Por ora, trata-se de Eduardo Campos. E se Marina Silva entrar no páreo?
Eric Piermont / AFP
Despida dos rituais da Presidência, Dilma discursou na festa petista
com os recursos de um velho truque de palanque. Mandou chumbo na
oposição. Mas entre os oposicionistas havia um alvo preciso, Eduardo
Campos, ao qual se dirigiu sem dar o nome. Ela falou genericamente aos
“pessimistas” descrentes do Brasil.
“Eles têm a cara de pau de dizer que o ciclo do PT acabou, que o
nosso modelo se esgotou”, atacou a candidata. Quem primeiro desfraldou a
bandeira foi Eduardo Campos. Ex-aliado e ex-ministro de Ciência e
Tecnologia do governo Lula, inscreveu-se com esse prelúdio na lista de
presidenciáveis. Na sequência apoiou-se em discursos a respeito de uma
“nova política” e outras melodiosas aos ouvidos conservadores.
Fazer de Campos um adversário preferencial não nasce de revanchismo
de petistas gerado pela troca de camisa nem é temor do enfrentamento com
o tucano Aécio Neves. A razão é outra. Os petistas usam conhecida
tática comum em certos momentos do jogo eleitoral. Ela permite ao
candidato mais forte escolher o adversário de sua conveniência.
Tudo indica que essa possível opção por Campos tem uma lógica guiada
principalmente pelos números das pesquisas. A mais recente, de meados de
janeiro, circulou restritamente por não ter sido registrada no Tribunal
Superior Eleitoral. Nela há somente uma variação. A pequena queda do
tucano de 15% para 13%. O porcentual de Dilma gira em torno dos 43%,
onde está empacada. Campos patina em torno de 8%.
O confronto com o socialismo maroto do PSB mantém o nome de Eduardo Campos no noticiário. Dá mais visibilidade e força uma disputa secundária entre ele e Aécio Neves. Caso Marina Silva assuma a posição de vice na chapa do PSB, como é esperado no partido dele, talvez agregue ao porcentual de Campos votos suficientes para superar o candidato tucano.
A situação de “lanterninha”, a despeito de outros candidatos de menor
porte eleitoral, pode não ser uma situação definitiva para o tucano. O
PSDB tem potencial de votos. Minas Gerais e São Paulo podem ajudar Aécio
a retomar a posição de agora. Entre os eleitores mineiros, ele projeta,
com convicção, uma maioria absoluta. E Marina, as pesquisas já
mostraram, tem intenções de voto bem razoáveis entre os paulistas. A
serem confirmados nas urnas, porém.
Esse tripé do Sudeste, formado pelos três maiores colégios eleitorais
do País, decidirá a peleja entre os dois principais adversários de
Dilma. Nessa etapa também estará sendo definido o curso da eleição.
Haverá segundo turno? Os números de agora indicam que não. Se a maré
mudar, Eduardo ou Aécio teriam mais condições de apagar a estrela do PT
em 2014?
Carta Capital
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