesquita (Tijuca).
Francês chegou ao Brasil, hospedou-se em hotel e desapareceu
Caiupy era militante comunista e foi preso por um órgão de segurança
no Rio na noite do dia 21 de novembro de 1973. O argentino Antonio
Luciano Pregoni integrava o grupo Tupamaros, de resistência urbana à
ditadura civil/militar uruguaia. Ele teria chegado ao Brasil no mesmo
ônibus em que veio Jean Henri.
Jean Henri, francês, passou a maior parte de sua vida na Argentina.
Ele saiu de Buenos Aires com destino ao Brasil, de ônibus, no dia 14 de
novembro de 1973, ficou hospedado em um hotel em Copacabana por algum
tempo e até hoje seu paradeiro é desconhecido. Em abril de 1974, sua
mulher, Mabel Bernis, recebeu uma informação de que Henri fora
sequestrado pelos órgãos de segurança no Rio, por causa de seus contatos
com exilados brasileiros em Buenos Aires.
O documento principal sobre estes todos estes desaparecidos data de
14 de março de 1974 e foi encontrado pela CNV no Arquivo Nacional. Nele,
o agente do Centro de Informações do Exército (CIEX) Alberto Conrado
Avegno (que usava o codinome Altair) relata novidades recebidas de um
outro informante sobre os desaparecidos.
Blog do Zé Dirceu
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