Dois jornalistas da BBC socorrem o cinegrafista Santiago Andrade, da Band, depois que um rojão atingiu sua cabeça.
Você a vê e conclui, melancolicamente, que Santiago poderia estar vivo, hoje. Bastaria que a Band lhe desse a mesma coisa coisa que a BBC dá para seus jornalistas em áreas conflagradas: capacete.
Ninguém falou nisso, que eu tenha visto — exceto Sininho, a ativista que vem sendo caçada pela direita e pela esquerda ligada ao PT.
Não usar capacete, em protestos como os de hoje, equivale a andar de carro sem cinto de segurança. Pode não acontecer nada. Mas pode também terminar em lágrimas que poderiam ser evitadas.
A coisa mais sensata que a família de Santiago faz, agora, é processar a Band por não fornecido a seu pai material de proteção adequado.
E os jornalistas envolvidos na cobertura de protestos deveriam, com base na tragédia de Santiago, exigir de suas empresas roupas adequadas.
Se as companhias jornalísticas brasileiras fizessem o beabá — acompanhar as melhores práticas do jornalismo que se faz no exterior — Santiago estaria vivo.
(O jornalista Mauro Donato, que cobre as manifestações para o DCM, usa capacete.)
Um dos repórteres da BBC que aparecem na foto socorrendo-o conta que em sua empresa os jornalistas são treinados para situações de emergência em ambientes perigosos, e recebem material que os protege, como o capacete.
No treinamento, eles aprendem coisas como primeiros socorros. Graças ao treinamento, um dos correspondentes da BBC tirou a camisa para estancar o sangue que jorrava da cabeça de Santiago.
Todo o empenho, infelizmente, não foi bastante para salvá-lo.
Mas outros Santiagos poderão ficar intactos, ou quase — desde que as empresas de mídia nacional sigam as lições da BBC e de outras grandes corporações jornalísticas internacionais.
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