O relator da reforma política na Câmara,
Henrique Fontana (PT-RS), tem razão ao dizer que o Congresso Nacional
tem que se empenhar para que o plebiscito sobre a reforma política seja
feito o mais rápido possível. Ele defende que os temas aprovados na
consulta valham já para 2014
Mas é preciso lembrar que o principal desafio é o debate político com a sociedade. Primeiro, na fase de aprovação do plebiscito no Congresso, já que a oposição não o quer. A oposição teme as urnas como teme as ruas, seus governadores e prefeitos despencaram na aprovação popular.
Apesar de constitucional, o plebiscito, se realizado, levará à reforma política que o PSDB obstruiu todos estes anos.
Mas
o maior desafio é convencer a sociedade, o povo brasileiro, da
necessidade da mudança do atual sistema de voto uninominal com
financiamento privado. A maior parte dos eleitores condena o
financiamento via empresas, mas não está convencida do financiamento
público. Quer a proibição do dinheiro das empresas, mas no máximo aceita
o financiamento via cidadão, pessoa física, com limite reduzido. Uma
minoria aceita um misto de financiamento das pessoas físicas mais o
público. Por isso temos que debater e convencer.
Com
relação ao voto, também a maioria prefere o sistema atual, no qual a
confiança nos partidos é ainda menor que nos deputados e senadores. O
nosso eleitor acredita em sua maioria no atual sistema do voto nominal,
no qual ele escolhe e decide quem é o seu representante.
Mas a ampla maioria do nosso povo quer a reforma. Quase 90% nas pesquisas. Mais do que isso: como já mostraram as pesquisas sobre o plebiscito e mesmo a Constituinte, a maioria e favorável à eleição de novos representantes para fazer a reforma política; desconfia com razão que os atuais deputados não a farão.
O eleitor cidadão
considera as campanhas caras e sabe que as empresas fazem doações e
depois cobram dos eleitos, inclusive negócios. Mas esse mesmo eleitor
não tem uma proposta na cabeça de como mudar. Tem objetivos: combater a
corrupção e os privilégios, o controle social, escolher melhor os
representantes, melhor governo, melhores salários e mais crescimento,
melhores serviços públicos de saúde, educação e segurança.
Financiamento de campanhas
Sobre
o financiamento das campanhas, as pesquisas detectam que a maioria não
quer o financiamento empresarial, mas prefere o das pessoas físicas. Nem
mesmo uma combinação do financiamento público com o das pessoas físicas
tem apoio majoritário, apenas 15% em média. O público exclusivo tem em
média apenas 25%. Temos aí um grande desafio pela frente. Uma coisa é
certa: o atual modelo está condenado pelo eleitor-cidadão.
O
mesmo ocorre com a coligação proporcional, cujo fim o PT sempre
defendeu, mas uma parcela importante do eleitorado a entende como
importante para as alianças entre os partidos.
Quase
metade dos brasileiros quer manter o atual sistema, com voto
proporcional e nominal, quando perguntado sobre o voto distrital. A
lista fechada tem apoio de apenas 15%. Já o distrital ou misto tem apoio
de um terço do país. Mas 20% não sabem como responder.
Esse
apoio ao voto proporcional e nominal nas pesquisas nos últimos anos não
tem mudado, mas há um crescimento tanto do voto distrital como do em
lista fechada. Crescimento pequeno e lento, o que revela a necessidade
de debate público, sempre vedado pela grande mídia nos últimos anos,
sempre contra o voto em lista, distrital misto e o financiamento
público.
Blog do Zé Dirceu
Nenhum comentário:
Postar um comentário