30/06/13
Envelhecer é chato, mas
consolemo-nos: a alternativa é pior.
Ninguém que eu conheça morreu e voltou para contar como é estar morto, mas o
consenso geral é que existir é muito melhor do que não existir.
Há dúvidas, claro. Muitos acreditam que com a morte se vai desta vida
para outra melhor, inclusive mais barata, além de eterna.
Só descobriremos quando chegarmos lá. Enquanto isto vamos envelhecendo
com a dignidade possível, sem nenhuma vontade de experimentar a
alternativa.
Mas há casos em que a alternativa para as coisas como estão é
conhecida. Já passamos pela alternativa e sabemos muito bem como ela
é. Por exemplo: a alternativa de um país sem políticos, ou com
políticos cerceados por um poder mais alto e armado.
Tivemos vinte anos desta alternativa e quem tem saudade dela precisa ser
constantemente lembrado de como foi. Não havia corrupção? Havia, sim,
não havia era investigação para valer.
Havia prepotência, havia censura à imprensa, havia a Presidência passando
de general para general sem consulta popular, repressão criminosa à divergência, uma
política econômica subserviente e um "milagre" econômico enganador.
Quem viveu naquele tempo lembra que as ordens do dia nos quartéis eram
lidas e divulgadas como éditos papais para orientar os fiéis sobre o
"pensamento militar", que decidia nossas vidas.
Ao contrário da morte, de uma ditadura se volta, preferencialmente com
uma lição aprendida. E, se para garantir que a alternativa não se
repita, é preciso cuidar para não desmoralizar demais a política e os
políticos, que seja.
Melhor uma democracia imperfeita do que uma ordem
falsa, mas incontestável.
Da próxima vez que desesperar dos nossos
políticos, portanto, e que alguma notícia de Brasília lhe enojar, ou
você concluir que o país estaria melhor sem esses dirigentes e
representantes que só representam seus interesses, e seus bolsos,
respire fundo e pense na alternativa.
Sequer pensar que a alternativa seria preferível — como tem gente
pensando — equivale a um suicídio cívico. Para mudar isso aí, prefira
a vida — e o voto.
Ninguém que eu conheça morreu e voltou para contar como é estar morto, mas o
consenso geral é que existir é muito melhor do que não existir.
Há dúvidas, claro. Muitos acreditam que com a morte se vai desta vida
para outra melhor, inclusive mais barata, além de eterna.
Só descobriremos quando chegarmos lá. Enquanto isto vamos envelhecendo
com a dignidade possível, sem nenhuma vontade de experimentar a
alternativa.
Mas há casos em que a alternativa para as coisas como estão é
conhecida. Já passamos pela alternativa e sabemos muito bem como ela
é. Por exemplo: a alternativa de um país sem políticos, ou com
políticos cerceados por um poder mais alto e armado.
Tivemos vinte anos desta alternativa e quem tem saudade dela precisa ser
constantemente lembrado de como foi. Não havia corrupção? Havia, sim,
não havia era investigação para valer.
Havia prepotência, havia censura à imprensa, havia a Presidência passando
de general para general sem consulta popular, repressão criminosa à divergência, uma
política econômica subserviente e um "milagre" econômico enganador.
Quem viveu naquele tempo lembra que as ordens do dia nos quartéis eram
lidas e divulgadas como éditos papais para orientar os fiéis sobre o
"pensamento militar", que decidia nossas vidas.
Ao contrário da morte, de uma ditadura se volta, preferencialmente com
uma lição aprendida. E, se para garantir que a alternativa não se
repita, é preciso cuidar para não desmoralizar demais a política e os
políticos, que seja.
Melhor uma democracia imperfeita do que uma ordem
falsa, mas incontestável.
Da próxima vez que desesperar dos nossos
políticos, portanto, e que alguma notícia de Brasília lhe enojar, ou
você concluir que o país estaria melhor sem esses dirigentes e
representantes que só representam seus interesses, e seus bolsos,
respire fundo e pense na alternativa.
Sequer pensar que a alternativa seria preferível — como tem gente
pensando — equivale a um suicídio cívico. Para mudar isso aí, prefira
a vida — e o voto.
O Globo
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