Antes mesmo da derrota de ontem no Congresso, onde
uma base rebelada aprovou um requerimento para investigação de negócios
da Petrobras no exterior, a estatal, comandada por Graça Foster, já
vinha desfazendo malfeitos de gestões anteriores e revendo contratos
superfaturados; exemplo mais gritante foi um contrato de US$ 820 milhões
com a empreiteira Odebrecht, de Marcelo Odebrecht, reduzido pela
metade; no caso da holandesa SBM, que pode ter pago propinas a
funcionários da estatal para arrendar plataformas, uma investigação
interna já vinha sendo conduzida por determinação de Graça; ou seja:
gestão atual pode sair fortalecida e tiro dos rebelados sairia pela
culatra
247 – À
primeira vista, o governo federal sofreu ontem uma de suas mais duras
derrotas no Congresso, quando uma base rebelada, liderada pelo deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aprovou um requerimento para que atividades da
Petrobras no exterior sejam investigadas. A essa altura, portanto, tanto
o Palácio do Planalto, em Brasília, quanto o comando da Petrobras, na
Avenida Chile, no Rio de Janeiro, deveriam estar apavorados.
Será mesmo? A resposta,
definitivamente, é não. Derrotada pelo PMDB, Dilma ao menos não cedeu a
um grupo de parlamentares, que, aos olhos da opinião pública, tem a
imagem de chantagista. E uma investigação sobre negócios internacionais
da Petrobras pode, na prática, reforçar a imagem de austeridade da dupla
Dilma Rousseff-Graça Foster.
É consenso, entre entendidos no
mundo do petróleo, que Graça, indicada pela presidente Dilma para o
comando da estatal e apontada por revistas de negócios como uma das
mulheres mais poderosas do mundo, tem se esforçado para proteger a
Petrobras de negócios polêmicos feitos em gestões anteriores.
Foi assim, por exemplo, que ela
decidiu rever um dos contratos mais onerosos da estatal, fechado com a
empreiteira Odebrecht, de Marcelo Odebrecht. Esse contrato garantia US$
820 milhões à empreiteira por serviços de manutenção em ativos da
estatal no exterior. Depois de um pente-fino da estatal, foram
descobertos vários indícios de superfaturamento e o contrato caiu à
metade.
No caso da empresa holandesa SBM
Offshore, que aluga plataformas à Petrobras e pode ter pago propinas a
alguns funcionários, já há uma investigação interna. Reportagem da Folha
de S. Paulo desta quarta-feira 12 aponta que executivos da estatal
foram enviados à Holanda, por determinação de Graça, para levantar
indícios de malfeitos (leia mais aqui).
Ou seja: Graça Foster, com o aval da
presidente Dilma, não tem varrido a sujeira para debaixo do tapete. E a
investigação proposta pela oposição pode se revelar um tiro pela
culatra.
Brasil 247
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